A pandemia do novo coronavírus já vitimou fatalmente 35.183 pessoas no Rio Grande do Sul desde os primeiros meses do ano passado. É como se uma cidade com aproximadamente o tamanho de Garibaldi fosse dizimada em um ano e sete meses. Pois, por trás desse número, há tragédias particulares em cada uma das famílias afetadas. Em algumas delas, porém, a dor da perda envolve diretamente crianças. Conforme levantamento realizado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), ao menos 567 crianças de até seis anos de idade no Rio Grande do Sul ficaram órfãos de um dos pais vítimas da Covid-19 entre 16 de março de 2020 e 24 de setembro deste ano.
Os dados foram levantados com base no cruzamento entre os CPFs dos pais nos registros de nascimentos e de óbitos feitos nos 419 Cartórios de Registro Civil do Estado desde 2015, ano em que as unidades passaram a emitir o documento diretamente nas certidões de nascimento das crianças recém-nascidas em todo o estado.
Os números obtidos pela entidade que representa os Cartórios de Registro Civil do Brasil mostram que três pais faleceram antes do nascimento de seus filhos, enquanto quatro crianças, até a idade de seis anos, perderam pai e mãe vítimas da Covid-19.
"Os Cartórios de Registro Civil contribuem continuamente, por meio do Portal da Transparência, para dimensionar os impactos da Covid-19 no Brasil, inclusive com a estimativa de quantas crianças no país perderam os pais para a doença, um dado extremamente importante para auxiliar os órgãos públicos e autoridades no amparo dessas crianças", destaca Sidnei Hofer Birmann, presidente da Arpen/RS.