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Reportagem Especial

- Publicada em 24 de Março de 2022 às 18:56

Revitalizações impulsionam setor de eventos e de turismo

Consórcio Revitaliza prevê investimento de R$ 1,3 bilhão no Cais Mauá; Embarcadero já opera no local

Consórcio Revitaliza prevê investimento de R$ 1,3 bilhão no Cais Mauá; Embarcadero já opera no local


/MARIANA ALVES/JC
A visão de Porto Alegre a partir do Guaíba, com a urbanização, certamente não é a mesma de 250 anos atrás. Mas é certo que é a paisagem mais bela para um cartão-postal da capital dos gaúchos. Ali está o cais que, um século atrás, esteve entre os mais modernos do País. Hoje, tem a sua transformação como uma das chaves para o desenvolvimento de dois potenciais econômicos: os setores de turismo e de eventos.
A visão de Porto Alegre a partir do Guaíba, com a urbanização, certamente não é a mesma de 250 anos atrás. Mas é certo que é a paisagem mais bela para um cartão-postal da capital dos gaúchos. Ali está o cais que, um século atrás, esteve entre os mais modernos do País. Hoje, tem a sua transformação como uma das chaves para o desenvolvimento de dois potenciais econômicos: os setores de turismo e de eventos.
"Sempre que uma agência de turismo vende as praias do Nordeste, oferece pelo menos um dia de convívio em alguma das capitais. Aqui, os pacotes na serra gaúcha, por exemplo, ainda não incluem este dia agradável em Porto Alegre. Já fomos um dos principais destinos de eventos do País e perdemos este posto. Queremos retomar com o diferencial que o setor hoje exige, que é a experiência da cidade para se conviver. As revitalizações do Cais Mauá, da orla e do Centro Histórico são peças-chave nessa engrenagem", avalia o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Rodrigo Lorenzoni.
Anunciado em 2021, o projeto do governo estadual com o Consórcio Revitaliza prevê investimentos de até R$ 1,3 bilhão na mudança da realidade do Cais Mauá. São previstas, a partir da alienação das docas públicas, as construções de edifícios residenciais, corporativos e um hotel. Conforme o governo, o recurso da venda será reinvestido na recuperação da região do Gasômetro e dos armazéns. No Muro da Mauá, que hoje separa o cais do Centro, é projetado que dê lugar a uma área de convívio pública de 149 mil m² - 82% da área do cais.
Em eventos, o município reorganizou a lógica dos custos para a realização em áreas públicas. A Feira do Livro, por exemplo, que até 2020 pagava R$ 170 mil para ser realizada na Praça da Alfândega, em 2021 não precisou pagar nada. A gratuidade para eventos com valor cultural também se estende a outros, de pequena capacidade, como feiras populares nos bairros. Para toda a cadeia de eventos, o ISS foi reduzido de 5% para 2%.
A intenção da prefeitura é que as mudanças entre a orla, o Gasômetro e o Cais estejam em breve integradas com as revitalizações do Centro Histórico, com o forte apelo comercial e de serviços, e do 4º Distrito, com os diferenciais da gastronomia e inovação, também já iniciadas. Serão ferramentas de união entre a atração de eventos e o setor de turismo, que gera em torno de 25 mil empregos e movimenta 3,9 mil empresas na Capital.

Capital é destaque no setor de saúde

Segundo pesquisa, existem 3,31 médicos para cada mil habitantes

Segundo pesquisa, existem 3,31 médicos para cada mil habitantes


/CLÓVIS PRATES/HCPA/DIVULGAÇÃO/JC
Entre os serviços que mais atraem investimentos em Porto Alegre está o setor de saúde. Conforme levantamento do Urban Systems de 2020, a capital gaúcha é a segunda melhor para se investir neste setor na Região Sul do Brasil. Por aqui, conforme o levantamento, há 3,31 médicos para cada mil habitantes. E a disponibilidade de leitos particulares e SUS chega a quase o triplo de Florianópolis, melhor classificada na região.
"É um setor em expansão, motivado pela existência de muitos hospitais, e que são referências para o Brasil em diversas especialidades, além da existência de um número elevado de universidades com formação de profissionais em todas as áreas da saúde e ainda um hub de grande potencial em inovação na área da saúde", avalia a especialista em Estratégia e Competitividade de Empresas Relacionadas com a Cadeira da Produtiva da Saúde do Sebrae, Paula Rezende.
São mais de 26,5 mil MEIs no setor de saúde ativos em Porto Alegre. Representam mais de 5 mil empregos. Em especializações como odontologia, por exemplo, Porto Alegre tem o maior número de formandos por ano. De olho neste nicho, quando se planeja um evento na área da saúde, Paula lembra que a Capital é sempre a ficha um em preferência.
A forma de urbanização da cidade e de seu entorno alimenta este setor. Boa parte dos atendimentos da Região Metropolitana, do Interior e até mesmo de outras regiões do Brasil acontecem nos hospitais e clínicas de Porto Alegre. Um processo histórico que remonta ao século XIX. O antigo caminho que ligava as cidades vizinhas até a Santa Casa, tinha o atual trecho da avenida Assis Brasil como itinerário principal.
É justamente na Zona Norte da cidade, por onde hoje circulam 50 mil carros por dia, que os paulistas da ProdeltaMed investiram no MedPlex, o primeiro complexo de coworking especializado em saúde em Porto Alegre. "Foi uma escolha que levou em conta o grande número de médicos por habitantes e o fato de ser uma cidade em expansão, que atrai o público em busca de saúde vindo dos arredores. O coworking atende a uma demanda que vai desde jovens médicos que empreendem até os mais experientes, que já não precisam daquele consultório tradicional", explica a diretora de expansão da ProdeltaMed, Gabriela Cristina Ferreira.
O Medplex inaugurou em fevereiro deste ano e já tem planos de novos investimentos na cidade. A intenção, segundo a diretora, é chegar a 70% da capacidade de ocupação dos consultórios em um modelo semelhante a um flat no primeiro ano de operação.
Mesmo que os hospitais sempre sejam a referência para investimentos em saúde - e neste caso, Porto Alegre é considerada um terreno dos mais férteis, com complexos dos mais diversos, como os do Grupo Hospitalar Conceição e do Hospital de Clínicas ou do São Lucas, que convergem a academia com o atendimento ao público -, de acordo com Paula Rezende a diversificação do setor é crescente. "A linha de clínicas populares, por exemplo, que atendem às classes C e D, teve um crescimento de mais de 500% em um ano. E há ainda as startups, que cobrem um espaço hoje ainda não atendido pela saúde tradicional. Há um leque muito grande de oportunidades", diz a especialista.

A 6ª melhor cidade do Brasil para empreender

Porto Alegre é hoje a sexta melhor cidade do Brasil para se empreender, segundo o Índice Cidades Empreendedoras 2022, estudo que leva em conta indicadores como infraestrutura, acesso, inovação e capital humano. A tendência, acredita o secretário Rodrigo Lorenzoni, é de que o ambiente torne-se mais adequado ao empreendedorismo nos próximos anos, a partir da regulamentação da Lei da Liberdade Econômica.
Entre as medidas, está a dispensa de autorização da prefeitura para licença de atividades de baixo impacto. Foram extintos o alvará e a taxa para este tipo de empreendimento. Para empresas maiores, o município criou o compliance tributário, que possibilita a criação de benefícios para empresas pagadoras de tributos em dia.