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reportagem cultural

- Publicada em 21 de Janeiro de 2021 às 22:41

A fotografia de Eneida Serrano e o registro da arte no Rio Grande do Sul

Fotojornalista com peças do escritor Dyonélio Machado, um dos retratados em sua trajetória

Fotojornalista com peças do escritor Dyonélio Machado, um dos retratados em sua trajetória


TÂNIA MEINERZ/DIVULGAÇÃO/JC
Uma das grandes profissionais da reportagem fotográfica no Rio Grande do Sul reflete: "Achava que a fotografia era um meio de conhecer o mundo e acabou se revelando uma fonte de autoconhecimento". A frase de Eneida Serrano é base para sua contínua vontade de aprender, informar e criar através da imagem.
Uma das grandes profissionais da reportagem fotográfica no Rio Grande do Sul reflete: "Achava que a fotografia era um meio de conhecer o mundo e acabou se revelando uma fonte de autoconhecimento". A frase de Eneida Serrano é base para sua contínua vontade de aprender, informar e criar através da imagem.
A trajetória, iniciada com o exercício do fotojornalismo, se moveu no campo artístico e teve o mérito de recuperar e divulgar a obra dos fotógrafos Lunara, do início do século XX, e Sioma Breitman, anos 1950.
Já no final da faculdade, Eneida tinha o hábito de pesquisar nos arquivos das empresas jornalísticas em Porto Alegre, na Biblioteca Pública do Estado e no Museu de Comunicação, a respeito de características da fotografia existente no passado. Estava interessada em ver os primeiros registros no Rio Grande do Sul.
Encontrava fotos especiais associadas a nome jamais sabido. Na verdade, um pseudônimo: Lunara. A identificação agregava as sílabas inicias de Luiz Nascimento Ramos, detalhe descoberto mais tarde. Era um acordo entre fotógrafos amadores, de se apresentarem com uma espécie de alcunha adotada, quando expunham.
Na virada do século XIX para XX, os fotoclubes eram comuns para troca de ideias de quem vivenciava aqueles primórdios. O comerciante Lunara teve a foto O lago, de sua autoria, reconhecida em Paris, no ano de 1922, ao receber prêmio de publicação francesa Revue de Photographie, fato noticiado pela revista Ilustração Brasileira, do Rio de Janeiro.

O lago, de Lunara, recebeu prêmio de publicação francesa Revue de Photographie em 1922

O lago, de Lunara, recebeu prêmio de publicação francesa Revue de Photographie em 1922


ACERVO ENEIDA SERRANO/DIVULGAÇÃO/JC
Quase um século depois, o negativo desta imagem estampou a capa de livro Lunara Amador 1900, assinado por Eneida Serrano, que conseguiu financiamento público municipal para fazer conhecer a totalidade da obra.
Graças à obstinação de pesquisadora, em 1976 localizou os descendentes. "Liguei para todos os Ramos da lista telefônica." O filho Áureo, então com 70 anos, mostrou tudo que mantinha do pai. Eram caixas com negativos em vidro e 60 fotos. Nesse conjunto, paisagens de arrabaldes ribeirinhos quase irreconhecíveis e retratos de ex-escravos.
Com proposição eclética, o acervo da fotógrafa guarda registros documentais, mas também compila imagens abstratas. Lá constam fotografados famosos, junto a retratos de pessoas anônimas. Por vezes, planejadas; em outras, o acaso surpreendeu. Simultaneamente, são como quadros que se abrem para o externo, mas também podem ser espelhos que refletem o interno.
Para Angélica de Moraes, crítica de artes visuais, a expressão de Eneida está na sutileza percebida desde sempre: "A gente nunca termina de conhecer uma foto feita por ela. Há nelas sempre um frescor que nos convida a olhar de novo, procurar as raízes do que brotou ali. Pode-se revisitar muitas delas de memória e ao longo de décadas e sempre observar com renovado prazer a fina trama de percepção, luz e gesto com que cada uma é tecida!"
A pedido da reportagem, a fotógrafa Eneida Serrano escolheu algumas imagens de ícones das artes e da cultura no Rio Grande do Sul que ela retratou ao longo dos anos. São registros valiosos, que ela compartilha e desvela as circunstâncias em que foram feitos, nas próximas páginas.

Ilustres gaúchos retratados por Eneida Serrano

Autor gaúcho Dyonélio Machado escreveu o famoso romance Os ratos

Autor gaúcho Dyonélio Machado escreveu o famoso romance Os ratos


/ENEIDA SERRANO/DIVULGAÇÃO/JC

Dyonélio Machado

A pose do literato gaúcho, octogenário em 1976, foi captada por Eneida em estúdio, sob encomenda. O retrato foi republicado em 2017, com direito a comentários elogiosos na orelha do livro, editado pela Sigla Viva, para comemorar 90 anos de Um pobre homem. Por causa desta e outras, a fotógrafa conta com a confiança da neta do escritor, que emprestou para registros imagéticos peças de xadrez esculpidas pelo avô em cabos de vassoura, enquanto ele esteve preso, por causa das opções políticas contrárias à Era Vargas. As preciosidades são guardadas em saco feito com o tecido do uniforme dos detentos em 1935, usado pelo autor do famoso romance Os ratos.

Iberê Camargo

Retrato de Iberê Camargo por Eneida Serrano

Retrato de Iberê Camargo por Eneida Serrano


ENEIDA SERRANO/DIVULGAÇÃO/JC
No atelier, Eneida acompanhou a pintura de um quadro de Iberê, para uma revista de circulação nacional. “Lembro de um dia, que pela manhã estava de um jeito e, quando voltei à tarde, já era outro, coberto de camadas de tinta.”

Mario Quintana

Poeta gaúcho foi registrado por Eneida Serrano no Correio do Povo, em 1976

Poeta gaúcho foi registrado por Eneida Serrano no Correio do Povo, em 1976


ENEIDA SERRANO/DIVULGAÇÃO/JC
Por muito tempo, o poeta declarou este retrato como oficial, revela a autora. A foto foi feita para o livro 14 Bis, coletânea de humor que reuniu 14 cartunistas gaúchos e teve Mario Quintana como convidado especial.

Xico Stockinger

Escultor posou em meio ao seu jardim de obras

Escultor posou em meio ao seu jardim de obras


ENEIDA SERRANO/DIVULGAÇÃO/JC
Em 1987, rodeado de suas esculturas da série Gabirus, o artista faz concha com as mãos para ouvir melhor.

Hique Gomez e Nico Nicolaieswsky

Hique Gomez como o violinista Kraunus Sang e Nico Nicolaiewsky como Maestro Plestkaya

Hique Gomez como o violinista Kraunus Sang e Nico Nicolaiewsky como Maestro Plestkaya


ENEIDA SERRANO/DIVULGAÇÃO/JC
A fotógrafa registrou os primeiros momentos dos personagens da dupla de Tangos & Tragédias, quando estavam sendo inventados, há mais de três décadas. "Eneida ajudou a plasmar o imaginário sborniano", garante Hique Gomez.

Luis Fernando Verissimo

Escritor LFV e família fotografados na casa do bairro Petrópolis que era de Erico Verissimo

Escritor LFV e família fotografados na casa do bairro Petrópolis que era de Erico Verissimo


ENEIDA SERRANO/DIVULGAÇÃO/JC
Vizinho, no bairro Petrópolis, o ilustre LFV tem registros domésticos feitos pela fotógrafa por anos. Um dos mais antigos foi pedido para a Revista Caras, que publicou foto e texto, sem evitar paródia à fictícia Família Brasil e suas aventuras desenhadas e escritas pelo cronista. No aniversário de 80 anos, este pai contou com a presença de todos que fizeram o grupo Verissimo crescer, junto com a irmã Clarissa. Repetiram a cena do passado, no mesmo local em frente à casa, que também foi lar de Erico.
 
 

Edgar Vasques

Retrato do artista gráfico e ilustrador por Eneida Serrano

Retrato do artista gráfico e ilustrador por Eneida Serrano


ENEIDA SERRANO/DIVULGAÇÃO/JC
Cartunista que concebeu o faminto personagem Rango, ícone de quadrinhos, é amigo desde quando era estudante de Arquitetura. Parceiro de viagens à Serra, Edgar foi flagrado em Canela, em 1974.
 

Pioneira no fotojornalismo brasileiro

No limiar da década de 1970, novatas Eneida Serrano e Jacqueline Joner tiveram de conquistar seu espaço

No limiar da década de 1970, novatas Eneida Serrano e Jacqueline Joner tiveram de conquistar seu espaço


ENEIDA SERRANO/DIVULGAÇÃO/JC
Um começo marcado pela diferença. Elas vinham da universidade, do curso de jornalismo. Eles lidavam com a experiência de fazer imagens para todo tipo de notícia e acontecimentos diários. No limiar da década de 1970, era quase exclusiva a presença masculina na atividade profissional da fotografia em veículos de imprensa.
As novatas Eneida Serrano e Jacqueline Joner tiveram de conquistar seu espaço, com a "necessidade constante de provar capacidade para aquele trabalho", lembra Jussara Porto, antecessora no jornal Zero Hora. Lá, em 1974, elas se conheceram e começaram a parceria de décadas. Atuaram juntas em outras oportunidades, como a Coojornal Cooperativa de Jornalistas de Porto Alegre, que produzia conteúdo para publicações diversas, com pautas próprias ou a pedido de clientes. Jaqueline foi responsável pela editoria de fotografia durante 18 meses.
Divergências surgidas nos rumos da Coojornal provocaram a dissidência de ambas fotógrafas. Fundaram, com os colegas Genaro Joner e Luiz Abreu, outro tipo de coletivo, a Agência Ponto de Vista. Essa união seguiu a linha, à época, das surgidas agências independentes de fotografia. Em Porto Alegre, já existia a Focontexto, fundada por Assis Hoffmann. No Brasil, semelhança com a paulista F4 ou com a Agil Fotojornalismo no Rio de Janeiro.
Aqui no Sul, em 1979, o principal fruto desta iniciativa é o livro Santa Soja, um conjunto de fotos feitas nas reportagens para a Revista Agricultura & Cooperativismo, solicitada pela Fecotrigo à Coojornal. Os quatro inspirados fotógrafos abordaram assuntos ligados à vida cotidiana do pequeno agricultor no interior gaúcho, em plena conjuntura de mecanização no meio rural e desagregação social.
O compêndio de retratos e cenas captadas em preto & branco, acompanhados de texto de André Pereira, contou com o patrocínio da Assembleia Legislativa. E foi tema de análise do professor Eduardo Seidl em sua dissertação de mestrado, Santa Soja: uma narrativa documental em fotolivro (Unisinos, 2016, 192 págs.). "Esta é uma importante peça da história da fotografia gaúcha e apresenta os registros das origens da luta pelo direito à terra", argumenta o pesquisador. A Editora Movimento, por sua vez, no mesmo ano, reuniu depoimentos e fotos com outras abordagens de cada integrante do quarteto da Ponto de Vista.
Nas anos seguintes, entre as décadas de 1980 e 1990, Eneida se dedicou a atender as pautas vindas das Revista Veja e Istoé, que deram mais riqueza ao seu currículo.
Antes de as moças seguirem por caminhos diversos, houve peripécias ousadas da dupla jovem. Numa remota tarde, foram à busca do endereço pretérito de estúdio fotográfico, na esquina das ruas Ramiro Barcelos e Vasco da Gama em Porto Alegre. Pertencia a Otto Schönwal, imigrante alemão com registro de "retratista" em 1888. Conheceram a filha Margareth, com nome traduzido para Margarida. No casarão, a senhora anfitriã mostrou fotos processadas com a remota técnica do bromóleo, um tipo de revestimento oleoso no papel para dar semelhança a uma pintura.

Mix de imagem de Carina Levitan menina e da fotografia do poeta Mario Quintana

Mix de imagem de Carina Levitan menina e da fotografia do poeta Mario Quintana


ENEIDA SERRANO/DIVULGAÇÃO/JC
Quando se fotografava com rolos dos chamados filmes fotográficos, poderia acontecer, por intenção ou por casualidade, de fotogramas ficarem sobre-expostos, ou seja, captava-se uma cena ou "pose", novamente, em cima da anterior já gravada. Assim, se consolidou um retrato clássico, guardado com apreço.
Trata-se de duas fotos misturadas, uma é da menina Carina, diante de uma gaiola com passarinho; a segunda aparece o poeta Mario Quintana, na rua, com pessoas caminhando. Aquele "erro" foi bem acolhido e até validado. Impresso está e apresenta a dedicatória do escritor querido, que associou a surpresa a um famoso poema.

A foto como ponto de partida da memória

Filha Carina Levitan com o neto de Eneida, Chico

Filha Carina Levitan com o neto de Eneida, Chico


ENEIDA SERRANO/DIVULGAÇÃO/JC
Influenciada pela produção imagética e escrita do fotógrafo Luis Humberto, Eneida Serrano repete-o ao explorar o ambiente familiar. Os dois filhos e três netos são constantes na captura de imagens. Ela também se preocupa, ao fixar fotos na parede, com a exata altura dos olhos do netinho de quatro anos. Todos acompanhados pelo olhar atento de quem não perde o momento e o bom humor, a exemplo da cena de Carina com o primogênito no colo, amamentando e bocejando.
A filha recorda que, desde pequena, é modelo nas fotos da mãe. Em viagens de carro, paravam na estrada, por causa de uma foto. Também lembra do cheiro dos químicos do laboratório e da curiosidade pelo processo de revelação. "Agora percebo que meus filhos, além de terem um álbum maravilhoso, também aprendem. Francisco pede para tirar foto da paisagem e observa cor do céu ou a luz que entra, em momentos que dariam uma linda foto".

Autorretrato com uma foto da sua infância, na praia, e interação digital com clique de sua sombra

Autorretrato com uma foto da sua infância, na praia, e interação digital com clique de sua sombra


ENEIDA SERRANO/DIVULGAÇÃO/JC
A inovação tecnológica permite obter resultados inventivos, ao mixar imagens. Através do recurso digital, Eneida fez um digno autorretrato. Retomou uma foto da sua infância, na praia, e fez a interação com o clique da sua sombra, durante uma caminhada.

Relembrando Sioma Breitman

José Carlos Cardoso aceitou dar depoimento para documentário 60 anos após ser fotografado, quando era um menino engraxate

José Carlos Cardoso aceitou dar depoimento para documentário 60 anos após ser fotografado, quando era um menino engraxate


/SIOMA BREITMAN/ENEIDA SERRANO/DIVULGAÇÃO/JC
Uma cinematográfica ideia da Eneida Serrano foi concretizada após mais de dois anos de parceria com a produtora Karine Emerich e consta nos 15 minutos do curta-metragem Sioma - o papel da fotografia, de 2014. A intenção maior era homenagear a assinatura fotográfica de Sioma Breitman, mas emocionou ao rememorar o passado devidamente registrado para a posteridade.
O plano era fazer um documentário com o depoimento de pessoas retratadas há mais de 60 anos. Para isso, houve até chamadas veiculadas em jornal para que se apresentassem. No caso de Negrinho José, o menino engraxate, Eneida foi à procura, seguindo pistas até encontrar esse importante personagem. E achou! Ele aceitou gravar depoimento, para as diretoras do filme, no Viaduto Otávio Rocha, Centro da cidade, local de rua em que morou.
A cineasta Karine assegura que foi um dos "momentos mágicos de todo tempo de profissão", quando o senhor abriu o envelope e viu a foto com seu rosto da infância e exclamou: "Sou eu mesmo". Em 1979, quando ocorria a abertura de exposição de retratos feitos por Breitman, um homem apareceu no Margs, proclamando-se como a pessoa daquela foto da criança negra. Era José Carlos Cardoso. Ao ler tal fato noticiado, Eneida soube da história que virou inspiração para ela e motivo de muita dedicação para pesquisar, produzir, buscar financiamento e formar equipe.
No filme, os filhos Samuel e Irineu Breitman, contam da constância do pai com a máquina fotográfica e do "quarto escuro" em que ficava horas revelando imagens, inclusive dos dois. Ambos lembram do encanto de Sioma pelas figuras populares que ele recrutava nas ruas para fotografar. Igualmente, captava com maestria o rosto de artistas, vindos com espetáculos ao Theatro São Pedro, como Procópio Ferreira, Vicente Celestino, Villa-Lobos. Outra fama, espalhada além da capital gaúcha, interessava às moças que sonhavam com o dia de serem fotografadas com vestido de noiva, exatamente como o enxergavam na vitrine do Estúdio na Rua da Praia.

O guri que aprendeu a ler fotografia e virou gênio

Desenho de Lucas Levitan sobre foto do olho da irmã produzida pela mãe

Desenho de Lucas Levitan sobre foto do olho da irmã produzida pela mãe


ENEIDA SERRANO/DIVULGAÇÃO/JC
Ao observar os critérios da mãe para selecionar uma imagem e ouvir dela explicações sobre aquilo que se desejava representar, Lucas Levitan conheceu a linguagem fotográfica. Atualmente, ele inventa outra versão de variadas cenas captadas por olhares diversos, aplicando seu desenho sobre elas.
Essas intervenções criativas são apresentadas no livro Photo Invasion (Republic of Ideas, Londres, 2015, 120 páginas). A capa da edição impressa é uma fotografia da Eneida, adulterada, ou melhor, invadida, com bom humor. Trata-se de um retrato fechado no olho da filha Carina Levitan. O irmão desenhou um boneco limpando a íris como se fosse uma janela. Os pés da figurinha estão apoiados na pálpebra inferior, junto aos cílios.
"No começo, havia uma vontade de impressionar minha mãe, de mostrar algo diferente do que ela tinha visto", conta o ilustrador, como se fosse uma brincadeira entre talentosos. O estímulo de Eneida à experimentação continua como fonte inspiradora. "Aprendi muito, ainda busco nela uma espécie de consultoria", revela o orgulhoso rebento multimídia. Por fim, ele virou craque em encontrar histórias escondidas nas fotos alheias. E os fotógrafos adoram! Eles vaidosamente divulgam seus trabalhos adulterados com uma leitura inesperada.
A influência artística não vem apenas da convivência familiar entre paredes repletas de fotos ou de conversas sobre percepção ou detalhe na imagem. O efeito da genética ocorre também pelo lado paterno: Claudio Levitan, além de ser desenhista e criador, inclusive na publicidade, é dedicado à composição musical. O trabalho mais recente é visto no espetáculo A Sbornia Kontr'Atracka, em que interpreta o Professor Kanflutz. Assim, Lucas aproveitou bem os primeiros estudos em casa, mixando de maneira surpreendente a fotografia e o desenho.
 

Imagens no confinamento

Colecionadora tem folhas secas entre postais antigos mantidos em gavetas e relíquias do passado

Colecionadora tem folhas secas entre postais antigos mantidos em gavetas e relíquias do passado


TÂNIA MEINERZ/DIVULGAÇÃO/JC
Eneida Serrano segue experimentando novidades, por meio da câmara do aparelho celular. No atual período de confinamento imposto pela pandemia, ela se detém a observar a paisagem (re)vista pela janela da casa, prestando atenção no que muda com o passar das horas e dos dias.
"Nunca estive tão disponível para me envolver com a fotografia. Trabalho no meu arquivo e também fotografo diariamente. Parece-me oportuno falar sobre o modo como estamos vivendo o presente", comenta. As anotações sobre seus pensamentos, advindos com o fazer fotográfico, são compartilhadas nas páginas virtuais, via internet.
Sabendo da importância da passagem do tempo para o renovado valor de objetos, transformou-se em colecionadora. Entre postais antigos mantidos em gavetas e relíquias do passado, estão folhas secas, há anos catadas na rua e escondidas em caixas. Hoje, contempladas e fotografadas, num enaltecimento à beleza das coisas velhas.
 

Trajetória

EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS
- Respeitável Circo! (1979) - Centro Municipal de Cultura, Porto Alegre
- Japão - Impressões Visuais (1991) - Galeria do Theatro São Pedro
- Terra Vista (1992) - Centro Cultural Yagizi
- Fotos na Turquia (1997) - Galeria do Theatro São Pedro
Interiores (2007) - Galeria Bolsa de Arte, Porto Alegre (Prêmio Açorianos de Melhor Exposição de Fotografia daquele ano)
- Londres por telefone (2011) - Solar dos Câmara
EXPOSIÇÕES COLETIVAS
- Le Brésil des Brésiliens (1983) - Centro Pompidou, Paris, França
- 100 fotógrafos retratam o cotidiano do País em 24 horas (1999) - várias cidades brasileiras
- 15ª Coleção Pirelli (2006) - Masp, São Paulo
LIVROS (coletivos e autorais)
- Santa Soja (1979) - Assembleia Legislativa RS
- Ponto de Vista (1979) - Editora Movimento
Como pesquisadora
- Lunara Amador 1900 (2002), Fumproarte, Porto Alegre

* Tânia Meinerz é jornalista. Atua como fotógrafa freelancer para reportagens, livros, projetos autorais e agências de comunicação.