Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Trabalho

- Publicada em 24 de Maio de 2022 às 17:50

No Rio Grande do Sul, emprego industrial mostrou resistência na pandemia

Em dois anos, fábricas gaúchas aumentaram seu número de funcionários em 8,1%

Em dois anos, fábricas gaúchas aumentaram seu número de funcionários em 8,1%


JOSÉ PAULO LACERDA/DIVULGAÇÃO/JC
Marcelo Beledeli
Marcelo Beledeli
Entre todos os setores econômicos gaúchos, a indústria apresentou os melhores resultados de manutenção de empregos durante a pandemia de Covid-19.
Entre março de 2020 - o primeiro mês em que foram anunciadas restrições à circulação de pessoas e às atividades produtivas - e março de 2022, enquanto o estoque geral de empregos de empregos no Rio Grande do Sul cresceu 5,5%, as fábricas gaúchas aumentaram seu número de funcionários em 8,1%, a maior elevação entre as atividades econômicas no Estado.
Os dados são do Novo Caged do Ministério do Trabalho e Emprego.
Mesmo durante o primeiro ano da pandemia (março de 2020 a março de 2021), enquanto os serviços registram queda de 1,8% nos funcionários formais, e o comércio praticamente ficou estável, com leve alta de 0,2%, a indústria, naquele período, conseguir registrar um aumento de 2,8% no número de contratados.
"Durante a pandemia, a indústria teve um papel muito importante de segurar o emprego formal enquanto outros ramos de atividade sofreram com as restrições econômicas", destaca Guilherme Xavier Sobrinho, pesquisador do Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) do governo do Estado.
"Mesmo com os efeitos das restrições de atividades, a desorganização das cadeias produtivas e a falta de insumos, a indústria gaúcha conseguiu gerar emprego", comenta.
Apenas em 2021, no acumulado de janeiro a dezembro, a indústria gaúcha gerou 47,6 mil postos de trabalho com carteira assinada, conforme os dados do Novo Caged, divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência.
O resultado foi mais do que suficiente para recuperar a perda de apenas 163 vagas registrada em 2020, afirma o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado do RS (Fiergs), André Nunes de Nunes.
"Olhando para os resultados mensais de 2021, só houve fechamento de vagas em dezembro, mês típico de desligamento de trabalhadores temporários e, portanto, sempre muito negativo", afirma.
De acordo com Nunes, além da retomada da economia e do consumo de bens após as restrições da Covid-19, também contribuíram para o crescimento do emprego industrial o bom desempenho das exportações e a supersafra de grãos com preços das commodities elevados, aumentando a rentabilidade dos produtores e tendo reflexos positivos principalmente no setor de máquinas e equipamentos agrícolas. "Contudo, é importante lembrar da estabilidade provisória de muitos trabalhadores que receberam o Benefício Emergencial (BEm) em 2020 e 2021, programa que permitiu a redução de jornada e/ou suspensão de contrato de trabalho", recorda o economista da Fiergs.

Contratações devem continuar nos próximos meses, mas em ritmo menor

Incertezas econômicas devem afetar a geração de empregos, afirma Nunes

Incertezas econômicas devem afetar a geração de empregos, afirma Nunes


LUIZA PRADO/JC
De acordo com o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado do RS (Fiergs), André Nunes de Nunes, no restante de 2022, a tendência é de continuidade na geração de empregos, mas em menor ritmo que o verificado no ano passado e início do ano. Além da sazonalidade natural, que faz com que o segundo trimestre seja, tradicionalmente, um período de baixa abertura ou até mesmo de fechamento de vagas, as incertezas econômicas devem afetar o setor.
"No segundo semestre, período em que a indústria contrata para produzir os pedidos relativos às festas de final de ano, a atividade econômica deverá estar sentindo com mais força o aperto das condições financeiras, dados os efeitos defasados do aumento dos juros e a inflação ainda muito alta", destaca Nunes. Além disso, segundo o economista, a incerteza trazida pelas eleições, com potencial de adiar a execução de investimentos, bem como a turbulência do cenário externo, com possível impacto nas exportações industriais, tende a prejudicar as contratações.
O cenário incerto também é destacado por Guilherme Xavier Sobrinho, pesquisador do Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) do governo gaúcho. A desorganização das cadeias produtivas globais, com os efeitos das medidas restritivas à pandemia de Covid-19 na China e também à guerra entre Ucrânia e Rússia é uma das variáveis que prejudica a indústria. "Temos uma série de sombras para o segundo semestre. Há uma reorganização de grandes corporações na alocação de investimentos e no desenho de suas cadeias de suprimentos, tendo em vista as dificuldades para obter insumos", recorda.
Além disso, Xavier Sobrinho lembra que o Brasil está sofrendo uma severa desorganização macroeconômica, com a alta da inflação e das taxas de juros, o que afeta o consumo e a tomada de crédito.
 

Setor de máquinas incrementa contratação de pessoal

Em 2021, as empresas do setor tiveram crescimento médio de 24% no faturamento, diz Cauduro

Em 2021, as empresas do setor tiveram crescimento médio de 24% no faturamento, diz Cauduro


MARCO QUINTANA/ARQUIVO/JC
Dentro da indústria gaúcha, o setor de máquinas e equipamentos se destacou positivamente em geração de empregos formais durante a pandemia. Segundo dados do Novo Caged, em março de 2020, as fábricas desse segmento empregavam 57.010 funcionários, número que passou para 72.207 em março de 2022, um crescimento de 26,7% em dois anos.
"O bom desempenho de máquinas e equipamentos se deve principalmente às máquinas e implementos agrícolas, reflexo da combinação de uma safra muito produtiva no centro do País com continuidade de preços elevados, apesar da estiagem que atingiu a Região Sul, bem como do avanço nas exportações", explica o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado do RS (Fiergs), André Nunes de Nunes.
Os bons negócios ajudam a explicar a demanda por trabalhadores. O vice-presidente regional do Rio Grande do Sul da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Hernane Cauduro, lembra que, em 2021, as empresas do setor tiveram um crescimento médio de 24% no faturamento. "Esses bons resultados logicamente geram emprego, e vale destacar que são empregos bem remunerados. Dentro dos segmentos industriais, o setor de máquinas é um dos que melhor paga seus colaboradores, porque usa uma mão de obra muito qualificada", destaca. Segundo Cauduro, as indústrias do segmento estão, inclusive, tendo dificuldades para preencher os postos de trabalho oferecidos. "Muitas indústrias estão com vagas em aberto, mas não conseguem contratar por falta de mão de obra com a qualificação necessária", comenta.
 

Indústria coureiro-calçadista ainda não retomou maior contratação

Haroldo Ferreira espera que, em 2022, indústrias retomem o patamar de 2019

Haroldo Ferreira espera que, em 2022, indústrias retomem o patamar de 2019


ABICALÇADOS/DIVULGAÇÃO/JC
Enquanto os fabricantes de máquinas aumentam o número de postos de trabalho, os efeitos da pandemia ainda afetam a mão de obra empregada nas empresas gaúchas do segmento de couro e calçados. Em março de 2020, as indústrias desse setor empregavam 96.345 pessoas no Estado. Com as restrições de atividades, o isolamento social e a redução do consumo, muitas fábricas paralisaram a produção e demitiram funcionários. Dois anos depois, em março de 2022, a força de trabalho formal das empresas coureiro calçadistas contabilizava 95.961 pessoas, ou seja, 0,4% menor do que era no início da pandemia.
"A maioria das empresas que fecharam unidades já retomaram atividades. Mas a recuperação do setor é mais lenta porque, quando houve o fechamento de postos durante a pandemia, muitos profissionais foram para outras áreas e não retornaram para a indústria calçadista. Hoje estamos contratando, mas enfrentamos dificuldades de conseguir preencher vagas", explica Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
No entanto, Ferreira acredita que, em 2022, as fabricantes de calçados gaúchas retomem o nível de mão de obra anterior à pandemia. Uma indicação é a tendência nacional do setor. Na soma de todos os polos calçadistas do Brasil, essa recuperação de emprego já ocorreu no final de 2021. "Encerramos 2019 com 266 mil postos de trabalho em todo o País, e fechamos 2021 com praticamente este mesmo número. Agora, no último mês de março, estávamos com 284 mil empregos. Então temos uma expectativa de recuperar estes postos de trabalho no Rio Grande do Sul também ", afirma.
 

Região Metropolitana concentra vagas, mas emprego industrial é forte na Serra


/
Quando é analisada a distribuição do emprego industrial no Rio Grande do Sul, os dados mais recentes por região são de 2020. Na época, os 752,3 mil empregos contabilizados na indústria representavam 27% do total de empregos na economia do Estado, destaca o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado do RS (Fiergs), André Nunes de Nunes.
A mesorregião Metropolitana de Porto Alegre concentra a maior parcela dos empregos da Indústria do RS, com 43,6% do total. Além da Capital e dos municípios do entorno - com forte presença do setor metalmecânico e de alimentos -, o Vale do Rio dos Sinos está contabilizado na mesma mesorregião e contribui significativamente no número de empregos, principalmente no setor de couro e calçados. Na segunda colocação está a mesorregião Nordeste, com 21,5% do total, que contempla os municípios da Serra e possui tradição no setor metalmecânico, de alimentos e de móveis.
Em termos de participação da indústria no total de empregos da própria região, a mesorregião Nordeste ocupa a primeira colocação, com 44,9%. A segunda colocação fica com a mesorregião Centro Oriental, com 37,8%, que abrange o Vale do Taquari e o Vale do Rio Pardo, regiões com forte presença dos segmentos de alimentos, calçados e tabaco.

Brasil precisa qualificar 9,6 milhões de trabalhadores em três anos


/
Até 2025, o Brasil precisará qualificar 9,6 milhões de pessoas em ocupações industriais, sendo 2 milhões em formação inicial - para repor inativos e preencher novas vagas - e 7,6 milhões em formação continuada, para trabalhadores que precisam se atualizar. Isso significa que 79% da necessidade de formação nos próximos quatro anos serão em aperfeiçoamento.
Essas conclusões fazem parte do estudo "Mapa do Trabalho Industrial 2022 - 2025", realizado pelo Observatório Nacional da Indústria, plataforma da Confederação Nacional da Indústria (CNI), para identificar demandas futuras por mão de obra e orientar a formação profissional de base industrial. O documento destaca que o mercado de trabalho passa por transformação, ocasionada principalmente pelo uso de novas tecnologias e mudanças na cadeia produtiva. Por isso, cada vez mais, o Brasil precisará investir em aperfeiçoamento e requalificação para que os profissionais estejam atualizados.
Segundo a CNI, em quatro anos, devem ser criadas 497 mil novas vagas formais em ocupações industriais, saltando de 12,3 milhões para 12,8 milhões de empregos formais. Essas ocupações requerem conhecimentos tipicamente relacionados à produção industrial, mas estão presentes em outros setores da economia.
Em volume de vagas, ainda prevalecem as ocupações de nível de qualificação, que respondem por 74% do emprego industrial. Contudo, o estudo destaca o crescimento das ocupações de nível técnico e superior, que deve seguir como uma tendência. Segundo a CNI, isso ocorre por conta das mudanças organizacionais e tecnológicas, que fazem com que as empresas busquem profissionais de maior nível de formação, que saibam executar tarefas e resolver problemas mais complexos.
As áreas com maior demanda por formação são: Transversais, Metalmecânica, Construção, Logística e Transporte, e Alimentos e bebidas. As ocupações transversais são aquelas que permitem ao profissional atuar em diferentes áreas, como técnico em Segurança do Trabalho, técnico de Apoio em Pesquisa e Desenvolvimento e profissionais da Metrologia, por exemplo.
O gerente-executivo do Observatório Nacional da Indústria da CNI, Márcio Guerra, explica que o estudo é uma projeção do emprego setorial que considera o contexto econômico, político e tecnológico.

Portal especializado aponta aquecimento na busca por trabalhadores

Para Casartelli, crescimento é impulsionado pela retomada da economia pós pandemia

Para Casartelli, crescimento é impulsionado pela retomada da economia pós pandemia


Empregos.com.br/divulgação/JC
Em 20 de maio, o site Empregos.com.br oferecia cerca de 3.400 vagas abertas para a indústria no Brasil. Somente para a região do Sul do País havia mais de 1.600 oportunidades. A quantidade de oportunidades oferecidas teve um aumento de 39% no comparativo com o 1º trimestre de 2021.
Para Leonardo Casartelli, diretor de marketing do site, o crescimento é impulsionado pelo reaquecimento da economia pós pandemia. "A expectativa é que o consumo continue crescendo e que estimule o aumento das vagas", comenta.
Entretanto, Casartelli destaca que o País sofre atualmente um cenário de baixo crescimento do PIB, altos índices de desemprego e informalidade. "O que os empregadores precisam avaliar é o cenário de alta inflação, sendo assim, o salário do trabalhador tem menor poder de compra, fazendo com que ele dê preferência a formatos de contratação que tenham menor impacto no valor líquido recebido, mesmo que seja informal", comenta. Para o diretor diretor de marketing do Empregos.com.br, uma alternativa para o empregador ser mais atrativo para quem busca vagas é o oferecimento de benefícios complementares que gerem uma redução nos custos no dia a dia do trabalhador, como cesta básica mais completa, vale-alimentação para serem utilizados em mercados ou ainda convênio com estabelecimentos comerciais.