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Pensar a Cidade

- Publicada em 17 de Dezembro de 2021 às 03:00

Um novo projeto de cidade para Porto Alegre

Entidades ligadas ao planejamento urbano apontam caminhos para a capital gaúcha

Entidades ligadas ao planejamento urbano apontam caminhos para a capital gaúcha


LUIZA PRADO/JC
O ano em que completa 250 anos é uma oportunidade para Porto Alegre construir, junto com a sociedade, um projeto de cidade. Paralelo à revisão do Plano Diretor, que tem como meta planejar a cidade para a próxima década, o debate deve se abrir para outros grandes temas urbanos - mobilidade, saneamento e habitação talvez sejam os mais marcantes ao se pensar nos problemas que a Capital enfrenta hoje.
O ano em que completa 250 anos é uma oportunidade para Porto Alegre construir, junto com a sociedade, um projeto de cidade. Paralelo à revisão do Plano Diretor, que tem como meta planejar a cidade para a próxima década, o debate deve se abrir para outros grandes temas urbanos - mobilidade, saneamento e habitação talvez sejam os mais marcantes ao se pensar nos problemas que a Capital enfrenta hoje.
Para isso, é preciso contemplar uma maior abertura à participação, marca que Porto Alegre carregou por anos e é apontada como responsável por consolidar a integração entre população e governo, mas que está perdendo força.
A avaliação apresentada é consenso entre representantes de três entidades que responderam à coluna sobre as suas ideias para a cidade pensar no seu próximo aniversário. A proposta é apresentar os temas que podem pautar uma reflexão mais aprofundada sobre o perfil da Capital e o rumo que pretende seguir a partir deste um quarto de milênio a ser completado em 2022.
Para Tiago Holzmann da Silva, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo no Rio Grande do Sul (CAU/RS), hoje "Porto Alegre não sabe o que quer ser nem onde quer chegar, e isso dificulta a organização da sociedade". O marco dos 250 anos pode ser a oportunidade para a Capital "sentar todos os seus grupos de interesse em torno de uma mesa, simbolicamente, e elaborar esse projeto que é de todos, para que nos próximos anos se tenha um salto de qualidade de vida da cidade, na construção, na moradia, na mobilidade, no espaço público", completa.
Na mesma linha, Cezar Henrique Ferreira, presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado (Senge/RS), aponta o planejamento integrado e de longo prazo como o ponto capaz de convergir os grande desafios que a Capital precisa resolver: mobilidade, saneamento, recuperação de distritos em situação de abandono, meio ambiente, área rural, e a relação com a orla do Guaíba para além do trecho central. "E quando se fala em cidade grande, obviamente tem que ter como pré-requisito ser inclusiva e democrática", sustenta.
Rafael Passos, presidente da seccional gaúcha do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/RS) defende que, paralelo à revisão do Plano Diretor, Porto Alegre precisa da "retomada da sua esfera pública e da capacidade de participação e de debate público sobre as grandes questões da cidade".
Passos lembra que, dos 250 anos da Capital, os 50 mais recentes foram marcados pelo aprofundamento do processo democrático com origem na base da população, passando pela redemocratização na década de 1980 e se consolidando com o Orçamento Participativo e o Fórum Social Mundial. Ele destaca como necessária "a capacidade da sociedade se organizar e influir no poder público" como o caminho "para a retomada de uma cidade que se valorize de fato".

Aniversário da Capital é celebrado em março, mas calendário prevê programação durante todo o ano de 2022

Segundo andar do Mercado Público de Porto Alegre, fechado desde o incêndio de 2013, deverá ser reaberto ao público em março de 2022

Segundo andar do Mercado Público de Porto Alegre, fechado desde o incêndio de 2013, deverá ser reaberto ao público em março de 2022


/ANDRESSA PUFAL/JC
Já começaram e seguem até o fim de 2022 as comemoração pelo aniversário de 250 anos de Porto Alegre, no dia 26 de março do próximo ano. Organizado pela prefeitura, o calendário de atividades está sendo construído de forma colaborativa com diversos grupos da sociedade e promete movimentar a cidade, aposta Rogério Beidacki, titular da Secretaria Extraordinária para os 250 anos de Porto Alegre.
A ideia é estimular a comunidade para que ela promova os eventos. Por meio deles, a prefeitura quer despertar "a sensação de pertencimento" em relação à cidade, afirma Beidacki, e atrair olhares de fora, especialmente voltados para o turismo e investimentos na Capital. Uma das medidas será tornar o calendário permanente, como forma de concentrar informações sobre todos os eventos da cidade.
O secretário destaca que a comemoração vai contemplar a reabertura do segundo andar do Mercado Público, entrega muito aguardada pelos porto-alegrenses. Interditado desde o incêndio de 2013, a liberação de acesso está prevista para a semana de Porto Alegre, entre 20 e 26 de março. Recém anunciada, a transformação do Paço Municipal em um centro cultural, já que deixará de abrigar o gabinete do prefeito e outras funções administrativas, também está prevista para 2022, mas sem data.
Promovido pelo poder público, está na agenda o tradicional Baile de Porto Alegre, que acontece no dia 26 de março junto ao Espelho D'água da Redenção. Um dia antes, no mesmo local, 250 meninas de baixa renda que completam 15 anos em 2022 participam do Baile de Debutantes.
Qualquer entidade interessada pode incluir um evento, seja regular ou dedicado ao aniversário da cidade, no calendário oficial da prefeitura. É o caso da realização do South Summit, feira internacional de tecnologia que será sediada no Cais Mauá nos dias 29, 30 e 31 de março e já consta na lista organizada pela Secretaria dos 250 anos de Porto Alegre.
Cabe ponderar que tudo o que está previsto, especialmente as atividades com maior concentração de público, dependerá de condição sanitária favorável devido à pandemia de Covid-19.
Beidacki afirma que a prefeitura "está monitorando e obviamente, se tiver necessidade de revisão de processo, vai ser feito". Este não é, no entanto, o cenário projetado pelo governo.