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reportagem cultural

- Publicada em 22 de Outubro de 2020 às 20:54

Pablo Komlós, o maestro que criou e popularizou a Ospa

Regente húngaro fundou a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre e a liderou com paixão por 27 anos

Regente húngaro fundou a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre e a liderou com paixão por 27 anos


ACERVO OSPA/DIVULGAÇÃO/JC
No dia 18 de dezembro de 1977, o maestro húngaro Pablo Komlós regeu pela última vez a Ospa em uma apresentação na Igreja Nossa Senhora das Dores, em Porto Alegre. Fundador da sinfônica, que liderou com paixão por 27 anos, despedia-se do palco deixando uma marca perene na cultura local. No meio musical, seu nome evoca respeito e admiração. Conhecido pelo rigor artístico, Komlós foi um servo da música. À frente da orquestra gaúcha, aliou erudição, garra e uma atitude visionária, transformando-a em expressão máxima da música de concerto no Estado.
No dia 18 de dezembro de 1977, o maestro húngaro Pablo Komlós regeu pela última vez a Ospa em uma apresentação na Igreja Nossa Senhora das Dores, em Porto Alegre. Fundador da sinfônica, que liderou com paixão por 27 anos, despedia-se do palco deixando uma marca perene na cultura local. No meio musical, seu nome evoca respeito e admiração. Conhecido pelo rigor artístico, Komlós foi um servo da música. À frente da orquestra gaúcha, aliou erudição, garra e uma atitude visionária, transformando-a em expressão máxima da música de concerto no Estado.
Nascido em Budapeste em 1907, Komlós estudou composição e regência na cidade natal. Seu talento para a batuta impressionou quando, com apenas 18 anos, dirigiu sem ensaio prévio uma apresentação da ópera Carmen, de Bizet. Na época, ele trabalhava na principal casa de ópera da capital húngara e precisou substituir um regente de última hora. Apesar das boas críticas recebidas, sua carreira não decolou. "O repentino e precoce sucesso fechou-lhe as portas nesse meio muito restrito", diz o cirurgião vascular Pedro Pablo Komlós, filho do maestro.
Komlós tentou a vida em outros centros culturais europeus, como Viena (Áustria) e Berlim (Alemanha). Em 1939, com a Europa já abalada pela Segunda Guerra Mundial, o maestro se mudou para Montevidéu, após um convite para trabalho no Sodre, instituição vinculada ao Ministério da Educação e Cultura uruguaio. A promessa de emprego fixo, porém, não se concretizou. "Regeu algumas vezes e viveu vários anos frustrado, apenas como professor particular de canto e regência", conta Pedro Pablo.
Na segunda metade da década de 1940, o maestro esteve em Porto Alegre, atuando como regente em temporadas líricas do Orfeão Rio-Grandense, antiga associação musical da cidade. Em 1949, a comunidade alemã lhe propôs que organizasse a orquestra sinfônica da entidade, um prelúdio do que no ano seguinte se tornaria a Ospa.
Komlós, então, estabeleceu-se com a família na Capital e fez história. Setenta anos após seu concerto de estreia, no Theatro São Pedro, a orquestra que criou é a mais longeva do País em atividade ininterrupta, e sua trajetória de sucesso deve muito à perseverança do músico húngaro em vencer um repertório de adversidades nas primeiras décadas.
A começar pelo caixa. "A Ospa passou por muitas dificuldades. Os músicos não recebiam seus salários, ou recebiam com atraso", diz o ex-presidente da Fundação Cultural Pablo Komlós, Luiz Osvaldo Leite. Ele lembra que a sinfônica era sustentada com a colaboração de sócios e apenas em 1965 foi transformada em fundação e encampada pelo governo estadual. "(Antes da Ospa), houve muitas tentativas de fundar uma orquestra permanente na cidade. Organizava-se orquestra para eventos", observa Leite.

Maestro será reverenciado em um memorial previsto entre as obras da Casa da Ospa

Maestro será reverenciado em um memorial previsto entre as obras da Casa da Ospa


ACERVO OSPA/DIVULGAÇÃO/JC
À manutenção financeira, somou-se o desafio de aprimorar os músicos. Atual diretor artístico da Ospa, o maestro Evandro Matté explica que, na época, predominavam na cidade as orquestras de rádio, focadas em música popular e baseadas em instrumentos de sopro. "O Komlós trouxe uma cultura de música de concerto. Tinha uma rede de contatos no Uruguai e na Argentina. E, para estruturar uma orquestra de alto nível, importou muitos músicos, tanto que na formação inicial da Ospa, há um contingente de uruguaios, argentinos e europeus maior do que o de brasileiros", diz Matté.
Parte vital de sua saga sinfônica, Komlós criou em 1972 a Escola de Música da Ospa, onde os profissionais estrangeiros atuavam como professores e passaram a formar novas gerações de músicos em todos os naipes de instrumentos. "Ele era preocupado com a continuidade do projeto, não só com o palco", ressalta Matté. Com o salto de qualidade, a Ospa foi ganhando prestígio. Em 1973, percorreu as capitais brasileiras em uma histórica turnê nacional, sendo considerada na época a melhor orquestra do País.
O irreverente maestro morreu aos 70 anos, em 26 de março de 1978 - curiosamente, no mesmo dia em que morrera Beethoven, seu ídolo maior, um século e meio antes. Sua figura continua a inspirar artistas. Ele será reverenciado em um memorial da história da Ospa, projeto previsto entre as obras da Casa da Ospa, no Centro Administrativo Fernando Ferrari, e ainda em fase de captação de recursos via lei de incentivo. No espaço, que terá totens interativos e projeções, serão expostos objetos usados pelo maestro, como sua batuta e traje de concertos. "Será um espaço muito bonito e, com certeza, ele será o personagem principal", diz Matté.

Um artista obcecado pela sonoridade

Perfeccionista, maestro buscava performances à altura das peças complexas que escolhia

Perfeccionista, maestro buscava performances à altura das peças complexas que escolhia


ACERVO OSPA/DIVULGAÇÃO/JC
Insatisfeito com o que ouve no ensaio, o maestro Pablo Komlós faz a orquestra repassar cerca de 20 vezes o trecho inicial da Oitava sinfonia de Beethoven. No intervalo, o comentário entre os músicos é que pelo menos no concerto, à noite, ele "não poderá repetir". Já no palco, a ironia do destino: mal começaram a tocar, faltou luz no teatro e, após o apagão, eles tiveram de retomar a execução desde o início. O episódio engraçado é relatado pelo violinista Mauro Luiz Rech, integrante da Ospa há 47 anos. Da formação atual, ele é o único que conviveu com o regente húngaro. "Era muito exigente e minucioso", afirma.
Perfeccionista, Komlós buscava performances à altura das peças complexas que escolhia. "Era um ensaiador incansável. Dificilmente fazia um concerto com pouco ensaio, repetia muito as obras", resume o maestro Telmo Jaconi, que tocou na Ospa entre 1964 e 2009 e foi spalla (primeiro violino) do grupo. Segundo o músico, hoje regente da Orquestra Jovem do Rio Grande do Sul, a regra valia inclusive para obras presentes no repertório da orquestra e, portanto, já executadas antes.
A obsessão pela excelência não raro criava dissonâncias entre o líder da Ospa e os músicos. "Quando se irritava com alguma coisa, ele explodia, falava o que vinha na cabeça", conta Jaconi. Esses excessos, porém, não diminuíam sua credibilidade, afirma o maestro, lembrando que o estilo intempestivo era típico de grandes batutas da época - não por acaso, regentes lendários do século XX, como Arturo Toscanini e Herbert von Karajan, ganharam fama de tiranos.
A dedicação de Komlós à Ospa era comovente, segundo relatos de quem o conheceu. "Lutou muito pela orquestra. Ele vivia a música. Realmente gostava e tinha admiração pelos músicos", afirma Mauro Rech. Violoncelista da Ospa entre 1965 e 1980, o escritor Luiz Antonio de Assis Brasil conta que, certa vez, ao saber dos problemas financeiros de um dos músicos, o maestro ficou tão arrasado que sacou a carteira e pediu que dessem todo o dinheiro ali disponível ao colega em dificuldades. "Ele tinha uma solidariedade imediata por pessoas que estivessem numa situação desfavorável", diz. Inspirado em sua vivência na sinfônica, Assis Brasil lançou em 1982 o livro O homem amoroso, que dedicou ao fundador da Ospa.
O escritor também destaca a liderança arrojada do regente húngaro. "Ele entendia a música visceralmente. Teve um papel condensador de todas as potencialidades da orquestra. Parte dos músicos eram semiamadores; (alguns) tocavam na noite, em bares. Apesar disso, Komlós conseguia um resultado absolutamente inesperado, uma coisa de espantar", afirma.

Fascínio pela ópera

Aida, de Giuseppe Verdi, apresentada em 1965 no Auditório Araújo Vianna

Aida, de Giuseppe Verdi, apresentada em 1965 no Auditório Araújo Vianna


/ACERVO OSPA/DIVULGAÇÃO/JC
Grande conhecedor de ópera, o maestro Pablo Komlós encantou plateias com montagens de obras importantes do repertório lírico mundial. Uma das mais memoráveis foi a peça Aida, do compositor italiano Giuseppe Verdi, apresentada em abril de 1965 no Auditório Araújo Vianna. Para encenar o romance entre Aida, escrava etíope, e Radamés, guerreiro egípcio, a produção utilizou, além dos músicos da Ospa e integrantes do Coral da Ufrgs, a Banda da Brigada Militar e bailarinos.
Na cena mais famosa, a Marcha Triunfal, no segundo ato, causou impacto a presença de cavalos, macacos, camelos e até um leão do zoológico de Sapucaia do Sul. Os animais eram conduzidos por funcionários do parque, que se misturavam ao elenco fantasiados de egípcios, recorda o epidemiologista Jair Ferreira, integrante do coro. "(Os animais) ficavam no pátio no Araújo. Abria-se a porta lateral, eles cruzavam o palco e saíam pela outra porta lateral", relata.
Barítono, Ferreira ingressou em 1965 no Coral da Ufrgs, criado pelo maestro quando lecionava no Instituto de Artes da universidade. "Eu tinha recém entrado na Medicina, e o Komlós ia de faculdade em faculdade para convidar os alunos a participar", conta o médico, que depois também fez parte do coro sinfônico da Ospa. Até 1971, ele se apresentou em outras óperas dirigidas pelo regente, como Cavalleria Rusticana (Pietro Mascagni), Fausto (Charles Gounod), Fidélio (Beethoven), Salomé (Richard Strauss) e Tosca (Giacomo Puccini). "Era um grande maestro, não só pela dedicação às peças que escolhia, mas pela segurança que dava (aos cantores)", elogia.
Komlós adaptava o projeto aos espaços disponíveis. "Fez óperas no antigo Salão de Atos da Ufrgs. Os camarins eram ônibus que ficavam estacionados do lado de fora. Isso dá uma ideia da determinação que tinha", diz o maestro Telmo Jaconi, ex-violinista da Ospa e regente da Orquestra Jovem do RS.
Foi no auditório da universidade, em julho de 1976, outro de seus momentos mágicos. Komlós reprisou a carreira iniciada na Hungria, com o clássico Carmen, de Bizet. Para o papel-título, trouxe a conceituada mezzo-soprano norte-americana Debria Brown (1936-2001). Carmen é uma das óperas mais encenadas no mundo.
No programa, o maestro registrou seu fascínio pela obra. "Com 14 anos, consegui uma pequena partitura, que em pouco tempo começou a se desfolhar de tanto manuseio. Já naquela época senti a rara beleza dessa música. Mais adiante, comecei a analisar o porquê dessa magnética atração. Me dei conta de que cada compasso continha algo de inédito, de original", escreveu.
 

Domínio absoluto do repertório

Celso Loureiro Chaves foi aluno do maestro no Instituto de Artes da Ufrgs nos anos 1970

Celso Loureiro Chaves foi aluno do maestro no Instituto de Artes da Ufrgs nos anos 1970


ACERVO OSPA/DIVULGAÇÃO/JC
"Tengo una pelea contigo." A frase cortante ficou gravada na memória do compositor e professor Celso Loureiro Chaves, que foi aluno do maestro Pablo Komlós no Instituto de Artes da Ufrgs, na década de 1970. Chaves, que na época já atuava como crítico musical, entrava na sala de aula e havia publicado uma crítica sobre um concerto recente do fundador da Ospa. O tom do maestro - por ter morado no Uruguai, ele misturava o espanhol e o português - era de discordância, mas o gelo logo se dissipou.
"Ele começou a me explicar com toda a calma que aquilo que eu tinha escrito era um absurdo. Tinha ficado bastante bravo com a minha crítica, no entanto, me tratou de igual para igual, o que demonstrou que tinha um domínio do que tinha feito. Era esse sentimento de absoluta seriedade que ele levava para todos os concertos que fazia", afirma Chaves.
O compositor recorda que, já no final da graduação, certa vez comentou com o maestro sobre a Trenodia para as vítimas de Hiroshima, tensa obra do polonês Krzysztof Penderecki na qual o autor inovou na notação musical, criando símbolos para expressar novos efeitos sonoros. Para sua surpresa, o regente disse que "teria paixão" em executar a peça com a Ospa, mas não saberia como fazer. "O Komlós em Porto Alegre era um mito e dizia isto para um estudante: não sei como fazer. Nunca o vi fazer uma coisa da qual não tivesse um domínio absoluto", afirma. "Ele tinha um profundo conhecimento de música sinfônica e de ópera. Era um grande maestro das obras de Beethoven."
Chaves destaca que o maestro teve um papel crucial na formação de público para a música de concerto. "A Ospa se torna um elemento fundamental na cultura porto-alegrense a partir destes dois primeiros pontos: uma ampliação de repertório (tendo a necessidade de tocar diversos programas e fazer temporadas) e uma ampliação da capacidade dos músicos de atacarem esse repertório", avalia.

Legado sólido na educação

Palacinho hoje sedia Conservatório Pablo Komlós - Escola de Música da Ospa, criado em 1972

Palacinho hoje sedia Conservatório Pablo Komlós - Escola de Música da Ospa, criado em 1972


CLAUDIO FACHEL/ARQUIVO/JC
Se a Ospa é a face mais vistosa do legado de Pablo Komlós, é na área da educação que se tem a dimensão social do trabalho do maestro. Criado por ele em 1972, o Conservatório Pablo Komlós - Escola de Música da Ospa é umas das poucas instituições focadas na formação de músicos de orquestra no Rio Grande do Sul. Com cerca de 250 alunos, proporciona ensino gratuito a crianças e jovens de 8 a 25 anos.
O diretor da escola, Diego Grendene de Souza, explica que o conservatório nasceu com o objetivo de qualificar músicos para tocarem na Ospa, mas com o tempo ganhou uma proposta mais abrangente - como as vagas na sinfônica passaram a ser preenchidas por meio de concurso público, não é necessário ter estudado na escola. "Temos esse foco especial na profissionalização. Hoje, há músicos oriundos da escola da Ospa (também) em muitas orquestras do Brasil e pelo mundo", afirma.
Violino, oboé, flauta, trompete, percussão - no total, são 13 as modalidades oferecidas aos interessados em trilhar o caminho artístico. As aulas são ministradas por músicos da Ospa, e os estudantes passam por uma seleção. Todo ano é lançado um edital, e os candidatos inscritos, que precisam ter conhecimento prévio do instrumento, são avaliados em audições.
Segundo Souza, a procura é bem variada. "Em instrumentos como violino, chegamos a ter 10 candidatos por vaga", exemplifica.
Há dois anos instalado no chamado Palacinho, na avenida Cristóvão Colombo, o conservatório mantém grupos orquestrais formados por alunos avançados, como a Ospa Jovem, a Camerata da Ospa Jovem e a Banda Sinfônica, além de um Coro Jovem. Realiza ainda ações como a Escola da Ospa na Comunidade, que leva recitais de alunos a hospitais, escolas, lares de idosos e até unidades prisionais. "(A proposta) é mostrar para os alunos que ser músico não é só tocar num palco, mas tem todo um componente social. Isso se reflete no público da orquestra, as pessoas acabam frequentando os concertos e acompanhando", destaca Souza.
 

Dez fatos sobre o maestro

Na foto 8, ao lado da alemã Gertrude Meyer, violinista da Ospa que depois se tornou sua assessora e braço direito

Na foto 8, ao lado da alemã Gertrude Meyer, violinista da Ospa que depois se tornou sua assessora e braço direito


ARQUIVO PESSOAL PEDRO PABLO KOMLÓS E ACERVO OSPA/DIVULGAÇÃO/JC
1) Jovem prodígio
Pablo (o nome original em húngaro era Pal) Komlós nasceu em 15 de setembro de 1907, em Budapeste, na Hungria, onde estudou regência, composição e piano. Em 1925, aos 18 anos, regeu pela primeira vez uma ópera, Carmen (Bizet), na Ópera de Budapeste (Ópera Estatal Húngara), um dos principais teatros europeus, conhecido pela qualidade acústica.
2) Do Leste Europeu à América
Em 1939, ano de início da Segunda Guerra Mundial, Komlós mudou-se para Montevidéu, após um convite da Presidência da República do Uruguai para que trabalhasse no Sodre, instituição vinculada ao Ministério da Educação e Cultura. Não conseguiu, porém, emprego fixo. Por uma década, regeu concertos e trabalhou como professor particular de canto e regência no país.
3) Impasse na chegada
Em 1949, após ser convidado para estruturar uma orquestra do antigo Orfeão Rio-Grandense, o maestro desembarcou na Capital, acompanhado de seu cão perdigueiro. Foi recebido por uma comissão, que lhe informou que o plano inicial havia fracassado, mas o impasse não o abateu, conta o filho do maestro, Pedro Pablo Komlós: "Sentou-se e com calma lhes disse: 'Lamento por vocês. Vendi minha linha telefônica, aqui estou. Minha mulher e meu filho recém-nascido já estão a caminho. Agora vamos fundar a Ospa'". O maestro, então, estabeleceu-se definitivamente em Porto Alegre e cumpriu a missão (na foto 2, acima, o maestro com a esposa, Lily, e o filho, Pedro Pablo).
4) Nasce a Ospa
Komlós fundou a Ospa em 1950. Em 23 de março daquele ano, regeu o concerto de estreia da sinfônica, no Theatro São Pedro, onde a orquestra ensaiava nos primeiros anos. No programa, obras de Weber, Mendelssohn-Bartholdy, Paulo Luís Vianna Guedes, Berlioz e Beethoven.
5) Amigo célebre
O compositor Heitor Villa-Lobos (1887-1959) era amigo do maestro Pablo Komlós (na foto 5, acima, de costas, cumprimentando o músico). A convite do fundador da Ospa, veio a Porto Alegre em novembro de 1953, para reger um concerto da orquestra no Theatro São Pedro. O programa foi dedicado a obras do compositor.
6) Coral da Ufrgs
Komlós foi professor de regência no Instituto de Artes da Ufrgs e fundou em 1961 o coral da universidade, que acompanhava as apresentações da Ospa. Posteriormente, o grupo se tornou independente, e a Ospa organizou seu próprio Coro Sinfônico.
7) Erudito e poliglota
Komlós era fluente em sete idiomas, mas às vezes confundia palavras em português, o que rendia situações engraçadas, segundo relatos de músicos. No dia a dia, comunicava-se em "portunhol". O charuto sempre à mão era outra marca registrada do maestro (registrado na gravura do pintor Ernesto Scheffel, seu amigo - foto 7, acima).
8) Escola de artistas
Em 3 de março de 1972, Komlós fundou o Conservatório Pablo Komlós - Escola de Música da Ospa. A instituição oferece ensino gratuito para crianças e jovens, com aulas ministradas pelos músicos da sinfônica em várias modalidades.
9) Homenagem da Capital
Em 15 de junho de 1972, Komlós recebeu da Câmara de Vereadores o título de Cidadão Honorário de Porto Alegre (foto 9). Em seu discurso de agradecimento, declarou seu amor ao Brasil. "Meu sonho é ser conhecido como Pablo Komlós, maestro brasileiro", disse ele, segundo relato de seu filho, Pedro Pablo Komlós.
10) A despedida
Com a saúde debilitada, Komlós aposentou-se da batuta em 1977, mas se manteve ligado à Ospa. O maestro morreu em Porto Alegre em 26 de março de 1978, aos 70 anos. Conforme era seu desejo, foi sepultado em Gramado, onde mantinha uma casa e passava as férias.

* Patrícia Feiten é jornalista formada pela UFSM e tradutora, formada em Letras pela Ufrgs.