Uma pequena cabine, de 2,40 metros de comprimento por 1,80 de largura, equipada com cama com colchão especial e ar condicionado, chamou a atenção de muitos visitantes da 21ª edição da Transposul, Feira e Congresso de Transporte e Logística, em Bento Gonçalves.
Criado pela startup SllepBoll, o pequeno dormitório foi idealizado com a ideia de ser um espaço de descanso para motoristas profissionais em viagem. O desenvolvimento exigiu até agora investimento de R$ 500 mil.
Concebido inicialmente como forma de ajudar a reduzir as mortes no trânsito, causadas muitas vezes por condutores exaustos, o produto não teve o apelo social que imaginava o fundador, Luciano Paixão. A proposta com esse foco mais humano não atraiu investidores.
“Em 20 anos, o Brasil somou 672 mil mortes no trânsito e mais de 2 milhões de incapacitados, o que gera, além de uma tragédia pessoal e familiar, enormes custos à previdência”, explica Paixão.
De acordo com o empresário diferentes estudos apontam que grande parte dos acidentes nas estradas é causada por cansaço do condutor. O negócio, que teve pouco interesse por parte das empresas, postos de combustíveis e transportadoras, ganhou impulso com a entrada em vigor da lei 13.103/2015, determinando um limite de horas de trabalho e descanso dos profissionais.
Foi assim que o SleepBoll começou a ganhar atratividade e agora entra em testes pilotos em uma grande siderúrgica gaúcha e já está em uso em um posto de combustíveis da rede Buffon, em Nova Santa Rita, às margens da BR-386, segundo Paixão.
“No caso da empresa de siderurgia que solicitou um teste piloto, o foco é nos motoristas que precisam ficar aguardando para uma entrega ou carregamento por longas horas e necessitam descansar para poder seguir viagem”, explica o empreendedor.
As cabines podem ser instaladas em pontos de descanso nas estradas, em empresas com grande movimentação de caminhões, como no transporte das safras de grãos, e postos de combustíveis. Com o forte atrativo da legislação trabalhista, Paixão agora comemora inclusive a possibilidade de atrair investidores ou mesmo o uso de linhas de crédito via Bndes.
“Até o final do ano, temos a perspectiva de comercializar 3 mil cabines em todo o Brasil”, calcula Paixão.
O valor da cabine é R$ 25 mil. A startup trabalha com mais de uma forma de exploração do negócio. O investidor pode comprar e ter receita na operação ou na locação.
Como funciona do SleepBoll
- O motorista baixa o aplicativo e, quando acionado, recebe pelo sistema onde está a cabine mais próxima disponível.
- Ele recebe um código que utiliza para abrir a porta, que automaticamente aciona os sistemas de iluminação e a ar-condicionado. A cabine é abastecida por energia solar.
- Ao sair, o motorista encerra a diária e um alerta é enviado ao proprietário da cabine para que seja feita a limpeza e o espaço possa ser novamente liberado para uso.
- O custo é de R$ 12,00 por hora.
- Mais informações em sleepboll.com.br.