Porto Alegre, quinta-feira, 19 de dezembro de 2019.

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Agroneg�cios

Not�cia da edi��o impressa de 19/12/2019. Alterada em 18/12 �s 18h14min

Demanda por carne brasileira cresce e afeta os pre�os

Valor pago pela arroba do boi gordo passou de R$ 150,00, em outubro, para R$ 231,00 em novembro de 2019

Valor pago pela arroba do boi gordo passou de R$ 150,00, em outubro, para R$ 231,00 em novembro de 2019


/WENDERSON ARAUJO/TRILUX/CNA/DIVULGA��O/JC
Thiago Copetti
Em 2019, o setor de proteína animal foi impactado por grandes elevações de preço. Um dos segmentos que recebeu grande atenção foi a carne bovina. O preço da arroba paga pelo boi gordo saltou de cerca de R$ 150,00, no início de outubro, para R$ 231,00 no final de novembro, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP). A alta foi de 50% em apenas dois meses.
Em 2019, o setor de proteína animal foi impactado por grandes elevações de preço. Um dos segmentos que recebeu grande atenção foi a carne bovina. O preço da arroba paga pelo boi gordo saltou de cerca de R$ 150,00, no início de outubro, para R$ 231,00 no final de novembro, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP). A alta foi de 50% em apenas dois meses.
"O preço do boi caiu de meados de 2016 até setembro de 2018, portanto, com retração de dois anos. Tínhamos o boi em torno de R$ 150,00 a arroba, e, com as operações Carne Fraca e delação premiada da JBS, com impactos na empresa, o valor descambou e foi parar em R$ 130,00, persistindo nesse patamar por um longo período", explica Gedeão Pereira, presidente da Farsul. "Os preços ao produtor tiveram queda constante neste tempo, chegando a 18%. Já para o consumidor, a retração foi de 2%. Na hora de cair, não caiu. Já quando subiu, o repasse é quase imediato", critica Gedeão.
Para o presidente da Farsul, os pecuaristas vivem um período muito esperado de recuperação. Segundo a entidade, na pecuária bovina de corte, em 2019, o incremento no Valor Bruto da Produção (VBP) é de 11%, passando de R$ 3,82 bilhões para R$ 4,23 bilhões, beneficiado, principalmente, pela alta de 16% no preço da arroba entre janeiro e novembro deste ano. E a tendência é de que os ganhos do setor devam continuar em 2020. "Os preços devem baixar um pouco quando acabar a entressafra no Brasil Central. No entanto, os patamares reduzidos não deverão voltar", afirma.
A inflação da carne bovina no final de 2019 é uma consequência do aumento de exportações de proteína animal que já se fazia presente, desde o início do ano, em aves e suínos. A causa desse movimento é o crescimento da demanda chinesa devido à Peste Suína Africana (PSA), que vem afetando a produção asiática desde o final de 2018.
A necessidade de abater muitos suínos na Ásia devido à doença fez com que o consumo de outras carnes e a procura por fontes de proteína animal explodisse no mercado mundial, acelerando uma tendência que já ocorria devido ao aumento natural do consumo chinês devido à maior demanda da população daquele país. Depois do abate de milhares de animais para conter o avanço da PSA, os chineses abarrotaram seus frigoríficos durante este ano, mas prevendo uma falta de carne no futuro. O que "coincide" com as muitas habilitações de frigoríficos, não apenas no Brasil como em toda a América Latina, explica Gedeão.
"Já consolidado como principal fornecedor externo de frango para a China, o Brasil, agora, deve expandir sua participação também nas vendas de carne suína", ressalta Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Segundo a instituição, puxadas pela China, as exportações de frango devem registrar aumento de 2,4% e alcançar 4,2 milhões de toneladas até o final do ano. Em valores, as vendas subiram de
US$ 5,99 bilhões, em 2018, para US$ 6,36 bilhões em 2019.
Nos suínos, o ano deve se encerrar com alta de 14,5% no volume de carnes embarcadas. O principal destino é o mercado chinês, responsável por 32,7% do volume comercializado. Em receita, as exportações devem somar US$ 1,4 bilhão, crescimento de 27,9% ante 2018. Para 2020, as expectativas são otimistas. "Hoje, o Brasil tem condições de aumentar as exportações, porque conta com alojamentos mais preparados a suportar o crescimento", explica Ricardo Santin, diretor-executivo da ABPA.
Há quem alerte para os riscos dessa dependência de exportações para o grande mercado asiático, que, neste ano, reduziu sua compra de soja por aqui, também reflexo da redução do abate de milhares de suínos. Gedeão, porém, destaca que alguma coisa ou outra (carne ou grãos) a China precisa comprar, e o Brasil é fornecedor natural e necessário, diz o líder ruralista. "O Brasil tem que ser vendedor. Em contrapartida, temos, na Ásia, o gigante chinês, extremamente dependente de importações de comida", conta o dirigente da Farsul.
Para Marina Zaia, consultora de mercado da Scot Consultoria, o Brasil tem condições de aumentar a produção de carnes e atender à demanda externa crescente, tendo em vista que os índices produtivos, na média do País, ainda são baixos, como, por exemplo, o peso de carcaça (média de
250 kg em 2018, segundo o IBGE). "No entanto, enfrentamos gargalos para aumentar essa produção, desde falta de logística e infraestrutura adequada até baixo níveis tecnológicos aplicados em algumas fazendas", destaca.
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