A China confirmou, nesta quinta-feira (14), que a equipe de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) encarregada de investigar as origens do novo coronavírus chegou ao país, desembarcando diretamente em Wuhan, cidade onde os primeiros casos de Covid-19 começaram a ser registrados há pouco mais de um ano.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian, citado pela agência de notícias estatal Xinhua, acrescentou que a equipe - formada por cientistas de várias organizações dos Estados Unidos, Japão, Rússia, Reino Unido, Holanda, Dinamarca, Austrália, Vietnã, Alemanha e Catar - "cooperará" com os cientistas locais nas investigações.
No entanto, Zhao não deu mais detalhes ou esclareceu se os membros da OMS deverão ficar em quarentena ao chegar na China, conforme noticiado na segunda-feira (11) pelo jornal South China Morning Post de Hong Kong. A China exige que qualquer viajante vindo do exterior faça duas semanas de quarentena num hotel. Esta regra deve, portanto, ser aplicada aos investigadores da OMS, mesmo que isso não tenha sido formalmente confirmado.
A chegada da equipe causou polêmica nas últimas semanas depois de o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmar estar "muito desapontado" com os obstáculos que Pequim estava colocando para a missão, embora as autoridades chinesas negassem.
O objetivo da missão é encontrar a possível origem animal do SARS-CoV-2 e os seus canais de transmissão para humanos. Embora a teoria inicial seja de que o vírus se espalhou a partir de um mercado de produtos frescos e animais em Wuhan, a imprensa oficial chinesa tem promovido uma narrativa alternativa nos últimos meses, que assegura que esse surto pode ser devido a alimentos congelados de outros países. A China reconheceu que o vírus foi detectado pela primeira vez em Wuhan, mas sublinhou que pode ter tido origem e sido transmitido de animais para humanos em outras partes do país ou do mundo.
Marion Koopmans, um dos participantes na missão da OMS, disse à televisão chinesa CGTN que a equipe estaria "aberta a todas as hipóteses". "Não acho que devamos descartar nada, mas é importante começar no local, obviamente em Wuhan, onde ocorreu um grande surto", disse a investigadora.
Os especialistas deveriam chegar na semana passada, mas um problema de última hora com as autorizações para entrar em território chinês atrasou a viagem. Embora especialistas da OMS já tenham visitado a China com esse propósito em fevereiro e julho do ano passado - sem muitos detalhes serem revelados - a organização desta missão está atrasada há meses e tem sido cercada de sigilo, tanto por parte do organismo da ONU quanto por autoridades chinesas.