O Rio Grande do Sul está colhendo sua maior safra de soja, cerca de 18,74 milhões de toneladas, resultado levemente acima das 18,71 milhões de toneladas produzidas em 2017, até então o melhor resultado, segundo dados da Emater-RS. No total de grãos, o volume deverá ser de 34,78 milhões de toneladas, o segundo melhor resultado. No País, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas deve fechar 2019 com 230,1 milhões de toneladas, um crescimento de 1,6% (mais 3,6 milhões de toneladas) em relação a 2018, segundo estimativa do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A área colhida estimada é de 62,3 milhões de hectares, ou seja, 2,3% maior do que a de 2018 e 0,6% superior ao total previsto em fevereiro.
Favorecida pelo clima seco, a previsão é de que a colheita esteja totalmente finalizada ao longo do mês de maio. "Esta é uma safra altamente satisfatória aos olhos do produtor, com relação ao preço e à produção, especialmente da metade Norte do Estado. Apesar de um pouco mais de dificuldade na Metade Sul, a safra foi compensada pelos fatores já consolidados de produção no Estado", destaca o diretor técnico da Emater, Alencar Rugeri. Ele salienta que o profissionalismo dos produtores, associado às condições ambientais, deram esse patamar de produção, principalmente em relação ao milho e a soja. O impacto econômico da safra de grãos, calculado pela Emater, é de R$ 31,9 bilhões, considerando as cotações atuais.
Soja- Mesmo com colheita maior, futuro é incerto para a produção
Setor reclama da falta de competitividade com o Mercosul
/JOSÉ SCHAFER/DIVULGAÇÃO/JC
Segundo a Associação de Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS), o clima colaborou para a safra do grão, mesmo com algumas áreas sendo mais prejudicadas pelas chuvas, como a Metade Sul. "Apesar do histórico de atraso do plantio, do replantio, e de problemas localizados, a safra é considerada muito boa", aponta o presidente da Associação, Luis Fernando Fucks.
No entanto, o prognóstico dos produtores é de preocupação com o futuro da soja, pois, para atender o mercado internacional, especialmente a China, é preciso levar em conta as expectativas de demanda e de preço. "Essa guerra comercial entre os Estados Unidos e China aponta para a dependência do Brasil com relação à China, nosso maior comprador. Precisamos urgentemente desenvolver mercado na Ásia. Nesse cenário, temos que saber se vamos fazer frente e expandir fronteiras agrícolas ou se vamos conseguir atender essa demanda de produção com os custos elevados que temos".
Assim como o clima, a guerra comercial vai ser um dos fatores que devem ditar os preços do mercado daqui para a frente. Outra barreira imposta aos produtores brasileiros é a falta de competitividade com relação aos parceiros do Mercosul. Na avaliação da Aprosoja, entraves como a alta carga tributária para a aquisição de insumos e de logística precisam ser resolvidos para o mercado expandir.
Milho - Estado precisa ampliar investimentos em busca da autossuficiência do grão
Cereal deve obter desempenho 22,3% superior ao registrado em 2018
/JOSÉ SCHAFER/DIVULGAÇÃO/JC
O milho é o segundo maior cultivo do País, atrás apenas da soja, e o Rio Grande do Sul está entre os principais estados produtores. O destaque deste ano, segundo a Emater, é justamente o cereal, que deve ter um desempenho 22,3% superior ao ciclo passado, interrompendo uma sequência de quedas na produção. O volume estimado é de 5,5 milhões de toneladas. O desempenho foi influenciado pelo aumento de área (7,4%) e de produtividade (13,8%). "O resultado é considerado eficiente, especialmente pelas condições do solo e o manejo adequado desse ano", alerta Rugeri.
Hoje, cerca de 12% da área atual é irrigada, o que explica parte do sucesso obtido na safra atual. "Existe um tripé de sustentação para que o processo seja eficiente, que inclui solo, irrigação e armazenagem", disse ele, lembrando que é necessário ampliar investimentos para atingir a autossuficiência.
Arroz - Conjuntura complexa inviabiliza competitividade para o rizicultor gaúcho
Caderno Dia da Indústria- matéria arroz- Credito Sergio Pereira Divulgação Irga
/SERGIO PEREIRA/IRGA/DIVULGAÇÃO/JC
Com quebra significativa na atual safra de arroz, devido ao excesso de chuvas na Fronteira Oeste e Campanha, responsáveis por 45% da produção gaúcha, aliada à baixa luminosidade no período reprodutivo e a alta do dólar, o Rio Grande do Sul registra uma produtividade menor este ano, equivalente a mais de um R$ 1 milhão em perdas na lavoura. O volume colhido deve ser de aproximadamente 7,2 milhões de toneladas, comparado à safra anterior, que fechou em 8,7 milhões.
No final de abril, a colheita da safra 2018/2019 atingiu 837.518 hectares, ou 85,1% do total semeado de 984.081 hectares de arroz. "O cenário atual não é nada promissor. Os produtores estão endividados, a cada safra eles vêm diminuindo suas áreas de produção, devido ao alto custo, e também enfrentam dificuldades de acesso às linhas de créditos", explica o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Guinter Frantz.
O vice-presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Fedearroz), Alexandre Velho, defende a busca por novas alternativas de renda e a necessidade de medidas governamentais que incentivem a cadeia orizícola, com políticas públicas mais eficientes, onde temas como endividamento, preço mínimo, tributação e Mercosul sejam reavaliados. A Federarroz defende ainda a reconversão de arroz para soja, milho e pecuária.
Nesse sentido, o presidente da Associação de Arrozeiros de Uruguaiana, Roberto Ghigino, reforça os prejuízos da atual safra e relata que houve uma redução de área produzida de arroz em 5 mil hectares na região. "O cenário é muito preocupante devido a descapitalização dos nossos produtores e os alagamentos em quase 6 mil hectares da nossa lavoura", disse.
Trigo - Cultivo tem grande potencial produtivo e tecnológico
Trigo vem apresentando produtividade um pouco abaixo das últimas estimativas
KÁTIA MARCON/DIVULGAÇÃO/JC
Encerrada em dezembro a colheita de milho, o trigo vem apresentando produtividade um pouco abaixo das últimas estimativas, e a qualidade média apenas regular, segundo dados da Emater. Para o futuro, há uma boa expectativa de investimentos, avalia o diretor técnico da Emater, Alencar Rugeri , principalmente pelos avanços do manejo do solo no Estado.
Neste sentido, o presidente da a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (Fecoagro), Paulo Pires, também ressalta que o Estado tem um grande potencial produtivo e tecnológico, aliado à assistência técnica que agrega valor à produção industrial e das cooperativas. Porém, a entidade não prevê grandes investimentos no Estado. "Temos avançado com o marco regulatório para o setor produtivo, empreendedores, nas questões de legislação trabalhista e ambiental, por outro lado temos bastante desafios frente a atual conjuntura", disse ele,