A diretora da orla, Andréa Rotunno, que é servidora pública da prefeitura de Porto Alegre, percebe que o cidadão precisava da revitalização do local, com espaço para fazer exercícios físicos, ver o pôr-do-sol e tomar um chimarrão. "Nesses dois anos de pandemia, estava todo mundo represado. Aqui, a pessoa vem e sorri", expõe.
Segundo ela, o porto-alegrense cuida da estrutura e soube se adaptar à tecnologia instalada. Para fazer a reserva das quadras, mantidas pelo Hospital Mãe de Deus, é preciso acessar o site da prefeitura (que pode ser copiado através dos QR Codes das grades) ou ligar para o número 156. O hábito tem sido incorporado pelos moradores, conforme Andrea.
"Isso é uma rotina que está funcionando. Às vezes, ficam horários vagos, então o pessoal que está aqui pode usar", explica. A servidora calcula que as quadras sejam usufruídas quase 18 horas por dia.
Ricardo Hermann Pimentel Júnior, que mora em Charqueadas, mas trabalha em Porto Alegre, utiliza a pista de skate da orla diariamente na hora do almoço. O supervisor de vendas e gerente de compras da Panambra praticava o esporte há alguns anos e retomou após a inauguração da revitalização do trecho 3.
A estrutura foi, para ele, um estímulo para "voltar a se mexer". "Quem vem num horário cedo, vê gurizada aprendendo a andar de skate e, em outros momentos, profissionais", diz, apontando para Luan de Oliveira, um dos melhores skatistas do mundo e que foi o melhor do Brasil na modalidade street.
Ricardo acredita que a orla é um local que agrega à vida das pessoas que praticam esportes e à cidade como um todo. "Traz mais movimento, turismo, só tende a crescer", prevê.
O médico Bruno Ribeiro Bossardi frequenta a orla do Guaíba por dois motivos: correr e ver o pôr-do-sol. Natural de Caxias do Sul, mudou-se para Porto Alegre antes da revitalização, então, ao chegar à cidade, o destino não era um atrativo. Agora, no entanto, é sua academia a céu aberto.
"Essa região dá um ar de natureza no meio da cidade. Eu aproveito", comenta o morador do bairro Praia de Belas, citando que se sente seguro por ali.
Bruno relata que já teve sobrepeso e, por isso, a prática de exercícios é algo que ele não abre mão. Acrescenta, inclusive, que sua disposição e o sono mudam após uma corrida. "Ter um espaço para fazer exercício é algo muito positivo dentro de uma metrópole", avalia.
Andrea da Matta, que trabalha há dois meses como gerente num dos bares da orla, o Sheik Burger, está vivendo uma nova experiência perante o Guaíba. Após fechar o negócio que mantinha no bairro Cidade Baixa, o Zitas Tap House, durante a pandemia, o contato com as pessoas de diversos locais, até estrangeiros, lhe faz bem.
"É difícil empreender neste País. Os pequenos não têm o mesmo apoio dos comércios grandes. Com certeza, não quero mais ter meu próprio negócio", admite.
Ela observa que, pela manhã, os frequentadores gostam de fazer exercícios físicos, à tarde há mais crianças e, na medida que vai caindo o dia, chegam as pessoas que querem curtir a noite. "O pessoal gosta de sucos naturais, água, chope e aperitivos", lista.