Jefferson Klein
Uma das certezas mais absolutas para o próximo ano na área de energia é que o governo de Eduardo Leite tentará obter êxito onde José Ivo Sartori não conseguiu: privatizar as estatais CEEE, Sulgás e CRM. Em compensação, uma das maiores dúvidas é se conseguirá. A secretária estadual de Desenvolvimento Econômico e de Minas e Energia, Ciência e Tecnologia, Susana Kakuta, pondera que, depois da experiência em 2018, é muito complicado avaliar quão difícil será passar o processo de privatização das estatais pela Assembleia Legislativa em 2019.
"O que eu posso dizer é que, cada vez mais, os cidadãos vão ver a importância de focar os escassos recursos do estado do Rio Grande do Sul nas áreas estratégicas", enfatiza. A secretária vê a privatização como um caminho sem volta. Susana reforça que o atual governo preparou essas estatais para essa etapa. "A gente sabe que o maior valor que se recebe por um ativo é quando esse ativo está o mais saudável possível", frisa. Por isso, diz a secretária, avançou-se em pontos como governança, melhorias econômico-financeiras e ações que trazem mais segurança para um eventual investidor e valorizam as empresas.
Susana argumenta que não se pode desassociar a questão do Rio Grande do Sul do cenário nacional. A dirigente destaca que o momento que passou, de profunda recessão e muita incerteza política, impactou diretamente a economia. Agora, a perspectiva é mais positiva, com a aposta de recuperação econômica do País, o que terá reflexos para o Estado. O coordenador do grupo temático de energia da Fiergs, Edilson Deitos, é outro que espera novos investimentos na área de energia em 2019. Um segmento que deve crescer é o fotovoltaico, sendo que, no Rio Grande do Sul, essa área deve se desenvolver, especialmente, no campo da geração distribuída (produção de eletricidade no local de consumo, com a possibilidade de jogar o excedente na rede elétrica e usufruir de créditos para abater na conta de luz).
De empreendimentos de maior porte a serem desenvolvidos no Estado é possível citar, ainda, o terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL) e a termelétrica de Rio Grande, projetos capitaneados pela Bolognesi, mas que o grupo gaúcho tentou repassar a outros empreendedores. No entanto, a secretária de Minas e Energia admite que são iniciativas que enfrentam dificuldades. A primeira delas, ressalta Susana, é dentro da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que revogou a outorga de autorização da usina. "São projetos que já perderam uma fração importante do seu tempo", aponta Susana. A retomada dessas iniciativas, reitera a dirigente, tem que passar pelo órgão regulador. "São empreendimentos grandes, significativos, a gente sabe da importância disso para a região, mas me parece que, neste momento, eles estão quase que inviabilizados", comenta.