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Investimentos

- Publicada em 24 de Maio de 2022 às 17:35

Fabricantes investem em inovação para ampliar resultados no pós-pandemia

Na Stihl, obras estão em andamento para qualificar a capacidade produtiva em São Leopoldo

Na Stihl, obras estão em andamento para qualificar a capacidade produtiva em São Leopoldo


/STIHL/DIVULGAÇÃO/JC
Os investimentos das indústrias no Rio Grande do Sul ganham impulso em 2022, após dois anos de incertezas em razão da crise sanitária. A necessidade de ampliar e qualificar os processos produtivos levou as fábricas a colocarem em execução projetos a despeito de alta de juros, restrições no acesso ao crédito, aumento dos preços de matérias-primas e de custos logísticos e redução do poder de compras dos brasileiros. O movimento ocorre independente do setor e do porte das empresas. É o caso de Braskem, CMPC, Gerdau, Cooperativa Languiru e Stihl, para citar alguns dos principais aportes.
Os investimentos das indústrias no Rio Grande do Sul ganham impulso em 2022, após dois anos de incertezas em razão da crise sanitária. A necessidade de ampliar e qualificar os processos produtivos levou as fábricas a colocarem em execução projetos a despeito de alta de juros, restrições no acesso ao crédito, aumento dos preços de matérias-primas e de custos logísticos e redução do poder de compras dos brasileiros. O movimento ocorre independente do setor e do porte das empresas. É o caso de Braskem, CMPC, Gerdau, Cooperativa Languiru e Stihl, para citar alguns dos principais aportes.
Pesquisa da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), divulgada no final de abril, mostra que 60,8% das empresas seguem com intenção de investir nos próximos seis meses. Apesar do menor otimismo, considerando-se que em dezembro este índice alcançava 64,2%, os empresários gaúchos esperam aumento da demanda e do emprego para os próximos meses, muitos em razão dos resultados de exportações. De acordo com a Fiergs, as exportações da indústria de transformação do Estado alcançaram US$ 5,4 bilhões no primeiro quadrimestre do ano, valor 43,4% superior ao mesmo período do ano passado.
Um dos setores com desempenho puxado pelas exportações, a indústria calçadista tem projeções de investimentos da ordem de R$ 1,538 bilhão no país este ano, 5,7% superior ao valor investido em 2021, que somou R$ 1,455 bilhão. No ano, a expectativa é ampliar os embarques em 9,3%, o que vai ajudar na alta de 2,3% esperada para 2022. Somente entre janeiro e março deste ano, as fábricas de calçados brasileiras exportaram o equivalente a US$ 320,6 milhões, 65,8% mais do que no mesmo período de 2021, o que também ajudou a elevar o nível de empregos no setor.
"Assim como em outros setores, a pandemia prejudicou a indústria calçadista, que se manteve estagnada em 2020. Em 2021, com o crescimento, houve um movimento de expansão no investimento, que continua este ano", detalha o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira. A maior parte dos projetos em andamento no setor são para modernização, com atualização dos equipamentos, e expansão do parque produtivo. Entre os exemplos, o dirigente cita a Vulcabrás, que ampliou no Ceará, e a Beira Rio e Usaflex, com projetos no Rio Grande do Sul.
Nas indústrias moveleiras gaúchas, os investimentos são pontuais e ocorrem de diferentes modos, explica o presidente da Movergs, Rogério Francio. Segundo o executivo, há empresas ampliando o parque fabril para produzir em maior escala e diversificar seus canais de atuação, como atender demandas do e-commerce ou exportar, por exemplo. Outras apostam em novas tecnologias, contratação de profissionais, otimização de processos e qualificação de funcionários. "Seja qual for o tipo de investimento, é nítido que as empresas gaúchas estão atentas aos movimentos do mercado", afirma.

Desorganização da cadeia produtiva exige planejamento

Harger afirma que o Brasil é o melhor local do mundo, hoje, para produzir celulose

Harger afirma que o Brasil é o melhor local do mundo, hoje, para produzir celulose


ARQUIVO CMPC/DIVULGAÇÃO/JC
Um dos principais fatores para a demora na retomada das indústrias, de uma forma geral, é a desorganização das cadeias produtivas a partir de 2020. Isso gerou aumento de preços de componentes e insumos, escassez e, em alguns casos, até falta de matérias-primas. "Aumentou o faturamento dos segmentos, mas não foi acompanhado por volume de vendas, que cresceu, mas não na mesma proporção", afirma economista da Associação das Indústrias de Móveis no Rio Grande do Sul (Movergs), Rogério Tolfo.
Entre as empresas que estão investindo, o principal anúncio é o da Todeschini, que iniciou em janeiro as obras de execução para a ampliação da fábrica em Bento Gonçalves, com investimentos de R$ 272 milhões. Do total, cerca de R$ 140 milhões serão para maquinário, o que demandará uma duplicação da fábrica em 40 mil m², e R$ 130 milhões serão destinados para um novo centro de distribuição.
A realidade da Todeschini não é a mesma da maior parte do setor moveleiro. Segundo o economista da Movergs, na média geral, há espaço para as empresas crescerem sem investimentos em razão dos estoques e do cenário econômico local e mundial. "O mercado interno tende a melhorar a partir do segundo semestre do ano e as exportações devem permanecer crescendo, mas não na proporção de 2021", declara.
As vendas externas dos móveis produzidos no Rio Grande do Sul tendem à estabilidade este ano, após um desempenho excepcional de 2021. No primeiro quadrimestre do ano, os embarques do setor alcançaram US$ 83,6 milhões, alta de 1,20% sobre os US$ 82,6 milhões no mesmo período de 2021, que havia crescido 71,7% sobre 2020.
No setor de celulose e papel, a busca por produtos originados de fontes renováveis serve de estímulo para as indústrias desenvolveram e ampliarem a oferta de bioprodutos e biomateriais para o mercado nacional e internacional. Até 2024, segundo relatório da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), os investimentos do setor no país devem ultrapassar R$ 57,2 bilhões, com aumento de 20% na capacidade produtiva. "O consumidor mundial quer mais celulose, e o Brasil é o melhor lugar para investir por suas características climáticas e qualidade da terra, que fazem o eucalipto crescer mais rápido. Tem ainda condições logísticas e de mão-de-obra", explica o diretor-geral da CMPC Brasil, Maurício Harger.
Internamente, nem a crise econômica fez arrefecer a demanda pelo insumo. Um dos fatores é a mudança nos hábitos da população nos últimos dois anos, com a popularização do delivery e das vendas on-line, o que reflete no uso de embalagens de papel. Além disso, o setor ampliou a linha tissue (papel higiênico e lenços de papel). A celulose também avança para outras áreas a partir de pesquisas e inovação, caso da celulose solúvel usada na viscose pela indústria têxtil.

Raio X dos principais investimentos no Estado

  • CMPC (Guaíba): R$ 2,75 bilhões
  • Braskem (Triunfo): R$ 957 milhões
  • Todeschini (Bento Gonçalves): R$ 272 milhões
  • Gerdau (Sapucaia do Sul): R$ 200 milhões
  • Cooperativa Languiru (Poço das Antas, Westfália e Teutônia): R$ 125 milhões
  • Taurus (São Leopoldo): R$ 110 milhões
  • Stihl (São Leopoldo): R$ 56 milhões
  • Usaflex (Igrejinha): R$ 36 milhões