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Indústria 4.0

- Publicada em 24 de Maio de 2019 às 03:00

Estado trabalha para se alinhar às mudanças

Rio Grande do Sul lidera, na região, concentração de startups que desenvolvem projetos para a indústria

Rio Grande do Sul lidera, na região, concentração de startups que desenvolvem projetos para a indústria


/CNI/DIVULGAÇÃO/JC
O conceito de indústria 4.0 ainda pode parecer um pouco distante da realidade de muitos empresários, mas os especialistas da área afirmam que esse é um caminho inevitável a ser seguido por quem busca competitividade ou, até mesmo, sobrevivência. É na tecnologia que estão centradas as soluções para as mais diversas questões do mundo dos negócios, e não há mais empresa que possa ficar imune a ela.
O conceito de indústria 4.0 ainda pode parecer um pouco distante da realidade de muitos empresários, mas os especialistas da área afirmam que esse é um caminho inevitável a ser seguido por quem busca competitividade ou, até mesmo, sobrevivência. É na tecnologia que estão centradas as soluções para as mais diversas questões do mundo dos negócios, e não há mais empresa que possa ficar imune a ela.
"A indústria 4.0 é uma saída que as indústrias tiveram que buscar por uma questão de sobrevivência, uma estratégia de inovação e reinvenção dos seus negócios, buscando melhor produtividade e atendimento a seus clientes. Vemos, de maneira geral, a indústria perdendo relevância junto ao PIB nacional (Produto Interno Bruto) e isso forçou a busca de soluções nesse novo ambiente de inovação", avalia o sócio de mercados da Região Sul da KPMG do Brasil, Wladimir Omiechuk.
Dentro desse cenário de renovação, o Rio Grande do Sul ocupa um lugar que traz, ao mesmo tempo, otimismo e uma certa preocupação. "Somos bastante industrializados dentro da realidade brasileira e estamos mais avançados dos que outros quando falamos de indústria 4.0, mas se compararmos ao engajamento de estados mais industrializados, ainda temos muitos desafios para nos conectarmos com essa tendência. Mas nossa visão é bastante otimista, pois vemos um importante trabalho sendo feito junto a associações, universidades e agentes do governo. Há uma consciência, principalmente entre as lideranças, de que a indústria local precisa se alinhar e se conectar mais a essa realidade que, no Brasil, já está um pouco mais avançada", afirma Alejandro Frank, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e diretor do Núcleo de Engenharia Organizacional (NEO) da instituição.
Um dos fatores que favorecem o desenvolvimento da indústria 4.0 no Estado é forte presença de fornecedores de tecnologia. Um relatório inédito divulgado recentemente pela KPMG mostra que o Rio Grande do Sul lidera, na Região Sul, a concentração de startups que desenvolvem projetos para a indústria 4.0. Do total das jovens empresas atuando nesta área no país, 11,6% estão aqui, ficando à frente do Paraná com 7,1% e da Santa Catarina com 6,3%. Essas startups estão criando soluções inovadoras em segmentos como Internet das Coisas, Energia, Big Data, Inteligência Artificial, Robótica, Logística, Realidade Virtual e Realidade Aumentada, Automação e Impressão 3D.
"Fizemos levantamentos aqui no Estado e, por meio de pesquisas mais abrangentes, vemos que existe uma capacidade de oferta e de soluções 4.0 do lado dos fornecedores. Se as indústrias quiserem fazer 4.0, elas encontram fornecedores aqui no Rio Grande do Sul. No setor de máquinas, por exemplo, vemos a intenção das empresas em investir, elas sabem que esse é um caminho que precisa ser percorrido, mas os dados mais qualitativos nos mostram que ainda há receio em avançar, pois o momento é de aguardar o que vai acontecer no País em nível de governo", descreve Néstor Fábian Ayala, professor de engenharia de produção da Ufrgs.
O fator econômico também é apontado como um entrave para o desenvolvimento da indústria 4.0 no Rio Grande do Sul. A crise econômica do Estado reduz a competitividade do setor industrial, prejudicando os negócios. "Nosso Estado já vem a algum tempo sofrendo muito com a questão de competitividade e isso impacta as decisões e a capacidade de investimento das empresas. Muitas vezes, isso faz com o empresário seja mais conservador em relação adoção de tecnologias que demandam investimento. Existe, sim, um lado cultural: entrevistamos muitos fornecedores de tecnologia e eles dizem que e mais difícil entrar com tecnologia no mercado do Rio Grande do Sul, mas tem se levantado um desenvolvimento muito interessante dessa área do Estado. Buscamos trabalhar o aproveitamento do que é local, aproveitar o que há bom do nosso Estado, e acredito no potencial desse ecossistema que existe aqui", pondera Frank.

Cooperação e trabalho envolvem diversos atores e processos de novas tecnologias

Avanços demandam pensamento estratégico do empresariado

Avanços demandam pensamento estratégico do empresariado


/CNI/DIVULGAÇÃO/JC
Não há como falar em indústria 4.0 sem pensar em conectividade e integração. Esses são conceitos-chave tanto para as tecnologias que compõem esse tipo de iniciativa quanto para forma de trabalho de quem aposta nelas. Ou seja, na indústria 4.0, ninguém faz nada sozinho, é preciso cooperação entre diversos atores. "Quando falamos de conceitos que têm relação com o avanço da internet, estamos falando de basicamente de conexão, seja de componentes, dados, acesso remoto. Tudo isso envolve que vários sistemas conversem entre si e trabalhem de forma cooperativa. São sistemas desenvolvidos por diversas empresas e, no conceito de cooperação e conectividade, é preciso que elas se comuniquem para chegar a uma solução única. São peças de um quebra-cabeça que precisam ser unidas. Por isso falamos que a visão de ecossistema e de integração entre as empresas é essencial, porque uma empresa sozinha não é capaz de fornecer uma solução completa e complexa", explica o professor da Ufrgs Alejandro Frank.
Ao montar esse quebra-cabeça, os empresários podem encontrar mais do que tecnologias para produzir mais e melhor o que já fazem. Por meio da indústria 4.0, é possível também ampliar a visão de negócio e os horizontes dentro do que se possui: novas formas de oferecer equipamentos, novos serviços agregados, novas formas de coletar dados dos clientes. "Essa é uma visão centrada no que a tecnologia é capaz de habilitar as empresas a fazer. A nossa discussão precisa caminhar também nessa direção. Não estamos em condições de discutir escala de produção, pois os dados brasileiros mostram que as indústrias estão com excesso de capacidade. Temos que começar a pensar em como essas novas tecnologias podem gerar novos negócios, mercados e tipos de atividades dentro das fábricas. Isso demanda um pensamento estratégico sobre tecnologia e, às vezes, o empresário naturalmente vê mais valor em investir na tecnologia em si do que no desenvolvimento tecnológico da empresa. Acredito que esse seja um ponto muito importante para se pensar no avanço da indústria brasileira" aconselha Frank.