No momento em que o número de casos de Covid-19 diminui no Brasil, a obrigatoriedade do uso de máscara em locais abertos divide a população. A circulação da variante Ômicron do coronavírus e uma
epidemia de gripe aumentam a preocupação com as medidas de proteção.
A flexibilização do uso de máscaras entrou em pauta no Brasil com o avanço da vacinação, que já alcança dois terços da população, considerando-se o primeiro ciclo de imunização completo (duas doses ou dose única).
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Datafolha com 3.666 entrevistas em 191 municípios por todo o País, o uso de máscaras deveria ser obrigatório tanto em lugares abertos como fechados, para 48% dos entrevistados.
Já 44% dizem que o acessório só deveria ser exigido em ambientes fechados. Outros 8% avaliam que deveria deixar de ser obrigatório em qualquer local, e 1% afirma que não sabe. Ou seja, 52% são contra a obrigatoriedade das máscaras em locais abertos, enquanto 48% são a favor do uso.
O levantamento foi realizado entre os dias 13 e 16 de dezembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
No Rio de Janeiro, a gestão do prefeito Eduardo Paes (PSD) retirou em outubro a obrigatoriedade da utilização do acessório em locais abertos. Em novembro, o mesmo começou a valer para as academias, no caso de pessoas já imunizadas.
Em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) chegou a anunciar o fim da exigência de máscaras em locais abertos a partir de 11 de dezembro, mas voltou atrás no último dia 2 diante da circulação da Ômicron. Para os integrantes do Comitê Científico, que assessora o governo paulista, há incerteza sobre o impacto da cepa em época de grande circulação de pessoas devido às festas de fim de ano. Na segunda-feira (20), a gestão Doria decidiu renovar a obrigatoriedade do uso de máscaras até 31 de janeiro.
Contribuiu para a decisão também a
epidemia do vírus H3N2, que escapa à vacina da gripe aplicada neste ano. As máscaras são eficientes para proteger tanto contra essa cepa da Influenza como contra o Coronavírus.
O uso do acessório pela população passou a ser recomendado pelo Ministério da Saúde em abril de 2020, pouco mais de um mês após o registro do primeiro caso no país.
Segundo o Datafolha, os eleitores do presidente Jair Bolsonaro estão entre os que mais se declaram contra a obrigatoriedade da máscara em qualquer ambiente, são 14%. A região Sul também é a que tem maior proporção de pessoas com essa opinião, registrando o mesmo índice de 14%.
A exigência do acessório em qualquer ambiente alcança os maiores patamares entre aqueles com 60 anos ou mais (59%), do Nordeste (58%), entre mulheres (54%) e entre os que reprovam o governo Bolsonaro (54%).
A importância de barreiras físicas de proteção contra o Coronavírus se deve ao fato de que as vacinas reduzem a gravidade e o risco de transmissão do vírus, mas não o evitam por completo. Ainda assim, o avanço da imunização no Brasil mantém uma percepção recorde de controle da pandemia no país, mostra o Datafolha.
A parcela que avalia que a situação está totalmente controlada chegou a 11%, eram 9%, em setembro e 5% em julho. Já 68% avaliam que a pandemia está parcialmente controlada, perante 71% em setembro e 53% em julho. Outros 20% avaliam que ela está fora do controle, mesmo índice de setembro, quase metade do de julho (41%).