Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Dia da Indústria

- Publicada em 24 de Maio de 2021 às 19:00

Empresas Randon se preparam para período positivo

Daniel Randon, CEO da Empresas Randon, diz que avanço da vacinação traz boas perspectivas

Daniel Randon, CEO da Empresas Randon, diz que avanço da vacinação traz boas perspectivas


JEFFERSON BERNARDES/ESPECIAL/JC
Roberto Hunoff
Jornal do Comércio - Quais os caminhos para a retomada econômica do Brasil e do Rio Grande do Sul neste ano?
Jornal do Comércio - Quais os caminhos para a retomada econômica do Brasil e do Rio Grande do Sul neste ano?
Daniel Randon – Olhamos 2021 como uma grande oportunidade, pois o Brasil deve passar pelo segundo grande boom das commodities. Fala-se em incremento de 6% nos Estados Unidos, além de incentivos, e a China crescendo de forma expressiva. O PIB mundial deve crescer 6% neste ano e 4,4% no próximo. Por isso, já se projeta crescimento de 4% do PIB no Brasil. Ainda vivemos período de juros baixos, o que tem sido importante. Tem também o fato de que os países que conseguiram avançar mais na vacinação começam a mostrar retomada de suas atividades, inclusive de eventos e entretenimento, mas sempre cuidando dos protocolos. No Brasil, com a vacinação crescente, já existe perspectiva boa para o segundo semestre. São pontos que influenciam no Brasil, considerando que em 2020 tivemos três anos em um. Começamos acreditando em PIB positivo, com a pandemia queda de 10%, que não se confirmou no final. Mas ainda tivemos falta e elevação dos preços dos insumos. Desde o ano passado, a indústria vem sendo desafiada, mas com boas perspectivas para 2021, principalmente pelo agronegócio, que segue firme. O estado deve se beneficiar ainda mais, porque não teremos estiagem como em 2020, que afetou a economia. Estamos falando em safra acima de 250 milhões de toneladas no Brasil. Com vacinação, estímulos fiscais e commodities em alta, as perspectivas são muito promissoras. Alguns mercados estão aquecidos desde o segundo semestre do ano passado e seguem atualmente. E outras áreas, que estavam em dificuldades, tem despontando positivamente. É preciso estar preparado para um período positivo.
JC - O que a indústria precisa para crescer neste ano?
Randon – A indústria de transformação representava há quatro décadas em torno de 33% do PIB brasileiro; atualmente, está em 11%. Em 2005, a indústria nacional representava 2,5% da mundial e, hoje, baixou para 1,8%. No mundo todo, a indústria está perdendo espaço pelo incremento dos serviços e tecnologias em razão de outros hábitos de consumo. Mas o Brasil, comparativamente a outros mercados, perdeu muito mais. Um dos fatores foi o foco muito grande no crescimento de commodities e real desvalorizado, que desindustrializou o país. Tem também o Custo Brasil e a questão da cumulatividade de impostos que reduz a competitividade externa. Mas quando se olha para frente, fica claro que é preciso revisitar alguns conceitos, e a pandemia intensificou isto. A Randon, nos últimos quatro anos, está trabalhando na mudança do mindset junto às lideranças e em investimentos em inovação, seja em processos de produtos e materiais, bem como em novas tecnologias, incluindo compósitos, eletricidade e conectividade, dentre outros. Também investimos nas áreas de ecossistemas e startups, visando buscar mais competitividade. A pandemia também reforçou a demanda por governança, meio ambiente, social e colaboração, que vemos como oportunidade para trazer mais inovação ao produto. Antes se olhava isto como custo, hoje como oportunidade para melhorar o produto para o cliente, que terá produto de valor agregado, quer com redução de peso, quer com materiais mais sustentáveis e resistentes, como o eixo elétrico, que desenvolvemos e repercutirá em menores custos para o caminhoneiro e para o meio ambiente. O Rio Grande do Sul é o segundo estado no ranking de inovação, quer pela característica empreendedora, quer pela presença de universidades e institutos fortes, formando mão de obra de qualidade. Também surgiram os ecossistemas, como Hélice, na Serra, o Caldera, em Porto Alegre, e outros movimentos de inovação que começam a despontar, não apenas na indústria, mas em outras atividades. Estes ecossistemas têm sido importantes no sentido de trazer novas oportunidades para tornar as empresas mais competitivas e desafiadas a revisitar seus conceitos, buscando tecnologias que agregam valor. Preocupa muito a falta de previsibilidade, primeiro pela pandemia e, agora, com inflação e a crise de matéria-prima.
JC - Quais os grandes desafios neste período de pandemia e que aprendizados podemos tirar?
Randon – Além de acelerar as transformações digitais, a pandemia nos mostrou a necessidade de protocolos de segurança para cuidar da saúde das pessoas. Tenho falado que, antigamente, tinha-se o orgulho de dizer que nunca havia faltado ao trabalho por estar gripado, mesmo sabendo que se poderia contaminar um colega. Isto está mudando. Quando cuido da minha saúde cuido da saúde do outro também. Esta é uma percepção que vejo nas empresas e que veio para ficar. Lá na frente, no pós-pandemia, ou a pessoa vai trabalhar gripado usando máscara ou ficará em casa em resguardo, principalmente nas atividades que permitem o home office. Sem dúvida, os hábitos estão mudando. As viagens para visitar clientes, por exemplo, continuarão, mas serão em número muito menor, porque é possível ser mais eficiente e eficaz pelo meio online. A valorização com as pessoas, não apenas dentro das empresas, mas com a comunidade e familiares, é o grande aprendizado. Até se tinha esta atenção com a saúde, mas o foco será ainda maior.
JC - Quanto a empresa investiu no ano passado e pretende investir neste?
Randon – O guidance para 2021, sem falar em aquisições, será de R$ 150 milhões, superior ao do ano passado. Vamos ampliar a capacidade para atender demandas e busca de maior produtividade, inovação e processos. Também seguiremos com a Randon Venture com aportes em startups para chegar nos clientes e distribuidores não apenas com produtos, mas também com serviços. Ainda seguiremos com foco na inovação, com ênfase na eletrificação, além da atualização em automação, como foi a compra de 200 robôs da Ford e da empresa Auttom, uma das maiores nesta área. Estamos investindo em automação em busca de mais competitividade para a empresa seguir crescendo de forma sustentável, competindo aqui e no exterior. Seguimos investindo porque vemos o mercado crescendo. Temos aí projetos de infraestrutura andando bem, leilões positivos, investimentos pesados e oportunidades frequentes com concessões e privatizações, que devem demandar produtos para diferentes setores. No ambiente macro seguimos investindo em governança, e investimentos nas áreas social e ambiental. Tanto que estaremos lançando em 1º de junho um programa chamado ISG com compromissos públicos, incluindo o projeto Rota Verde. No passado, a empresa só quebrava por problema de caixa; atualmente, também pela falta de reputação. A empresa deve ter responsabilidade com o meio ambiente e com a sociedade. Por isso, a busca do crescimento sustentável, beneficiando a todos os stakeholders.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO