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CONSUMO SUSTENTÁVEL

- Publicada em 04 de Junho de 2019 às 15:43

Pensamento sobre a moda requer responsabilidade

Natália reforça há oito anos seu propósito com a moda sustentável e incentiva a cultura de brechós

Natália reforça há oito anos seu propósito com a moda sustentável e incentiva a cultura de brechós


MARCELO G. RIBEIRO/JC
A cada segundo, 4,4 mil peças de roupas são produzidas no mundo, de acordo com pesquisa da World Resources Institute. Para produzir apenas uma camiseta de algodão são utilizados 2,7 mil litros de água, segundo o Water Footprint, o que equivale à quantidade suficiente para uma pessoa beber ao longo de dois anos e meio. Os dados chocam e movem pessoas para um novo caminho: a moda sustentável.
A cada segundo, 4,4 mil peças de roupas são produzidas no mundo, de acordo com pesquisa da World Resources Institute. Para produzir apenas uma camiseta de algodão são utilizados 2,7 mil litros de água, segundo o Water Footprint, o que equivale à quantidade suficiente para uma pessoa beber ao longo de dois anos e meio. Os dados chocam e movem pessoas para um novo caminho: a moda sustentável.
Preocupada com o meio ambiente e o caminho que a indústria da moda estava levando, a produtora e idealizadora do Brick de Desapegos, Natália Guasso, 36 anos, resolveu tomar uma atitude. Há oito anos, ao mudar de casa, ela viu a quantidade de roupas que possuía e fez uma autocrítica sobre o próprio consumo. A partir disso, resolveu fazer um encontro de desapegos, e foi assim que o Brick de Desapegos nasceu. "Sempre pensei num propósito, sempre gostei de ajudar a cidade e as pessoas. Encontrei o meu próprio na moda sustentável, no brechó", revela. 
Hoje, o projeto fecha ruas e já juntou mais de 80 expositores. A feira une desapegos, brechós, marcas autorais e outras atrações. Com o objetivo de apresentar a moda sustentável para a sociedade, a produtora afirma fazer um trabalho de "formiguinha". "A moda pode mudar e transformar, e também fazer com que o mundo mude, porque a moda é uma das coisas mais problemáticas no mundo capitalista, desde o seu início ela prejudica o meio ambiente, o mundo social, o mundo como um todo."
O pensamento de que não há espaços para novas marcas e produtos que não estejam relacionados à sustentabilidade é também compartilhado pela designer, ilustradora e criadora da La Mancha, Bianca Rubim, 24 anos. Em 2014, ela criou a marca que une exclusividade e arte, além de renovar roupas antigas como incentivo ao consumo consciente. "Coletar resíduos gerados pela indústria local e somá-los com a arte foi o princípio da marca. É urgente frear a lógica destrutiva da moda que coloca em risco todo o ecossistema do planeta", afirma. Bianca ressalta a importância de apoiar o produtor local, conhecer a pessoa que faz as suas roupas, saber de onde vem e para onde vai o tecido depois.
Criadora do Brechó de Troca, a psicanalista e consultora de estilo Helena Soares, 39 anos, pensa a relação que a sociedade tem com as roupas. Segundo ela, o conceito de moda é problemático, porque não aborda a sustentabilidade. "O mundo já acabou. A gente tem que pensar no que nos é sustentável enquanto seres humanos. Para mim, é poder cuidar da maneira como a gente se posiciona no mundo. Isso pode ter a ver com a quantidade de plástico que a gente espalha no planeta, a quantidade de roupa que adquire, mas muito mais a ver com o que a gente tem e o que a gente é", salienta.
Helena explica que é preciso ter consciência sobre o sistema da moda até quando peças de roupas são ganhas: "Se sou uma consumidora, tenho que pensar que sou consumidora até quando ganho. Se aceito uma peça de roupa, ela é minha e tenho responsabilidade sobre ela", aponta.

Curiosidade é ferramenta para o consumidor consciente

Ex-modelo, Chiara fundou há mais de 10 anos o Movimento Ecoera

Ex-modelo, Chiara fundou há mais de 10 anos o Movimento Ecoera


ARQUIVO PESSOAL CHIARA GADALETA/DIVULGAÇÃO/JC
Chiara Gadaleta, 49 anos, sempre viveu o mundo da moda. Inicialmente, como modelo, considerando-a um retrato fiel de uma época. Em 2008, começou a questionar se a moda havia entrado em um descompasso com seu tempo. Há mais de 10 anos, ela fundou o Movimento Ecoera, com a missão de integrar mercados a questões sociais e ambientais por meio de um conjunto de atividades, práticas e ações que aproximam toda a cadeia produtiva dessas áreas à sustentabilidade ambiental, social, econômica e cultural, como conta em entrevista ao Jornal do Comércio.
Jornal do Comércio - O que é consumir moda de forma consciente?
Chiara Gadaleta - Trata-se de se tornar ativo face ao consumo. Nessa transição, perguntas como quem, onde e como foram feitas as roupas e objetos que adquirimos é o primeiro passo. A curiosidade é uma excelente ferramenta para se tornar um consumidor mais consciente.
JC - E o que é o projeto "A Moda Pela Água"?
Chiara - A plataforma "A moda pela água" foi idealizada pelo Movimento Ecoera como um espaço de inovação, conhecimento, e transparência, onde as empresas, consumidores e ONGs se encontram e compartilham suas iniciativas referentes ao consumo consciente de água. O objetivo é fomentar a discussão sobre a temática e disponibilizar um ambiente neutro no qual as empresas e consumidores finais forneçam e compartilhem informações sobre suas práticas para colaborar com a redução do consumo de água.
 

Dicas para um guarda-roupa mais sustentável

  • Seja cada vez mais curioso e pesquise a origem das peças;
  • Tenha certeza de que a peça que vai adquirir pode ser combinada com as que você já tem;
  • Veja qual é a relação da marca do produto que você está comprando com as questões sociais e ambientais;
  • Opte por marcas que usem embalagens conscientes e que indiquem uma destinação correta das peças quando terminam suas vidas úteis;
  • Busque peças de qualidade, que durem mais e que não serão descartadas de forma prematura e sem lugar correto.