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Coronavirus

- Publicada em 07 de Janeiro de 2021 às 17:38

Pesquisa que monitora Covid-19 no esgoto confirmou maior disseminação do vírus entre novembro e dezembro

Desde maio, 377 amostras de arroios e esgotos foram coletadas em 25 pontos das cidades pesquisadas

Desde maio, 377 amostras de arroios e esgotos foram coletadas em 25 pontos das cidades pesquisadas


Lisiane Ulbrich/Divulgação/JC
Fernanda Crancio
Os meses de novembro e dezembro registraram a maior disseminação do coronavírus no esgoto de Porto Alegre e das cidades da Região Metropolitana desde maio, quando iniciou a pesquisa ambiental que monitora a presença do vírus no esgoto doméstico e em arroios.
Os meses de novembro e dezembro registraram a maior disseminação do coronavírus no esgoto de Porto Alegre e das cidades da Região Metropolitana desde maio, quando iniciou a pesquisa ambiental que monitora a presença do vírus no esgoto doméstico e em arroios.
Na Capital, também foi detectada a presença da Covid-19 em todas as amostras analisadas nas últimas semanas de novembro, porém, a forte migração de porto-alegrenses para o Litoral Norte no período tem impactado sobre os resultados e colaborado para a diminuição dos registros positivos nas amostras, apesar do aumento de pacientes contaminados e internações no município no período.
De acordo com a chefe de Vigilância Ambiental em Saúde do Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul(CEVS), Aline Campos, esse resultado do final do ano deve ser visto com cautela, já que as coletas demonstram um retrato do momento e há, comprovadamente, uma aceleração de casos em toda a Região Metropolitana de Porto Alegre. "Apesar da quantidade de vírus na água não ter sido tão grande, todas as amostras de Estações de Tratamento de Esgoto da Serraria, por exemplo, uma das maiores da Capital, deram positivo. Isso é um prenúncio de que a onda de aumento da circulação do vírus se espalhou para toda a cidade, e as pessoas passaram a eliminar vírus por todo o território pesquisado", comenta.
De fato, essa elevação já vinha sendo percebida, principalmente na ETE Serraria, que atende a 50% da população da Capital, e que apresentou o maior resultado já encontrado nas análises no período de 8 a 14 do mês. Na semana seguinte, de 15 a 21 de novembro, todas as amostras coletadas na Capital também deram positivo para a presença do coronavírus. Segundo a pesquisa, novo pico de detecção da Covid-19 nessa ETE ocorreu em meados de dezembro, quando houve o retorno da bandeira vermelha na região, com tendência de diminuição da detecção da presença do vírus nas últimas semanas do ano, quando tradicionalmente os moradores da região se deslocam para as praias. "Essa migração de gente para o Litoral mexe com os resultados da pesquisa e esperamos comprovar isso nos resultados que obtivermos ao longo de janeiro", explica Aline.
A outra ETE que atende parte significativa de Porto Alegre, a ETE São João Navegantes, que cobre parte da região central da cidade e a zona norte como um todo, áreas que tradicionalmente concentra grande circulação de pessoas, também teve pico de registros em novembro, oscilação em dezembro e queda na detecção do vírus na última semana do ano. E, a exemplo do que ocorreu em novembro, entre o final de dezembro e o começo de janeiro já há aumento dos casos de Covid-19 na Capital.
Em Canoas (ETE Mato Grande), Alvorada (ETE Estocolmo) e Gravataí (ETE Parque dos Anjos) todas as amostras coletadas em novembro e dezembro foram positivas para a presença do vírus. Já na ETE Freeway, em Cachoeirinha, ocorreram apenas quatro coletas nesses meses, mas com tendência de aumento na detecção do vírus no período. Já em São Leopoldo (ETE Vicentina), somente uma coleta foi realizada nos dois últimos meses do ano, com resultado negativo para a presença do vírus.
Os resultados do estudo, desenvolvido desde maio pela Feevale, em parceria com o CEVS e instituições como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e a Fiocruz, seguem sendo exitosos e de acordo com o que se propõe. Por isso, uma nova fase deverá ser iniciada ainda este mês, em pontos do Litoral Norte, para identificar se o grande aumento populacional dessa área durante o verão também impacta nos resultados encontrados no esgoto. "Em termos de análise qualitativa já vínhamos sendo uma boa ferramenta, mas agora também confirmou isso na análise quantitativa da presença do vírus, pela persistência dele também nas águas dos arroios, como vimos", ressalta a representante do CEVS.
A longo prazo, após o início da vacinação para Covid-19, os pesquisadores acreditam ainda que o estudo possa confirmar a diminuição da concentração viral após a imunização da população. "Ou seja, o esgoto vai poder avisar se a presença do vírus está de acordo com a cobertura vacinal, ou se será preciso ajustar a vacina em cima disso", conclui Aline.
Até o momento, 377 amostras de água de arroios e esgotos foram analisadas (de maio a dezembro), em 25 pontos de coleta de Estações de Tratamento e de Bombeamento de Esgoto e arroios.

Curiosidades do 6º Boletim da pesquisa:

  • A Semana Epidemiológica 47 (de 15 a 21/11) foi a que apresentou maior disseminação do vírus no território avaliado, com todas as amostras de esgoto e de arroios positivas;
  • A ETE Mato Grande, em Canoas, apresentou na última semana do ano a maior quantidade de cópias genômicas desde o início de seu monitoramento;
  • A tendência de queda observada em Porto Alegre nas últimas duas semanas de dezembro deve ser interpretada com cautela, já que grande parte da população se desloca ao Litoral neste período.
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