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SAÚDE

- Publicada em 29 de Novembro de 2021 às 18:42

Testagem, vigilância e reforço da vacinação podem retardar chegada da Ômicron ao RS

Prefeitura da Capital decidiu retomar testes no aeroporto Salgado Filho

Prefeitura da Capital decidiu retomar testes no aeroporto Salgado Filho


CRISTINE ROCHOL/PMPA/JC
Com a identificação da variante Ômicron do coronavírus, nova cepa de preocupação surgida na África do Sul há cerca de 10 dias, e já disseminada em países da Europa, da Ásia, América do Norte e na Austrália, o risco da chegada da linhagem ao Brasil é iminente, como aconteceu com a Delta, já predominante no País e no Rio Grande do Sul. No entanto, a adoção de medidas simples, como aumento de testagem da população, atualização vacinal, restrição de viagens e entrada de viajantes dos países com casos confirmados podem colaborar para retardar a disseminação da nova mutação do vírus por aqui.
Com a identificação da variante Ômicron do coronavírus, nova cepa de preocupação surgida na África do Sul há cerca de 10 dias, e já disseminada em países da Europa, da Ásia, América do Norte e na Austrália, o risco da chegada da linhagem ao Brasil é iminente, como aconteceu com a Delta, já predominante no País e no Rio Grande do Sul. No entanto, a adoção de medidas simples, como aumento de testagem da população, atualização vacinal, restrição de viagens e entrada de viajantes dos países com casos confirmados podem colaborar para retardar a disseminação da nova mutação do vírus por aqui.
De acordo com o governo do Estado, as condutas de prevenção nesse sentido seguem sendo as mesmas adotadas desde o início da pandemia - apesar das recentes flexibilizações-, e envolvem uso de máscara bem ajustada ao rosto, evitar aglomerações, manter o distanciamento, a lavagem das mãos e uso de álcool gel, evitar contato próximo com pessoas doentes. Além disso, o estímulo à imunização, completando o esquema vacinal e as doses de reforço, é apontado como a principal estratégia.
Segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES), ainda não há nenhum caso suspeito da nova variante no RS, e o trabalho de vigilância genômica para acompanhamento da incidência das linhagens será reforçado. "Estamos organizando a vigilância genômica, que já existe para o acompanhamento de outras variantes, para realizar também a identificação dessa nova variante, assim que ela entre no Estado", informa a SES.
Em Porto Alegre, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) decidiu retomar a oferta de testagem com exame RT-PCR para os passageiros que chegam à Capital no Aeroporto Salgado Filho. O objetivo, de acordo com o diretor da Vigilância em Saúde, Fernando Ritter, é manter a vigilância da entrada da nova cepa: “A Ômicron tem revelado um ritmo de transmissão alto, similar a de outras variantes, como a Delta. Por isso, estamos atentos e precisamos reforçar os cuidados”, declarou.
O serviço de testagem será oferecido a moradores de Porto Alegre que retornam à cidade por via aérea ou viajantes que permanecerão por pelo menos quatro dias no município. Os casos positivos serão encaminhados para análise genômica, que apontará se há circulação da nova variante por aqui. O teste deverá ser realizado dentro de até sete dias após o desembarque, e o resultado sai em até 24 horas. Em caso positivo, o passageiro irá receber instruções para isolamento domiciliar e atendimento médico.
Para os especialistas consultados pela reportagem, ainda é prematuro avaliar o real impacto da variante sobre o atual momento da pandemia. Por ora, os casos registrados na África apresentam sintomas leves no público infectado, na maioria jovens, mas ainda é preciso apontar o efeito que a doença terá em pessoas mais vulneráveis, como idosos. Vale lembrar, ainda, que a África do Sul tem apenas cerca de 24% de sua população com esquema vacinal completo, o que deixa o grupo mais sujeito à ação do vírus.

Manutenção dos cuidados e maior atenção às flexibilizações 

Uso de máscaras bem ajustadas e não aglomerar ajudam a evitar a contaminação

Uso de máscaras bem ajustadas e não aglomerar ajudam a evitar a contaminação


LUIZA PRADO/JC
O que já chama a atenção, no entanto, é o potencial de transmissibilidade, de reinfecção e de mutação do vírus da nova cepa, muito maior do que o identificado em relação à Delta. Graças a isso, nesta segunda-feira (29) a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o risco global relacionado à Ômicron é "muito alto", dadas as possibilidades de disseminação e escape à proteção das vacinas disponíveis.
"Casos novos de uma variante é normal, o que se precisa, de fato, é saber a eficácia das vacinas e o controle que vem sendo feito para que ela (cepa) não avance. Essa variante demonstra bem o que temos falado, que novos casos tendem a surgir onde há baixa cobertura vacinal e diminuição dos cuidados", avalia o virologista Fernando Spilki, professor da Feevale e coordenador da Rede Corona-ômica.BR-MCTI.
Nesse sentido, ele considera temeroso o relaxamento das restrições no País e no Estado, amparado no avanço da imunização e na estabilidade dos indicadores da pandemia no momento, e sugere que as autoridades sanitárias "comecem a agir antes de flutuações nos indicadores". "Potencial para se disseminar pelo mundo já sabemos que Ômicron tem, mas podemos adotar medidas urgentes para tentar retardar sua chegada por aqui, como intensificar o rastreamento das pessoas que vêm do Exterior, incentivando a quarentena e isolamento pontual desse grupo, reforçar a estratégia de testagem e monitoramento, que caiu muito, e de vacinação, tanto esquema completo quanto reforço", ressalta Spilki.
Na mesma linha, o infectologista Paulo Ernesto Gewehr Filho, do Hospital Moinhos de Vento, destaca que as flexibilizações momentâneas dão mais chance de o vírus circular, e que somente com alto índice de vacinação completa é que o processo de imunização tem chance de diminuir os efeitos da chegada de novas variantes. Mas, para isso, é preciso investir na atualização do esquema vacinal completo.
"Muitas pessoas fizeram a segunda dose há oito meses, por exemplo, isso diminui a eficácia da proteção. Por isso a importância do reforço vacinal e do combate às fake news em relação à vacina. Os vacinados têm menos chance de casos graves ou de virem a óbito que os não vacinados, que não apresentam proteção nenhuma ao vírus, e essa variante mostra que ganha na competição com outras linhagens, o que favorece sua circulação entre pessoas não vacinadas", ressalta.
Spilki complementa que, no País, dado o avanço da imunização, a disseminação da Ômicron pode ter um comportamento diferente, sem exacerbação de casos, até porque a tendência é de que as vacinas sejam modernizadas para combater a variante. "A vacina deve ser fundamental nesse processo".
Gewehr Filho aponta ainda outras medidas que podem ser adotadas para minimizar ou postergar o impacto da chegada de novas variantes, como a análise de dados constante das novas cepas, aumento das testagens, bloqueio de viagens para os países com novos casos e restrição de voos vindos dessas localidades, exigência de passaporte vacinal com duas doses para entrada no País, testes RT-PCR e quarentena dos viajantes.
"Não é possível evitar a chegada da nova linhagem, mas podemos ganhar tempo e nos prepararmos melhor para não sofrer grande impacto da Ômicron. No momento estamos um passo à frente dela, dá tempo para organizar o sistema de saúde e as medidas sanitárias necessárias", conclui.

O que se sabe sobre a nova variante

  • A variante Ômicron – também chamada B.1.1529 – foi identificada pela primeira vez na África do Sul, em 9 de novembro, e reportada à Organização Mundial da Saúde (OMS) em 24 de novembro;
  • Em poucos dias, já é considerada a variante dominante no continente africano;
  • A cepa também já é considerada "variante de preocupação" pela OMS, desde sexta-feira (26), e gerou alerta de risco global "muito alto";
  • Imagem da variante Ômicron revelou mais que o dobro de mutações que a Delta;
  • Pacientes infectados até o momento mostram sintomas leves, mas ainda é necessário mais tempo para avaliar o efeito em pessoas vulneráveis;
  •  A cepa ainda não foi identificada no Brasil
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