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Meio Ambiente

- Publicada em 05 de Junho de 2020 às 03:00

Os dois motores da sustentabilidade: investidores e consumidores

Para o economista, volta da normalidade dependerá de uma vacina

Para o economista, volta da normalidade dependerá de uma vacina


/LUIZA PRADO/JC
Em janeiro, o CEO e presidente do conselho da BlackRock - maior gestora de recursos do mundo - surpreendeu na tradicional carta que escreve todos os anos ao mercado financeiro. Larry Fink avisou que, até o final de 2020, a BlackRock vai zerar os investimentos em empresas que tenham mais de 25% do faturamento proveniente do carvão térmico. Na hora da BlackRock decidir onde investir, os fatores ASG passarão a ter a mesma importância que os riscos de crédito e de liquidez.
Em janeiro, o CEO e presidente do conselho da BlackRock - maior gestora de recursos do mundo - surpreendeu na tradicional carta que escreve todos os anos ao mercado financeiro. Larry Fink avisou que, até o final de 2020, a BlackRock vai zerar os investimentos em empresas que tenham mais de 25% do faturamento proveniente do carvão térmico. Na hora da BlackRock decidir onde investir, os fatores ASG passarão a ter a mesma importância que os riscos de crédito e de liquidez.
"O mercado está mudando", resume o ex-secretário estadual da Fazenda Aod Cunha, ao lembrar que o fundo soberano da Noruega - o maior do mundo -, recentemente, excluiu a Vale e a Petrobras de sua carteira de investimentos. O motivo? Os desastres humanos e ambientais causados pela mineradora em Minas Gerais e pela empresa de energia em Belo Monte, no Pará."A velocidade da mudança que estamos vendo, com empresas mais engajadas, ocorreu principalmente porque o mercado financeiro e os grandes fundos de investimento começaram a pressionar as companhias", explica Aod.
A pressão é maior para as empresas que operam na bolsa de valores e atuam no mercado externo, mas também afeta as organizações menos internacionalizadas. Muitos bancos, por exemplo, já têm equipes especializadas em avaliar os riscos ambientais dos empreendimentos - o que pode resultar em juros mais altos ou até na negativa de crédito.
Bancos e investidores não querem apenas preservar suas reputações - ficando longe de empresas envolvidas em desastres ambientais -, mas também evitar prejuízos. Um bom exemplo vem da Braskem. Durante a crise hídrica que atingiu São Paulo em 2014, muitas empresas tiveram que parar de funcionar pela falta de água. Não foi o caso da petroquímica, que tinha investido em um serviço de reaproveitamento da água do esgoto para uso industrial."A Braskem não parou de funcionar um minuto, porque se antecipou a este risco", lembra Jorge Soto, diretor de Sustentabilidade da companhia.
Além de prevenir riscos, investir em sustentabilidade também diminui custos. Por exemplo: se a empresa gera menos resíduos, vai gastar menos para tratá-los. Um estudo feito pelo CEBDS com 61 empresas mostrou que investimentos de US$ 17,5 bilhões em iniciativas sustentáveis converteram-se em um lucro de US$ 124 bilhões, além de terem livrado as companhias de um risco da ordem de US$ 45 bilhões.
De olho nesses números, os investidores pressionam cada vez mais as empresas. Mas não estão sozinhos. O segundo motor da economia verde está do outro lado do balcão. Os consumidores - especialmente os mais jovens - devem escantear as marcas que não informarem de onde vem sua matéria-prima, para onde vão seus resíduos e como tratam seus empregados."A sociedade vai mudando de valores. A empresa que quiser sobreviver tem que se adequar o quanto antes, porque o cerco está se fechando", alerta Karen Tanaka, do CEBDS.

Renner: uma gaúcha entre as mais sustentáveis do mundo

Pela sexta vez consecutiva, a varejista também compõe o Índice de Sustentabilidade da bols

Pela sexta vez consecutiva, a varejista também compõe o Índice de Sustentabilidade da bols


LOJAS RENNER/DIVULGAÇÃO/JC
A Renner é uma das sete empresas brasileiras no prestigiado Índice de Sustentabilidade da Dow Jones, da bolsa de Nova York - e a única do varejo. Um feito conquistado pela quinta vez na história da organização. O índice - composto por 318 empresas de 27 países - foi o primeiro a selecionar organizações líderes em sustentabilidade do mundo."Isso nos coloca em outro patamar", afirma Eduardo Ferlauto, gerente sênior de Sustentabilidade da Lojas Renner.
Pela sexta vez consecutiva, a varejista também compõe o Índice de Sustentabilidade da bolsa de valores brasileira, o ISE. Na prática, esses feitos se revertem em mais investimentos, já que diversos fundos de ações usam os índices de sustentabilidade para escolher as empresa de seus portfólios."Desde que o ISE surgiu, suas empresas tiveram uma valorização 200% maior que o Índice Bovespa. Isso mostra o que, de fato, é estar dentro de uma carteira seleta como essa", concluiu Ferlauto.
Em 2018, a Renner lançou o selo Re de moda responsável - que usa processos ou matérias-primas de menor impacto ambiental."A partir do selo Re, a gente conseguiu engajar não só os colaboradores, mas toda a rede de fornecedores, para começar a desenvolver processos menos impactantes de matérias-primas", conta Ferlauto. A empresa quer ter 100% de sua cadeia de fornecedores de revenda com certificação socioambiental até o final de 2021.

Sicredi: bem mais que números

45% das placas instaladas no Estado em 2019 tiveram financiamento do Sicredi

45% das placas instaladas no Estado em 2019 tiveram financiamento do Sicredi


PAULO SÉRGIO FERRARI/DIVULGAÇÃO/JC
A diretoria do Sicredi sempre achou que as demonstrações financeiras - cheias de tabelas, números de gastos e faturamento - não davam conta de mostrar tudo que a organização fazia junto às comunidades."Os impactos no dia a dia são muito maiores do que é possível registrar na contabilidade. Foi aí que a gente começou a discussão para publicar o relatório de sustentabilidade, para mostrar o que o Sicredi tem que o torna diferente das outras instituições financeiras", conta o vice-presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port. O último relatório, de 2019, é o oitavo da história da companhia.
Organizado em cooperativas, o Sicredi tem 4,5 milhões de associados - 1,8 milhão no Rio Grande do Sul - e está presente em 22 estados e no Distrito Federal. Entre as principais ações na área ambiental está a oferta de linhas de crédito e consórcios para a economia verde, com foco em projetos de baixa emissão de carbono, maior eficiência dos recursos e inclusão social. No ano passado, esse tipo de financiamento alcançou R$ 11,2 bilhões em todo o Brasil. Os destaques foram a agricultura de baixo carbono e a energia solar - 45% das placas instaladas no Estado em 2019 tiveram financiamento do Sicredi.

Braskem: sustentabilidade como trampolim

Como uma empresa petroquímica pode se destacar no tema da sustentabilidade? A Braskem mostrou que isso é possível em 2010, ao inaugurar, no Polo Petroquímico de Triunfo, a maior unidade de eteno verde do mundo. Usado como matéria-prima para a produção das resinas, o material é feito a partir da cana-de-açúcar e vendido a mais de 150 clientes de todo o mundo."A Braskem não era conhecida pelos seus produtos tradicionais no mundo inteiro, mas passou a ser reconhecida pelos produtos de origem renovável. Isso aumenta a atratividade da empresa, motiva novos investimentos", afirma Jorge Soto, diretor de Sustentabilidade da Braskem. A companhia conta com 41 unidades industriais em quatro países, seis delas estão no Rio Grande do Sul, além de um dos Centros de Tecnologia e Inovação. A Braskem está no Índice de Sustentabilidade da bolsa brasileira (ISE) desde a primeira edição, em 2005. Segundo Soto, a pressão por práticas mais sustentáveis estimula a inovação."Hoje, a maior produtora mundial de biopolímeros está em Triunfo."