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Dia da Indústria

- Publicada em 24 de Maio de 2021 às 19:00

Marcopolo investe em inovação e diversifica produção

James Bellini, CEO da Marcopolo, destaca oportunidades surgidas com a pandemia para repensar sistemas

James Bellini, CEO da Marcopolo, destaca oportunidades surgidas com a pandemia para repensar sistemas


José Zignani/divulgação/jc
Roberto Hunoff
Jornal do Comércio - Quais os caminhos para a retomada econômica do Brasil e do Rio Grande do Sul neste ano?
Jornal do Comércio - Quais os caminhos para a retomada econômica do Brasil e do Rio Grande do Sul neste ano?
James Bellini - Acreditamos que quanto mais rápido vencermos os desafios da pandemia, com o avanço da vacinação e maior controle da disseminação da covid-19, mais rapidamente conseguiremos retomar a economia, nacional e regionalmente. Ao avaliar o segmento de mobilidade, que é o setor de atuação da Marcopolo, acreditamos que a reabertura de escolas e universidades e a retomada do turismo, previstos para o segundo semestre deste ano, proporcionarão impactos positivos no transporte de passageiros.
JC - O que a indústria precisa para crescer neste ano?
Bellini - Neste momento, é preciso manter um forte controle sobre custos, despesas e níveis dos estoques, sem perder de vista as oportunidades para ganhar competitividade. Este cenário adverso requer reestruturações e criatividade para a retomada do crescimento. Estes ajustes levam à penalização do curto prazo, porém semeiam estruturas mais leves, competitivas e sustentáveis para o futuro próximo. Acreditamos que esse momento será superado e a nossa companhia sairá fortalecida e adaptada a potencializar as oportunidades que surgirão em um mundo pós pandemia. O desenvolvimento de produtos inovadores e sustentáveis segue como uma grande tendência global.
JC - Quais os desafios neste período de pandemia?
Bellini - A pandemia da covid-19 provocou mudanças profundas no transporte coletivo em todo o mundo, e trouxe oportunidades para repensar os sistemas de mobilidade. Durante esse período, a Marcopolo Next, nossa divisão de novos negócios, acelerou os processos de inovação e diminuiu o tempo entre a concepção e o lançamento de soluções ao mercado. Isso envolve também a integração entre diferentes áreas. Por exemplo, a plataforma Marcopolo BioSafe foi desenvolvida em apenas três meses e disponibilizou no mercado um conjunto de soluções de biossegurança para evitar o contágio nos ônibus, contribuindo para a continuidade das atividades das operadoras de transporte e para a saúde dos passageiros. Na Marcopolo, também diversificamos os mercados de atuação, ingressando no segmento metroferroviário. Em dezembro de 2020, lançamos o primeiro Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) da Marcopolo Rail, spin-off da Marcopolo Next, que atua em soluções para o transporte sobre trilhos. O Prosper VLT é fruto de uma ampla pesquisa de mercado realizada no Brasil e América Latina e atenderá aos segmentos urbano, intercidades e turístico. O produto apresenta diversas vantagens, como baixo custo de operação, longa vida útil e alta capacidade de transporte de passageiros, e também incorporou soluções Biosafe.
JC - Quanto a empresa investiu no ano passado e pretende investir neste?
Bellini - Desde o início da pandemia, o Grupo Marcopolo está focado em investimentos para o desenvolvimento de soluções que tragam fluidez para as cidades, alinhadas às tendências das smart cities. Podemos destacar a elaboração de projetos que abrangem, por exemplo, novos modais, transporte sob demanda e veículos com propulsão elétrica, esta última, uma alternativa viável com custo operacional mais baixo do que o atual e com maior eficiência energética. No primeiro trimestre do ano, a empresa investiu R$ 33 milhões em seu imobilizado. Os recursos foram aplicados na controladora na ordem de R$ 28,4 milhões e, nas controladas, R$ 4,6 milhões, sendo mais da metade na unidade do Espírito Santo. No ano passado, o investimento total foi de R$ 134,3 milhões.
JC – De que forma o câmbio está influenciando no desempenho das exportações e nas unidades da companhia no exterior?
Bellini - O real desvalorizado segue favorecendo as exportações, porém a pandemia vem impedindo o amadurecimento dos negócios em andamento. Com a desvalorização cambial, a exportação para algumas regiões apresentou melhor desempenho em comparação ao mercado interno. A companhia negocia, por exemplo, com o continente africano, com entregas previstas para o segundo e o terceiro trimestres deste ano. As operações na Austrália também apresentam perspectivas positivas, pois o mercado local está praticamente normalizado. A Marcopolo Argentina deve apresentar volumes crescentes de vendas ao longo deste ano, pois há uma necessidade de renovação de frotas de ônibus urbanos no país. Isso ajuda a consolidar a atuação da companhia no país e reforçar a atuação no setor de urbanos. Marcopolo México e Marcopolo África do Sul observam uma recuperação tímida de pedidos no curto prazo, estimando recuperação mais consistente de volumes apenas para o segundo semestre. A Marcopolo China passa por ampla reformulação de seus processos. Após o fim das entregas direcionadas à renovação da frota de Bogotá, a coligada colombiana Superpolo mantém resultados saudáveis, com tendência de incremento também a partir do segundo semestre do ano.
JC – Qual é a expectativa para o mercado interno?
Bellini - Não é possível ainda identificar o momento de expansão mais agressiva dos volumes, porém a comparação a partir de abril deverá ser favorecida por uma base anual mais fraca, sem indicar, contudo, volta à normalidade no curto prazo. No Brasil, o setor de fretamento segue resiliente por conta do distanciamento exigido no transporte de passageiros. O fretamento contribuiu para mantermos os negócios no primeiro trimestre deste ano, principalmente nos segmentos de rodoviários, micro-ônibus e Volare. Seguimos líderes na produção brasileira de carrocerias para ônibus, com 51,6% de participação de mercado. Além do fretamento, as vendas ao poder público também permanecem aquecidas, impulsionadas pelo programa federal Caminho da Escola. No primeiro trimestre, entregamos 761 unidades para o programa. As entregas deverão continuar em alta, alcançando no ano volume próximo a 4.800 unidades, em linha com o total vendido pela Marcopolo em 2019. Mantemos a confiança de um crescimento mais consistente em volumes de rodoviários no mercado interno a partir do segundo semestre. A demanda deverá ser fomentada pela volta dos passageiros às linhas regulares e, mais adiante, ao turismo regional. Para o mercado de urbanos, a expectativa é de retomada mais lenta, considerando que diversas cidades mantêm rodando frota superior à demanda, penalizando o operador das linhas, sem a adequada compensação financeira. O segmento também sofre de forma mais profunda com o aumento de custos, tendo dificuldade de promover os repasses necessários às tarifas ou obtenção do equilíbrio econômico-financeiro via subsídios. O represamento de pedidos gerado pelo aumento dos custos associado a frotas envelhecidas, redução do valor de revenda de veículos usados e postergação de investimentos em geral refletirão em vendas complementares mais à frente.
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