Ao contrário de muitas cidades brasileiras, Porto Alegre não corre risco de ficar sem espaço para enterrar as vítimas de Covid-19. Atualmente, segundo a Associação Sulbrasileira de Cemitérios e Crematórios (Asbrace), a Capital conta com cinco mil sepulturas disponíveis nos 19 cemitérios da cidade e, ainda, espaço e capacidade construtiva de 80 mil jazigos. O município já passa dos três mil óbitos pela doença.
“Não vai haver um colapso em Porto Alegre. As pessoas pensam que pode acontecer o mesmo que em Manaus, mas nosso sistema funerário é bem organizado. Conseguimos suprir as necessidades da comunidade”, declara o presidente da Asbrace e diretor do cemitério Parque Jardim da Paz, Gerci Perrone Fernandes. Ainda que longe de um colapso, Fernandes afirma que a demanda das funerárias, cemitérios e crematórios cresceu 20% entre janeiro e fevereiro.
O administrador dos cemitérios municipais de Porto Alegre, Alexsandro Silva da Costa, também notou o aumento na procura pelo serviço. “Em questão de espaço, esse pico de Covid-19 não nos afetou, mas aumentou nossa demanda de sepultamento por dia. Em janeiro sepultamos seis vítimas de Covid-19, em fevereiro já foram 17”, conta. Os cemitérios Tristeza, São João e Belém Velho atendem somente famílias com concessão. “Em julho do ano passado também atingimos 16 sepultamentos. Nos meses seguintes, o número diminuiu e, agora, está assim novamente.”
“Ainda não sabemos exatamente os números sobre o mês de março, porque ainda tem uns dias pela frente, mas já percebemos que a demanda está maior do que no mês anterior”, ressalta Fernandes. Segundo dados da Central de Atendimento Funerário de Porto Alegre (CAF-POA), a cidade registrou 1.695 e 1.629 óbitos em janeiro e fevereiro, respectivamente. Nos primeiros 18 dias de março, o número chegava a 1.847 mortes. Fernandes explica, porém, que 40% das pessoas que morrem na cidade são enterradas ou cremadas em outros locais.
Em janeiro, fevereiro e março de 2020 foram registrados, respectivamente, 866, 822 e 826 sepultamentos ou cremações em Porto Alegre. Nesse ano, já foram 1.102 em janeiro, 1.143 em fevereiro e 1.446 até o dia 18 de março. A CAF-POA explica que não há como saber quantas mortes foram causadas pela Covid-19.
De acordo com Fernandes, o sistema funerário de Porto Alegre tem capacidade para 1,1 mil sepultamentos por mês. Até a segunda semana de março, os dois crematórios da cidade tinham limite de oito cremações por dia. No dia 11 de março, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler (Fepam) concedeu autorização para que os estabelecimentos operassem em sua capacidade máxima.