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Dia da Indústria

- Publicada em 24 de Maio de 2021 às 19:00

Gerdau aposta na inovação para ganhar mercado

Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, revela que investimentos neste ano estão estimados em R$ 3,5 bilhões

Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, revela que investimentos neste ano estão estimados em R$ 3,5 bilhões


GERDAU/DIVULGAÇÃO/JC
Marcelo Beledeli
Jornal do Comércio - Quais os principais desafios que a Gerdau enfrentou neste período de pandemia?
Jornal do Comércio - Quais os principais desafios que a Gerdau enfrentou neste período de pandemia?
Gustavo Werneck - Como toda crise, a pandemia criou oportunidades para refletirmos sobre estratégias e modelos de negócio, além de nos possibilitar reforçar nossa atuação social e viver no dia a dia o nosso propósito – empoderar pessoas que constroem o futuro -, gerando impacto positivo e deixando legados nas comunidades em que atuamos. O ano de 2020 foi bastante desafiador, mas nosso modelo de gestão, mais leve, ágil e menos hierarquizado, possibilitou tomarmos decisões de forma rápida e eficaz aos diferentes sinais apresentados pelo mercado ao longo da pandemia. Fomos, por exemplo, a primeira produtora de aço a retomar suas operações em linha com as tendências de mercado. Também decidimos acelerar nosso projeto de futuro e anunciamos, em julho de 2020, a criação da Gerdau Next, nosso braço de novos negócios. A nova área tem como foco a estratégia de longo prazo de desenvolvimento de novos produtos e negócios adjacentes à produção de aço, alinhada às diretrizes de inovação e disrupção da empresa. Assim, a Gerdau se beneficiou de seu modelo de negócios, que inclui proximidade com os clientes, flexibilidade de rotas de produção, diversificação de mercados e uma cultura ágil para a tomada de decisões - resultado da transformação cultural que vivenciamos na empresa nos últimos anos.
JC - Quais as ações que a empresa tomou para contribuir nos esforços contra a pandemia?
Werneck - Internamente, seguindo nosso princípio de segurança em primeiro lugar e vivenciando o nosso propósito, implementamos rapidamente protocolos de saúde e higiene em todas as operações. Na área social, revisitamos nossa estratégia de investimento, direcionando recursos para a área da saúde, com investimentos em ações de combate à Covid-19 em todo o País totalizando R$ 20 milhões em 2020, incluindo a construção de três centros de tratamento à Covid-19 nos municípios de São Paulo e Porto Alegre, que ficarão de legado para a população. Dentre as principais ações no estado do Rio Grande do Sul, destaco a construção de 60 leitos na área anexa ao Hospital Independência, em Porto Alegre, em parceria com outras empresas e a prefeitura da capital gaúcha. As obras contaram com a tecnologia de construção modular da Brasil Ao Cubo, construtech na qual a Gerdau tem participação, que permite entregar empreendimentos com velocidade quatro vezes maior que uma construção comum. A entrega do centro de tratamento ocorreu em tempo recorde na história da construção hospitalar no Brasil: 30 dias. Além disso, realizamos a alocação de recursos para a ampliação da capacidade do Hospital São Jerônimo, no munícipio de São Jerônimo (RS), em 20 leitos. Na usina de Charqueadas, utilizamos nossa impressora 3D para fabricar protetores faciais, direcionados aos hospitais públicos do município. Paralelamente, doamos 10 mil máscaras descartáveis aos municípios de Charqueadas e Sapucaia do Sul. Recentemente, doamos ainda três equipamentos respiratórios para o Hospital Independência e cinco para o Hospital Ernesto Dornelles, ambos de Porto Alegre.
JC- Como vê a situação do mercado externo para a empresa? Quais os mercados que estão se recuperando mais rapidamente, e ao que atribui esse resultado?
Werneck - Nossas operações nos 10 países em que estamos presentes são focadas no atendimento dos respectivos mercados locais. Na América do Sul, destacamos como positivo o nível da demanda por aços longos na Argentina, como reflexo da recuperação da indústria, puxada principalmente pelos setores agropecuário, linha branca e automotivo, e da continuidade dos bons níveis de atividade da construção civil, impulsionados por investimentos privados e por obras públicas de infraestrutura. Já no Peru, o consumo de aço segue em bons patamares, estimulado pelo setor de construção civil, que vem registrando níveis de atividade positivos nos últimos seis meses, como reflexo de investimentos públicos e o bom desempenho do varejo. Além disso, o cenário é bastante positivo para o mercado norte-americano. Atualmente, o nosso backlog de pedidos nos Estados Unidos é equivalente a cerca de três a quatro meses de compra, principalmente resultado da forte atividade do setor da construção. Também estamos otimistas com os possíveis efeitos na indústria do aço do pacote de investimentos em infraestrutura recentemente anunciado pelo governo Biden, que prevê uma ampla geração de empregos e investimentos de mais de dois trilhões de dólares no país ao longo dos próximos oito anos.
JC - Quanto a Gerdau investiu em 2020 e quanto pretende investir em 2021?
Werneck - No início do ano passado, reduzimos nosso Capex para o ano, de R$ 2,6 bilhões para R$ 1,6 bilhão, devido às incertezas e volatilidade causadas pela pandemia nos mercados globais. No início de 2021, revisamos o Capex, uma vez que nossa capacidade de investir está diretamente relacionada à nossa geração de fluxo de caixa livre, que tem tido um desempenho bastante favorável. Para 2021, nossos investimentos estão estimados em R$ 3,5 bilhões, com estimativa de alocação de Capex para o período de três anos (2019-2021), totalizando R$ 6,9 bilhões.
JC - Como vê o ambiente de investimentos no País?
Werneck - No setor de construção, vemos a manutenção dos bons indicadores nos setores do varejo e imobiliário, com aumento dos canteiros de obras, lançamento e vendas de imóveis e volume de financiamento. Também vemos como positiva as perspectivas do segmento de infraestrutura, com a possibilidade do destravamento de projetos públicos e privados. Já no setor industrial, vemos a continuidade da forte retomada de todos os segmentos consumidores, puxados pelo crescimento do mercado interno e, também, por uma reorganização das cadeias de abastecimento globais, que abriu oportunidades para nossos clientes ampliarem suas exportações de bens de capital, máquinas agrícolas e amarelas e implementos rodoviários. Vislumbramos um cenário positivo para o mercado de aços especiais, com a continuidade da reposição de estoque de veículos leves e um aumento na produção de veículos pesados em virtude das perspectivas do segmento do agronegócio de safra recorde e renovação de frota para esse ano. Diante dessas boas perspectivas do mercado, anunciamos recentemente investimentos na ordem de R$ 1 bilhão na modernização e ampliação das nossas operações de aços especiais no Brasil. Em Charqueadas, será instalado um novo forno de recozimento e esferoidização para barras de aço, que trará tecnologia de ponta e maior capacidade e produtividade ao processo de tratamento térmico da unidade. A atualização tecnológica também permitirá que a empresa atenda à demanda crescente por materiais com especificações mais exigentes em relação a propriedades como grau de esferoidização, dureza e baixos níveis de descarbonetação, principalmente pelo setor automotivo. O equipamento, com capacidade anual de 48 mil toneladas, começa a operar em agosto de 2022.
JC - Quais as expectativas para uma retomada econômica?
Werneck - Seguimos com perspectivas bastante otimistas para o mercado brasileiro, com a expectativa de continuidade da recuperação da economia e retomada de um ciclo de crescimento para todos os setores onde atuamos. O cenário segue positivo, com estimativa do PIB industrial subir 3,5% em 2021 sobre o ano anterior, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), com desataque para os segmentos agrícola, energia e equipamentos rodoviários.
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