A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) homologa em maio a nova extensão da pista do Aeroporto Internacional Salgado Filho, que vai abrir uma nova etapa para expansão da capacidade de transporte de um dos maiores complexos aeroportuários do Brasil.
Obras desde 2019, tocadas pela concessionária Fraport Brasil e executadas , elevaram a faixa de pousos e decolagens dos atuais 2.280 metros, em uso, para 3.200 metros, agregando 920 metros que ainda aguardam o sinal verde para serem operacionais. A Fraport investiu R$ 135 milhões na obra, cuja conclusão foi adiada em um ano, do começo de 2021 para fevereiro de 2022.
"A inspeção no aeroporto de Porto Alegre pela Anac ocorreu nos dias 7 e 8 de março deste ano. A homologação da extensão da pista está prevista para o mês de maio", diz, por nota, a agência reguladora.
A habilitação envolve tanto o novo traçado e instrumentos que foram instalados e outros reinstalados, para orientar a aproximação, incluindo o ILS CAT II (Instrument Landing System –ILS Categoria II), sistema de aproximação de aeronaves em baixa visibilidade.
"Falta pouco, falta pouco", repetiu a CEO da Fraport Brasil, a romena Andreea Pal, ao projetar a tão esperada oficialização do traçado para uso do tráfego. Dois fatores elevarão o patamar de segurança e potencial do Salgado Filho. A habilitação dos instrumentos e a nova extensão, que permitirá que aeronaves com mais peso ou tamanho, como em rotas internacionais, possam descer e subir com facilidade.
A reativação do equipamento para pousos e decolagens reduzirá a frequência de restrições em dias de nevoeiro, que pode suspender a movimentação na largada da manhã, principalmente durante o inverno. O aparelho foi desligado para as obras da ampliação e para serem posicionados na chamada Resa, segmento de escape de aeronaves, no lado oposto à cabeceira próxima ao terminal de passageiros.
A Resa tem 600 metros de comprimento, que vão além dos 3,2 mil metros de pista de pouso, e ocupa parte da área que antes concentrava as moradia da Vila Nazaré.
Desde o fim de março e primeiros dias de abril, os moradores de Porto Alegre também puderam visualizar os voos do avião do Grupo Especial de Inspeção em Voo (Geiv), ligado à Força Aérea Brasileira (FAB) e que faz os testes no ar para uso da pista, desde aproximação a outras orientações que a operação exige.
"A aeronave Geiv está fazendo voos para aferições dos equipamentos que auxiliam as aeronaves nos procedimentos de aproximação, pouso e decolagem. Esta atividade faz parte do processo de homologação da ampliação da pista de pouso e decolagem", explicou a concessionária.
"As inspeções forma todas feitas e agora esperamos só a documentação, tanto Anac como Cindacta", comentou Andreea.
O aeroporto da Capital está sob a jurisdição do 2º Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta II), ligado ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea). "Agora é esperar a publicação das cartas aeronáuticas", indicou a CEO.
Mesmo que a nova extensão da pista seja sempre citada como uma variável essencial para impulsionar o segmento de cargas e também uma maior oferta de voos internacionais, a CEO da TAP Air, Christine Ourmières-Widener, que veio pessoalmente à Capital para brindar a retomada do voo direto com Lisboa, em operação desde o dia 30 de março, garantiu que a companhia pode fazer o transporte mesmo na atual pista.
"Temos duas aeronaves de carga aguardando registro para atuar no Brasil", adiantou Christine, projetando que o mercado gaúcho pode ser originador ou destino da malha da TAP Air Cargo.
Finalização da pista atrasa um ano
Casas da Vila Nazaré foram demolidas para a ampliação da pista do aeroporto, na área da Resa
MARIANA ALVES/JC
As obras que envolviam a ampliação da pista de pousos e decolagens do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, foram concluídas no começo de março deste ano, após terem sido retomada em setembro de 2021, com a retirada de famílias que ainda estavam na Vila Nazaré.
A finalização atrasou um ano - o cronograma da Fraport previa término até fevereiro de 2021 -, e três meses frente ao prazo inicial do contrato com a Anac, 31 de dezembro do ano passado, que foi prorrogado devido à pandemia e demora em liberar área onde ficavam as habitações.
A extensão da pista era aguardada desde o tempo da concessão da Infraero, estatal de administração de aeroportos, desde os anos 2000. A nova infraestrutura logística permitirá que aeronaves de maior porte e peso possam pousar e decolar, elevando o potencial do Salgado Filho como hub de cargas e ainda para atração de voos internacionais.
A extensão de 3,2 mil metros permitirá que a maior aeronave de transporte de passageiro que opera no Brasil possa descer na Capital, o Boeing 747-400.
A obra que dota o Salgado Filho com outra habilidade logística integra o conjunto de aportes previstos nos primeiros anos de concessão, com total de R$ 1,8 bilhão.
A nova pista, somada a melhorias na estrutura do complexo, à ampliação do terminal de passageiros (TPS), ao novo edifício-garagem e ao novo terminal de cargas (Teca) somam mais de R$ 1 bilhão desde 2018, quando começou a concessão, esclarece a Fraport Brasil.
Somente a drenagem da área com a nova extensão da pista custou R$ 180 milhões, mais que a obra da nova extensão, pois foi preciso adotar sistemas de bacias de detenção de água para evitar alagamento da pista.


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