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reportagem cultural

- Publicada em 29 de Abril de 2020 às 19:41

Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul completa 100 anos

Fundada no governo de Borges de Medeiros, instituição carrega boa parte da história do Estado

Fundada no governo de Borges de Medeiros, instituição carrega boa parte da história do Estado


MARCO QUINTANA/JC
Na subida da rua Riachuelo, no Centro Histórico de Porto Alegre, um olhar despercebido pode não notar a placa que dá nome a uma instituição que carrega boa parte da história do Estado. Mas está lá: Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (IHGRGS), local de memória e conhecimento que completa 100 anos em 2020. A data oficial da sua fundação é 5 de agosto de 1920, tendo como apoio decisivo o governo de Borges de Medeiros, mas sua importância se confunde com a própria historiografia sul-rio-grandense.
Na subida da rua Riachuelo, no Centro Histórico de Porto Alegre, um olhar despercebido pode não notar a placa que dá nome a uma instituição que carrega boa parte da história do Estado. Mas está lá: Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (IHGRGS), local de memória e conhecimento que completa 100 anos em 2020. A data oficial da sua fundação é 5 de agosto de 1920, tendo como apoio decisivo o governo de Borges de Medeiros, mas sua importância se confunde com a própria historiografia sul-rio-grandense.
Ao se falar de historiografia, deve-se pensar no campo que estuda a interpretação de fontes de pesquisa e, consequentemente, os diferentes modos como a história é escrita. Para Jefferson Telles Martins, professor e pesquisador da área e que em sua tese de doutoramento trabalhou com o IHGRGS, a criação do instituto possibilitou a produção do conhecimento histórico sobre o passado do Estado, permitindo a afirmação de um discurso coeso e, "dessa forma, também silenciando narrativas que destoassem daquilo que (a historiadora) Ieda Gutfreind chamou de 'matriz lusitana' da historiografia sulina".
O grupo de fundadores do instituto se sentia desconfortável com as narrativas da Revolução Farroupilha feitas por historiadores nacionais, que lhe atribuíam caráter separatista e com a ênfase às semelhanças do Estado com os países vizinhos do Prata. "Assim, empreenderam a construção de um discurso nacionalista, que afirmava o caráter lusitano da formação histórica do Rio Grande do sul, defendia o viés federalista da Revolução Farroupilha e evocava os sul-rio-grandenses como 'sentinelas na nacionalidade', defendendo as fronteiras do Brasil meridional", explica Telles.
A maioria dos institutos históricos regionais do Brasil foi criada no século XIX, sendo que todos tiveram como referência o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), de 1838. O Rio Grande do Sul foi a primeira província, no tempo do Império, a criar um órgão do tipo, em 1860, com atividades regulares durante três anos - foram interrompidas ao final daquela década.
"A ideia de um instituto histórico por aqui fica adormecida até 1920. Portanto, o atual IHGRGS teve uma criação tardia. A iniciativa da fundação se deu por um grupo de historiadores que frequentava e realizava pesquisas no Arquivo Público do Rio Grande do Sul, embalados pela voga então nacionalista e com relações orgânicas com o campo de poder e com o seu apoio", explica o pesquisador. A primeira sede foi criada e instalada no Arquivo Público e depois no Museu do Estado, até 1943. Outra curiosidade é que o órgão reunia membros do Partido Republicano Rio-grandense e membros da oposição. "Pode se dizer que o IHGRGS foi a primeira experiência ecumênica de convivência de agentes políticos de campos opostos", diz Telles.
Já com prestígio emprestado pelo reconhecimento dos poderes públicos na época do lançamento, o auge do instituto se deu nas décadas de 1930 e 1940, quando se realizaram as comemorações do centenário farroupilha e, também, os cinco congressos de história do Rio Grande do Sul. "A partir de meados da década de 1940, ocorreu uma inflexão no interior do IHGRGS que dividiu os seus membros: de um lado, aqueles que defendiam a atualização ou renovação do modelo historiográfico, ampliando os campos de investigação para o domínio popular, tais como, folclore, lendas, estudos sobre indígenas e negros; de outro, aqueles que permaneciam fiéis ao modelo consagrado nos anos 1920 e 1930, que privilegiava os recortes político e militar."
Essa divisão se aprofunda nos anos 1950. Começa aí, do ponto de vista da produção historiográfica, o declínio da hegemonia do instituto nesse campo. Porém, seu deslocamento do centro da produção histórica só ocorre em meados da década de 1970, com a pesquisa universitária e o advento dos programas de pós-graduação.

Em busca de renovação

Diretoria fez um evento alusivo ao centenário, mas programação foi interrompida pela Covid-19

Diretoria fez um evento alusivo ao centenário, mas programação foi interrompida pela Covid-19


/IHGRGS/DIVULGAÇÃO/JC
Muitos eventos foram planejados pelo Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul para celebrar seus 100 anos, mas, com a pandemia da Covid-19, todos tiveram que ser agendados para o segundo semestre. "Conseguimos fazer apenas a atividade de março, em conjunto com o Arquivo Público. Um painel com o tema: O Arquivo Público e a criação do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul: cooperação interinstitucional", afirma Simone Steigleder, atual responsável pelo expediente da diretoria.
A ideia é também procurar a renovação na chegada do centenário. "O instituto é bem dividido. Tem uma parcela muito idosa de membros com grande respeitabilidade na sociedade, que construíram isso, como pesquisadores, escritores, nas suas funções", explica Simone. E também tem uma parcela que entrou agora, uma nova turma. "Eu sou uma delas, é um gás novo. Então, estamos falando muito esse ano na ideia de refundação do instituto, que é uma renovação, conseguir aliar a experiência dos mais antigos com os que estão chegando e querem trabalhar e inovar sem perder o espírito original."
Para fazer parte da centenária instituição, é preciso que o nome do postulante seja indicado por algum membro e aprovado em assembleia. Segundo Simone, o IHGRGS acaba ficando muito restrito a pesquisadores. "Urbanistas, arquivistas, toda a área das humanas, e muita gente das exatas também, como engenheiros, arquitetos", diz. A periodicidade das assembleias é de uma vez por mês ou, no máximo, a cada dois meses. Atualmente, o quadro geral - ele abrange as categorias de efetivos, correspondentes, pesquisadores colaboradores e honorários - é de 125 membros, sendo que 50 destes são efetivos, aqueles que possuem obrigatoriedade do pagamento de uma anuidade. O atual presidente é Miguel Frederico do Espírito Santo.
O IHGRGS se mantém basicamente com a contribuição de seus membros e do aluguel de alguns imóveis que foram adquiridos através de doações. "O maior desafio é fechar esta conta todos os meses. Temos um quadro de colaboradores e contas de sustento da estrutura, e não é fácil acomodar tudo na mesma planilha de crédito e débito. Mesmo assim, estamos resistindo às adversidades e conseguindo manter a entidade por estes 100 anos", ressalta Simone.
Há uma série de projetos dos pesquisadores do instituto, como a digitalização de mapas do setor da cartografia, em que se busca apoio em leis de incentivo, como a Rouanet, e outros editais. De concreto há também uma vaquinha sendo realizada para trocar a fiação elétrica do prédio que, por ser muito antigo, tem uma deficiência grande nesse setor. "Queremos também colocar câmeras novas de segurança, cuidar a parte da iluminação da biblioteca. Então, buscamos esse financiamento coletivo para ver se conseguimos um dinheiro para essa parte da estrutura", destaca.
O IHGRGS também trabalha na defesa do patrimônio histórico, arquitetônico e cultural do Estado. Recentemente, elaborou, através da sua secretária-executiva, Thaís Feijó, o projeto que viabilizou a restauração do salão nobre do Palácio Piratini, sede do governo do Estado.

Um verdadeiro guardião da memória gaúcha

O Exemplo, um dos jornais da imprensa negra no Estado

O Exemplo, um dos jornais da imprensa negra no Estado


REPRODUÇÃO/DIVULGAÇÃO/JC
O IHGRGS conta com o mais variado número de objetos de acervo. Segundo a responsável pela biblioteca, Marcia Radtke, são 150 mil volumes que compõem o setor - resultado de anos de doações efetuadas por diversos intelectuais.
Ela está organizada em coleções, sendo que alguns dos destaques são as de Walter Spalding, Athos Damasceno e Raphael Copstein. Também é mantido um conjunto chamado Coleção de Obras Raras, da qual se sobressaem Escudo admirável, do Pe. Manoel José (1838), contendo anotações manuscritas das datas de nascimento e morte de personagens históricos; a Revista do Instituto Histórico e Geographico da Provincia de São Pedro (1860); e Notas para a carta geographica do Rio Grande do Sul, de Arthur J. Montenegro (1895). Qualquer um pode utilizar do enorme acervo do instituto para realizar pesquisas. "A História do Rio Grande do Sul está aqui dentro", diz Simone Steigleder.
Já na hemeroteca, formada por 4,500 exemplares que vão desde 1827 à década de 1990, há títulos como Diário de Porto Alegre (1827); O Anunciante (1833); Campeão da Legalidade (1837); O Artilheiro (1837); Sentinela da Liberdade (1837) e O Imperialista (1839). Há ainda a única coleção conhecida do jornal da dissidência republicana, O Rio Grande (1890-1893), e a coleção de uma das fases do jornal O Exemplo, da imprensa negra de Porto Alegre, sendo esta a coleção de jornais do Instituto que contabiliza o maior número de acessos de usuários. Além disso, há também uma coleção cartográfica, formada pela doação de quatro membros do IHGRGS - Afonso Guerreiro Lima, Souza Docca, Lourenço Mario Prunes e Raphael Copstein - e outros colaboradores, que contribuíram para formar um conjunto de mapas com cerca de mil itens, entre cópias e originais.
Um dos motivos de orgulho é a Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul. A publicação teve edição trimestral ininterrupta de 1921 até 1950, surgindo novamente em 1975. Atualmente, está no número 157 e integra o sistema de revistas acadêmicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com publicações semestrais. Wagner Feloniuk, um dos editores da revista, diz que ela continua recebendo artigos científicos em fluxo contínuo, ou seja, a qualquer momento. "Além disso, fazemos editais públicos voltados a cada número regular e aos números temáticos. Esses editais são enviados para toda a comunidade acadêmica do Rio Grande do Sul e estados próximos", completa. Atualmente a publicação está com submissões abertas até o final de maio para o Dossiê Sandra Jatahy Pesavento: acervo, memórias e trajetórias de pesquisa.
A responsável pelo setor do arquivo, Vanessa de Campos, diz que é bastante complicado mensurar um único documento dado o olhar orgânico sobre seu conjunto. "Em primeiro lugar, é incontestável mencionar que o acervo de maior projeção que faz parte do IHGRGS é o Fundo Borges de Medeiros, contando com cerca de 80 mil correspondências recebidas entre 1898 a 1960 (data da doação)", explica. Outros destaques são:
Fundo Landell de Moura - Composto por diversos apontamentos pessoais do padre cientista sobre suas pesquisas, além de cartas patente. Landell de Moura é mais conhecido pelo seu pioneirismo na ciência da telecomunicação, tendo desenvolvido uma série de pesquisas e experimentos que o colocam como um dos primeiros a conseguir a transmissão de som e sinais telegráficos sem fio por meio de ondas eletromagnéticas, o que daria origem ao telefone e ao rádio, se não o primeiro de todos, o que ainda é motivo de polêmicas
Fundo Apolinário Porto Alegre - Republicano convicto, professor, um dos fundadores do Parthenon Literário (1868), importante personagem do final do século XIX. Apesar de sua correspondência não ser volumosa, é bastante significativa, além da expressiva coleção de documentos da Revolução Farroupilha, da qual era profundo estudioso.
Fundo Moacyr Domingues - Domingues foi historiador e diretor do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul. O acervo é composto exclusivamente pela produção intelectual de seu titular: cerca de 40 mil fichas genealógicas que mapeiam, a partir da data e local do nascimento, casamento e morte, e descrição dos imóveis deixados em inventário, a população inaugural do território sul-rio-grandense, evidenciando a mobilidade populacional, evidenciando os percursos humanos na gradativa ocupação do território da fronteira meridional portuguesa.

Narrativas de exclusão

O velho sobrado da rua Riachuelo, sede do IHGRGS

O velho sobrado da rua Riachuelo, sede do IHGRGS


ACERVO RONALDO MARCOS BASTOS/DIVULGAÇÃO/JC
Os institutos históricos e geográficos também foram responsáveis por moldar e cristalizar alguns conceitos, ideias, valores e comportamentos em relação à identidade do País, sendo possível perceber o nascimento de uma história oficial do Brasil.
Professora do Departamento de História da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Claudia Fortuna pesquisou como essa história oficial do Brasil expressa todas as ideias racistas de sua época, em que o fio do condutor do processo histórico estava situado no colonizador português. "Entre a elaboração de muitos discursos hegemônicos, Von Martius vence, em 1844, o concurso do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) sobre como escrever a história do Brasil com um projeto historiográfico da valorização das três raças que priorizava apenas o branco como agente civilizador", observa.
Diferentes intelectuais e pesquisadores da época seguiram essa linha em seus estudos futuros. "Varnhagen, considerado o historiador oficial do Brasil, acreditava em um processo civilizatório para os negros e defendia a ideia da fusão das três raças, com o predomínio da branca. O escritor Joaquim Manuel de Macedo, também membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, publica, em 1869, As vítimas - Algozes, contos em que vários preconceitos e estereótipos relativos à cultura africana vão se materializando nos personagens", diz Claudia.
Também são do IHGB vários nomes de professores do Colégio Pedro II, muitos deles responsáveis pelas obras didáticas destinadas ao curso secundário. "O livro Lições de história do Brasil, de Manuel de Macedo, foi, por exemplo, um dos primeiros manuais didáticos de História e o uso de suas obras já define muito da visão que será apresentada aos colégios destinados à formação das elites da época", completa. Segundo ela, pode-se dizer que que foi neste período que as ideias racialistas construíram um universo cultural e simbólico de exclusão, racismo e preconceito.
Nesse sentido, em meados da década de 1950, o governo do Rio Grande do Sul remeteu um parecer ao IHGRGS para saber da conveniência ou não do erguimento de um monumento ao líder indígena Sepé Tiaraju, chefe indígena dos Sete Povos das Missões. O parecer da Comissão de História foi categórico em negar o pertencimento de Sepé ao passado sul-rio-grandense, deslocando-o para o terreno das lendas.
O historiador Jefferson Telles Martins conta que houve uma intensa reação da maior parte dos membros do instituto, que requisitavam o pertencimento de Sepé à história do Rio Grande do Sul. "Essa questão expôs a divisão interna entre um grupo pequeno de historiadores consagrados, como Othelo Rosa, Moysés Vellinho e Guilhermino César, que detinham o controle institucional, e o "baixo clero", mais numeroso e menos prestigiado dentro da instituição, como Dante de Laytano, Walter Spalding, Mansueto Bernardi e outros", explica. Nenhum dos grupos retirou a sua posição, mas a disputa diminuiu depois da morte de Othelo Rosa, em 1956. Esse momento marcou a diluição da hegemonia do IHGRGS na construção acadêmica da historiografia.

Os primeiros passos

Marcelo Mahl é professor associado da Universidade Federal de Uberlândia na área de História e estuda desde a sua graduação a questão dos institutos históricos e geográficos do Brasil. É um dos organizadores do livro Os institutos históricos e geográficos: nação e região na historiografia brasileira, coletânea de artigos sobre o tema, lançada em 2017.
JC - Viver - Ao seu ver, qual foi a importância dos institutos históricos e geográficos para a cultura brasileira?
Marcelo Mahl - Nesse período de grande importância, que vai de 1880 até 1930, eles produziram uma grande quantidade de estudos históricos, geográficos e, de certo modo, até sociológicos. Então, produziam um escopo, uma quantidade muito grande de artigos, e isso criou uma massa crítica muito importante e que acabou sendo não estudada ainda totalmente nos dias atuais. A partir da década de 1930, essa produção historiográfica, de história e de geografia, melhor dizendo, vai migrar para as universidades. A partir da década de 1930 é que a gente tem a construção de um sistema universitário brasileiro, e que vai se consolidar lá na década de 1960, sendo que a primeira foi a Universidade de São Paulo, em 1934. Com a produção intelectual desses institutos passando para as universidades, ocorre uma migração não só de pessoas, mas de dinheiro e recursos de Estado. Então, os institutos acabam perdendo dinheiro, perdendo o poder de atração para a vida intelectual. A importância deles naquele período foi muito grande, e nos dias atuais eles são repositórios de uma massa de produção que pensou o Brasil de uma forma muito interessante.
Viver - Quais são os desafios dos institutos atualmente e qual deve ser o papel deles nos dias de hoje?
Mahl - Qualquer instituição de estudo precisa de financiamento. Nós não temos no Brasil financiamento de produção em grande escala fora da universidade, como tem nos Estados Unidos, por exemplo. Lá, há várias instituições que fazem produção científica não acadêmica. Aqui no Brasil, a produção científica é baseada 99% nas universidades. Grande parte nas públicas, e agora uma pequena parte nas privadas. Então, os institutos carecem de apoio financeiro, pois ficaram em uma espécie de limbo institucional, porque não tem vínculo com o Ministério da Educação, com nenhum ministério. Muitos desses institutos acabam do ponto de vista jurídico se tornando quase que instituições privadas, sem a possibilidade de apoio público. Vários fecharam as portas ou estão com o atendimento restrito ao público, como é o caso do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. O que está melhor e mantém uma atividade frequente é o do Rio de Janeiro. Com historiadores, inclusive, na academia, participando do processo do estudo histórico brasileiro. O Instituto Histórico do Sergipe eu sei que mantém uma revista muito interessante na ativa. Mas eles vão vivendo com dificuldades, porque não há como financiar essas agremiações hoje. Só que elas são depositárias de uma quantidade tão valiosa de documentos, grandes bibliotecas, e deveriam ter um olhar mais atento do poder público. Infelizmente, desde que eu comecei a estudar os institutos, há 20, 25 anos, a situação não mudou nada. É uma situação de grande dificuldade, já que eles não conseguiram se inserir nessa nova estrutura da vida do ensino e da academia no Brasil. Então, o grande desafio para eles é manter-se funcionando e conseguir um modo de financiamento. Nós sabemos das dificuldades que o Brasil sempre passou em relação à educação. E essas instituições não conseguiram criar lugares para manter vivo o trabalho. Portanto, hoje os institutos sobrevivem devido a abnegados, pessoas que se dedicam a essas casas com paixão, com uma certa dose de idealismo, para manter viva uma parte importante do Brasil que está depositada nessas casas.
 

* Rafael Gloria é jornalista, mestre em Comunicação pela Ufrgs e editor fundador do Coletivo de Jornalismo Cultural Nonada – Jornalismo Travessia e sócio da agência Riobaldo