Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

reportagem cultural

- Publicada em 26 de Agosto de 2021 às 20:33

Club Cotillon marcou a noite de Porto Alegre por quase três décadas

Misto de boate e espaço cultural se consolidou como um dos principais lugares de convívio do high-society entre 1949 e 1975

Misto de boate e espaço cultural se consolidou como um dos principais lugares de convívio do high-society entre 1949 e 1975


AQUARELAS DE VITÓRIO GHENO/FOTOS NÁDIA RAUPP MEUCCI/REPRODUÇÃO/JC
A hoje infernal avenida Salgado Filho ainda se chamava 10 de Novembro na Porto Alegre dos bondes quando um grupo de empresários do alto comércio inaugurou no número 233 o Cotillon Club, em 6 de abril de 1949. Ocupando o primeiro andar do recém-concluído edifício residencial Paraguay, entre as ruas Vigário José Inácio e Doutor Flores, o imóvel originalmente destinado a um confortável loft foi reconfigurado para abrigar um dos menores e mais requintados pontos de encontro de um high-society tão emergente quanto ávido por visibilidade e divertimento. Ali e depois em outro endereço, a agremiação se firmaria por quase três décadas como um dos emblemas da metrópole em plena transformação.
A hoje infernal avenida Salgado Filho ainda se chamava 10 de Novembro na Porto Alegre dos bondes quando um grupo de empresários do alto comércio inaugurou no número 233 o Cotillon Club, em 6 de abril de 1949. Ocupando o primeiro andar do recém-concluído edifício residencial Paraguay, entre as ruas Vigário José Inácio e Doutor Flores, o imóvel originalmente destinado a um confortável loft foi reconfigurado para abrigar um dos menores e mais requintados pontos de encontro de um high-society tão emergente quanto ávido por visibilidade e divertimento. Ali e depois em outro endereço, a agremiação se firmaria por quase três décadas como um dos emblemas da metrópole em plena transformação.
"Uma sociedade privada de caráter recreativo, inspirada em clubes do gênero para proporcionar reuniões agradáveis em ambiente distinto, deslumbrantemente montado e de caprichoso bom-gosto", sublinhavam no estatuto os seus fundadores, muitos deles de ascendência alemã. Inicialmente restrita aos chás vespertinos e eventos do tipo, a agenda não demorou a abraçar recepções de formatura, catálogos de debutantes, festas de casamento, encontros políticos, coquetéis empresariais, exposições de arte, leilões beneficentes, saraus poéticos, shows musicais, bailes carnavalescos, desfiles de moda e, sobretudo, o mais bem-comportado night club da cidade ainda carente de boates "respeitáveis".
Acredite: todo esse agito tinha como cenário um salão que, na prática, mal chegava a 100 metros quadrados. Por ali, se espremiam até 140 pessoas, mesas com quatro cadeiras, bar americano, pista de dança, jardim de inverno (!) e até um pequeno palco, entremeados por meia dúzia de colunas e com vista para a rua através de três grandes janelas, enquanto um porteiro improvisado fazia o devido ferrolho no térreo. Nos bastidores, copa e cozinha garantiam carta de bebidas de primeiríssima qualidade e cardápio de pretensões internacionais - além do scotch legítimo e esmerados coquetéis, o estabelecimento foi um dos primeiros da Capital a servir o então chiquérrimo strogonoff de filé mignon.
"O clube tinha essa atmosfera intimista e com acento europeu", define o ex-colunista social Luiz Carlos Lisboa, 93 anos. "O movimento se concentrava nas noites de sábado, quando sócios e eventuais acompanhantes se esbaldavam em atrações exclusivíssimas e novidades como A Noite do Cha-cha-cha, sempre com larga repercussão, garantindo assunto nas rodas de conversa por vários dias. A frequência da alta sociedade se notabilizava pela presença de um pessoal mais velho junto à gente moça, inclusive pais e filhos no mesmo recinto, em meio à certa elite intelectual, imprensa, personalidades e formadores de opinião como minha colega Gilda Marinho [1900-1984], não raro com governantes e diplomatas."
A triagem era implacável desde a primeira gestão, sob o comando do negociante de tecidos Arnold Bercht (1893-1960) e sua esposa Leonor "Dona Nenê" Dreher Bercht (1895-1965). Não bastava ao candidato um sobrenome de grife, já que o pente-fino pressupunha ficha-limpa e indicação por alguém com a carteirinha. "Havia uma disputa maluca para ser aceito nos quadros da casa", puxa da memória o empresário aposentado Álvaro Torres, 99 anos, presidente do Cotillon em diferentes mandatos. "A ideia era repelir condutas inoportunas, como as bebedeiras e brigas que ocorriam até mesmo em outros círculos de gabarito como a Associação Leopoldina Juvenil ou o Clube do Comércio."

Cotillon: um pequeno grande lugar

Casais dançam em evento realizado na década de 1960 no Cotillon

Casais dançam em evento realizado na década de 1960 no Cotillon


/ACERVO MARCELLO CAMPOS/DIVULGAÇÃO/JC
Página desbotada na memória boêmia de Porto Alegre, o "clube de bolso" montado por grã-finos no primeiro pavimento do edifício Paraguay também assegurava presença constante no roteiro noturno da turma "caixa-alta" por outro cardápio irresistível: o sonoro. Embora a própria denominação francesa "cotillon" e a logomarca de uma dançarina folclórica aludissem a um gênero dançante de tempos jurássicos, a trilha estava muito mais para boleros, sambas-canções, hits norte-americanos, franceses, italianos e latinos, sob o protagonismo de pianistas como Norberto Baldauf (1928-2018), Peixoto Primo (1933-2001) e o polonês Herbert Gehr (1907-1998), atração fixa nos primeiros anos.
A programação chegou a incluir estrelas nacionais (Linda Batista, Roberto Luna, Juca Chaves, Elis Regina), um quinteto próprio - o "Jazz Cotillon" - e radiobailes de fim de semana, transmitidos na faixa das 23h à meia-noite pela PRF-9 Difusora, sob o patrocínio de empresas como loja Guaspari, Krahe, Esquina Modas, Seagers Gin e Livraria do Globo. Donos dessa última, os irmãos Bertaso costumavam dividir a mesa da diretoria com outros sobrenomes ligados à mídia, tais como Sirotsky (rádio e TV Gaúcha, Zero Hora) e Jarros (Jornal do Comércio). Como nunca antes na história da cidade, os caciques da imprensa eram notícia até mesmo nas colunas sociais da concorrência.
E a música estava entre os motivos da escolha do Cotillon para eventos particulares. "Minha festa de casamento foi ali, em março de 1958!", emociona-se a ex-colunista da Folha da Tarde Sandra Hervé Chaves Barcellos, 84 anos, ao compartilhar as lembranças do enlace com o químico industrial Cláudio Roberto (1932-2019), na época em que ela ostentava a faixa de Miss Rio Grande do Sul. "Começamos o namoro três anos antes, com alguns flertes na Rua da Praia, diante da Casa Masson, e passamos a frequentar o clube para conversar e dançar. Era agradável e quase todo mundo se conhecia, então foi a nossa escolha para uma recepção mais familiar após a cerimônia no civil."
Não bastasse a frequência de beldades em smokings, black-tie e vestidos "com assinatura", desde seus primórdios, o Cotillon também se impôs como um dos pontos preferenciais para o lançamento de tendências na alta costura. Em agosto de 1955, quando o estilista hamburguense Rui Spohr (1929-2019) retornava de estágio profissional de três anos na França, o endereço foi o eleito para propagandear à alta sociedade os chapéus femininos que trouxera de Paris e a primeira leva de peças do seu próprio atelier, instalado no quarto andar do Nice, outro fino espigão da avenida - renomeada Salgado Filho desde 1951, em homenagem ao aviador gaúcho falecido no ano anterior.
"Recém-chegado, procurei me informar sobre o melhor local para exibir minhas habilidades", relembraria em seu livro autobiográfico Memórias alinhavadas (Artes & Ofícios, 1997). "Recomendaram-me que tentasse o Cotillon, famoso por ser uma casa refinada e com número super restrito de sócios. Fui apresentado ao seu presidente, Álvaro Torres, que vibrou com a ideia de um desfile do último grito da moda." Seria preciso mais que uma fita métrica para dimensionar o impacto do evento, a julgar pelas linhas elogiosas de colunistas como Matilde Zatar na Folha da Tarde, Gilda Marinho no Diário de Notícias, Lígia Nunes e Luiz Carlos Lisboa no Correio do Povo.
Diretora do instituto que hoje preserva o acervo de Rui, a viúva Doris Spohr, 83 anos, acrescenta detalhes saborosos sobre o número 233 da avenida: "O edifício Paraguay tinha uma movimentação comercial que não se resumia às atividades do Cotillon. De frente para a calçada, havia no térreo a loja de um português especializado em livros, artigos importados e de arte, enquanto no segundo andar, a cabeleireira Angelita Nunes conduzia um sofisticado instituto de beleza, que passei a frequentar quando já trabalhava como secretária do Rui, antes de engatarmos o namoro. Além dos cortes, penteados e maquiagens, era um salão onde se podia ficar por dentro de muitas novidades".

Jogo de espelhos

Evento de reinauguração em 1956

Evento de reinauguração em 1956


/ACERVO MARCELLO CAMPOS/DIVULGAÇÃO/JC
Habitué das páginas chiques (com direito a citação em anúncios do cigarro Hollywood), o Cotillon ganhou novos aplausos em maio de 1956 após uma pausa estratégica para ajustes no lay-out. "O hiato foi compensado por uma reabertura sensacional, com o clube totalmente redecorado por Vitório Gheno, que conseguiu imprimir uma dignidade grave, simpática e ao mesmo tempo agradável, em tons de pérola, solucionando o problema do espaço com o emprego de espelhos que criam sensação de amplitude", descreveu a Revista do Globo em uma de suas edições.
Deixemos o próprio artista plástico compartilhar suas reminiscências de jovem senhor, aos 98 anos: "Grande amigo que eu era do José Bertaso e de outros membros da diretoria, eu já vinha atuando na decoração de ambientes e então aceitei o convite para repaginar a sede, muito pequena e que estava 'assim, meio-que-meio', perdendo o pique, apesar de seu charme todo especial. Projetei o novo ambiente com uma série de mudanças, incluindo paredes que alternavam o uso de espelhos e painéis com pinturas de minha autoria, inspiradas por cenários de Paris, em um conjunto valorizado por uma iluminação mais moderna. Modéstia à parte, ficou espetacular! Lembro até hoje da noitada de reinauguração, bastante concorrida e com um serviço da melhor qualidade".
Fôlego renovado, o "clubinho do edifício Paraguay" resistiria por mais uma década na mesma localização, reunindo a fina-flor da burguesia em acontecimentos fora-de-série como a Bachelor's Party (para os solteiros) e o jantar-dançante Op Art (com os casais usando apenas roupas em preto e branco). Mas o cenário já era de concorrência com novos hábitos sociais e de divertimento. Ascensão da cultura jovem. Pais e filhos deixando de frequentar os mesmos lugares. Migração da boemia para outros bairros. Consolidação do modelo cosmopolita de boates como Crazy Rabbit, Baiúca e Encouraçado Butikin - quase todas na avenida Independência e arredores.
Adicione-se a essa combinação um elemento logístico: muitos dos sócios eram também vinculados ao Country Club, cuja sede no bairro Boa Vista exigia de seus frequentadores uma espécie de rally por ruas ainda não asfaltadas da Auxiliadora e que ficavam tomadas pelo barro sempre que chovia. Com o avanço do asfaltamento na região, o problema se resolveu e boa parte da clientela mais tradicional do Cotillon passou a tratá-lo como segunda opção, exigindo da diretoria novas estratégias contra o declínio. Isso não se resumiria ao sinal-verde para suéteres, som mecânico, twist, iê-iê-iê e outros afrouxamentos para a sua ala mais "jovem guarda": um novo recanto se fazia necessário.
 

Para o alto e avante

Colher com marca da casa faz parte do acervo do colunista Paulo Gasparotto

Colher com marca da casa faz parte do acervo do colunista Paulo Gasparotto


ACERVO INSTITUTO RUI SPOHR/DIVULGAÇÃO/JC
O onipresente disc-jockey Claudinho Pereira, 74 anos, testemunhou pelo lado de dentro essa fase de transição. Ele vai às gargalhadas ao contar um episódio ocorrido durante uma das tantas festas do tipo 'Catálogo de Brotos': "Eu já trabalhava na noite de Porto Alegre quando o Cotillon me contratou para tocar standards da canção norte-americana no som mecânico, enquanto o pessoal dançava juntinho, de rosto colado. Aí tentei inovar, emendando uma música à outra, como já fazia fora dali, mas uns coroas da diretoria vieram reclamar, porque a orientação da casa era de que se fizesse uma paradinha entre cada faixa para que as moças decidissem se continuariam ou não com o mesmo parceiro na pista".
Conservadorismos à parte, a cúpula estava decidida a proporcionar aos associados "o mais moderno clube do Sul do Brasil" e, em 1965, obteve a adesão de quase 150 sócios a uma campanha de cotas-empréstimo para bancar uma sede maior. Tratativas foram feitas para aproveitar o espaço disponível em um casarão no bairro Três Figueiras - o Lajos Night Club, aberto pelo húngaro Lajos Krivanek na avenida Carlos Gomes com Nilo Peçanha. Mas o martelo acabou batido por uma opção mais próxima, em 1966: os dois últimos andares do Edifício Cacique, um espigão de 25 pavimentos e quatro elevadores, erguido 11 anos antes na Rua da Praia nº 943, junto com o cinema de mesmo nome em seu térreo.
"O Cotillon foi um dos símbolos do que Porto Alegre já teve de melhor e mais sofisticado em termos de vida noturna", reitera o colunista social Paulo Gasparotto, 84 anos, último diretor-executivo da agremiação e que ainda hoje guarda carinhosamente como suvenir uma finíssima colher de prata, gravada com o nome da casa. "Embora a mudança tivesse a ver com certa mania de modernidade do pessoal na época, aquela função toda começava a perder um pouco de seu apelo e talvez fosse mesmo preciso algum fato novo. A própria função que eu assumi, já nos últimos anos, havia sido revalorizada pela direção justamente na tentativa de salvá-lo."
Por algum tempo, funcionou. O Cotillon ali permaneceria por quase 10 anos, com uma agenda proporcional às novas dimensões, ainda que sem o mesmo glamour de sua fase dourada. Por diferentes motivos, alguns dos antigos frequentadores sequer chegaram a conhecer as novas instalações, com múltiplos ambientes, devidamente exploradas em bailes, mostras, desfiles e solenidades. Mas se a falta de espaço já não impunha obstáculos, também é verdade que a manutenção da confraria se tornou dispendiosa e incompatível com novos embalos.
Assolado por dívidas e com uma clientela minguante, em 1975 o clube enfrentou um leilão judicial e fechou para sempre a sua chave, sem alarde. À francesa.
 

Um rei negro na portaria

Lelé, porteiro do clube no Edifício Paraguay, em 1956, retratado na aquarela de Vitório Gheno e em 2011

Lelé, porteiro do clube no Edifício Paraguay, em 1956, retratado na aquarela de Vitório Gheno e em 2011


/ACERVO MARCELLO CAMPOS/AQUARELA VITÓRIO GHENO E FOTO NÁDIA RAUPP MEUCCI/DANIELA AMARAL/DIVULGAÇÃO/JC
Enquanto a elite abonada e de predomínio germânico se divertia no primeiro andar do Edifício Paraguay, a portaria dos eventos do Cotillon - improvisada na entrada do prédio - tinha como imperador absoluto um dos grandes personagens populares de Porto Alegre: Adão Alves de Oliveira (1925-2013), o "Lelé", criado no Areal da Baronesa e primeiro Rei Momo negro da capital gaúcha, entre o fim dos anos 1940 e o início da década seguinte. Ex-jogador (Nacional, Força e Luz), cantor e outras tantas aventuras, foi como contínuo no Banco da Província que pintou o convite do empresariado para faturar um ganho extra como abre-alas sob o número 233 da Salgado Filho.
Lelé também representava o suprassumo da elegância na Porto Alegre daqueles tempos, qualidade incrementada pela altura avantajada, bom humor, fino-trato, conhecimento dos frequentadores e um talento especial para compartilhar histórias como testemunha ou protagonista. "A exemplo do folclórico Bataclan, Seu Lelé foi uma figura muito popular e também um dos sujeitos mais chiques da cidade que se tornava moderna, e o Cotillon foi a sua grande moldura, dando a ele um justo destaque", exalta o marchand Renato Rosa, 75 anos. Opinião corroborada pelo colunista Paulo Gasparotto, diretor-executivo na fase final do clube: "Lelé era uma glória!".
 

Vocação cultural

Antiga sede do Cotillon abrigou instalações provisórias do Margs entre 1973 e 1977

Antiga sede do Cotillon abrigou instalações provisórias do Margs entre 1973 e 1977


ACERVO MARCELLO CAMPOS/DIVULGAÇÃO/JC
Quem hoje passa pela movimentada e barulhenta Salgado Filho talvez não faça a menor ideia da intensa movimentação cultural que teve como cenário o primeiro andar do prédio 233, erguido sob encomenda pelo casal germânico Gerhard Julius Krause e Maria Esilbrunn entre 1946 e 1949.
E não foi só durante os 17 anos em que acolheu a primeira sede do Cotillon: no período de 1967 a 1972, o espaço funcionou como "escritório de inverno" da Associação de Amigos de Capão da Canoa, para depois servir de sede provisória para o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) em 1973-1977, dentre outros propósitos que imprimiriam ao lugar uma espécie de vocação cultural.
Em 2016, o imóvel acabou adquirido pelo artista plástico e empresário gaúcho Gelson Radaelli (1960-2020), dono do célebre restaurante Atelier das Massas - a pouco mais de duas quadras dali, na rua Riachuelo.

Imóvel abriga ateliê e obras do artista plástico gaúcho Gelson Radaelli desde 2016

Imóvel abriga ateliê e obras do artista plástico gaúcho Gelson Radaelli desde 2016


MARCELLO CAMPOS/DIVULGAÇÃO/JC
O salão frontal passou a acomodar seu ateliê de pintura e ainda resguarda telas legadas pelo autor, enquanto as demais dependências comportam bebidas e outros itens da cantina, em um prédio residencial de oito andares e 15 apartamentos, mais uma lanchonete no anexo térreo. A construção, aliás, está inserida em região em "área especial de interesse" pela Equipe de Patrimônio Histórico (Ephac) da Secretaria Municipal da Cultura.
Já o segundo destino do clube - os dois pavimentos finais do Edifício Cacique, na Rua da Praia quase esquina com a Caldas Júnior - teve apagados pelo tempo os vestígios de seu passado glamouroso entre 1966 e 1975. Com vista em "cinemascope" para as ilhas do Guaíba, o vigésimo-quarto andar atualmente se divide entre uma banca de advocacia e quatro apartamentos de aluguel, enquanto no piso logo acima está o diretório estadual do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).
No topo, a cobertura acolhe o escritório responsável pela administração de todo o condomínio, com cerca de 200 imóveis residenciais ou comerciais, incluindo um supermercado na vaga do cinema que deu nome ao prédio.

* Marcello Campos é formado em Jornalismo, Publicidade & Propaganda (ambas pela Pucrs) e Artes Plásticas (Ufrgs). Tem cinco livros já publicados, incluindo a biografia de Lupicínio Rodrigues e do Conjunto Melódico Norberto Baldauf. Há mais de uma década, dedica-se ao resgate de fatos, lugares e personagens porto-alegrenses.