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Coronavirus

- Publicada em 07 de Outubro de 2020 às 18:39

Pesquisa aponta concentração de Covid-19 no esgoto de bairros da zona Sul de Porto Alegre

Estudo mostrou aumento de amostras ativas na ETE Serraria entre agosto e setembro

Estudo mostrou aumento de amostras ativas na ETE Serraria entre agosto e setembro


MARCELO G. RIBEIRO/ARQUIVO/JC
Fernanda Crancio
Apesar da melhora dos indicadores da Covid-19 considerados no distanciamento controlado, que garantiram a predominância de bandeira laranja e flexibilizações de atividades em todo o Rio Grande do Sul nas últimas semanas, os números de casos ativos da doença em Porto Alegre e na Região Metropolitana da cidade cresceram nos meses de agosto e setembro. Esse dado foi comprovado na quarta fase da pesquisa que faz o monitoramento ambiental do coronavírus nas estações de tratamento de esgoto doméstico e em águas superficiais. O levantamento, que tem se mostrado eficaz na detecção do vírus e análise dos locais com maior concentração viral, mostrou ainda que a disseminação prevaleceu na região sul da capital gaúcha, que concentra bairros populosos como Lami, Ponta Grossa, Serraria e Restinga.
Apesar da melhora dos indicadores da Covid-19 considerados no distanciamento controlado, que garantiram a predominância de bandeira laranja e flexibilizações de atividades em todo o Rio Grande do Sul nas últimas semanas, os números de casos ativos da doença em Porto Alegre e na Região Metropolitana da cidade cresceram nos meses de agosto e setembro. Esse dado foi comprovado na quarta fase da pesquisa que faz o monitoramento ambiental do coronavírus nas estações de tratamento de esgoto doméstico e em águas superficiais. O levantamento, que tem se mostrado eficaz na detecção do vírus e análise dos locais com maior concentração viral, mostrou ainda que a disseminação prevaleceu na região sul da capital gaúcha, que concentra bairros populosos como Lami, Ponta Grossa, Serraria e Restinga.
Em Porto Alegre esse aumento mais expressivo do número de casos pode ser comprovado pelos resultados comparativos das semanas analisadas. Os dados na capital gaúcha partiram de 1.351 ativos na semana do dia 6 de agosto para 4.091 na semana do dia 17 de setembro, atingindo um pico de contaminação na semana do dia 9 de setembro, quando 4.361 casos ativos foram registrados. Os dados consideraram as notificações a partir da comparação com os demais municípios da Região Metropolitana, composta pelas cidades de Alvorada, Cachoeirinha, Glorinha, Gravataí, Porto Alegre e Viamão, dos quais quatro estão abrangidos na amostragem.
Esse resultado, segundo a análise, está provavelmente condicionado à ampliação da testagem realizada por meio do programa Testar RS, implementado pelo governo do Estado a partir de 20 de julho. No entanto, vale lembrar que os casos identificados e monitorados através do sistema de saúde são, em grande parte, sintomáticos, enquanto que o monitoramento através do esgoto avalia tanto as pessoas sintomáticas como assintomáticas. "A amostragem dá um retrato da comunidade como um todo, de forma coletiva, e para nós são bem interessantes os resultados, que corroboram com o que vemos na ponta da assistência médica, dos óbitos, internações, etc.", comenta a chefe de Vigilância Ambiental em Saúde do Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul(CEVS), Aline Campos.
O levantamento, desenvolvido desde 11 maio pela Feevale, em parceria com o Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul (CEVS) e outras instituições como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e a Fiocruz, coletou 175 amostras em 33 pontos de monitoramento, dentre eles Estações de Tratamento de Esgoto (ETE), Estações de Bombeamento de Esgoto (EBE), Estações de Bombeamento de Águas Pluviais (EBAP) e mananciais superficiais altamente impactados, como mostrado no boletim anterior, divulgado no início de setembro.
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Pesquisa coletou 175 amostras em 33 pontos de monitoramento em arroios e estações de esgoto. Crédito: Manuel Loncan/Divulgação/JC
Na fase atual, que abrangeu o período de 2 de agosto a 26 de setembro, a maior carga viral encontrada entre as 97 amostras coletadas foi na ETE Serraria, em Porto Alegre, que no dia 8 de setembro registrou quatro vezes mais presença do coronavírus no esgoto do que a maior carga encontrada nos arroios pesquisados. A ETE é também a maior em cobertura e capacidade de vasão e tratamento da Capital, e que não havia registrado amostras positivas para a Covid-19 no início do estudo. "Isso mostra que não apenas que essa ETE concentrou carga viral, mas que a doença se alastrou para a zona sul da cidade e chegou a outras camadas sociais", comenta Aline, referindo-se à primeira fase da pesquisa, que mostrava maior concentração na zona norte, em bairros atendidos pela ETE São João Navegantes, segunda unidade de esgotos de Porto Alegre em termos de capacidade de tratamento.
Nessa etapa da amostra, a partir de estudo do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Ufrgs, foram acrescentados novos pontos de coleta nos arroios, principalmente nos mais impactados, como o Arroio Pampa, em Novo Hamburgo, e o Arroio Dilúvio, em Porto Alegre, que tiveram picos de presença de vírus na última semana de agosto e passaram a receber pontos extras de coleta. O intuito dessa ampliação de áreas de checagem permitirá aos pesquisadores ter maior representatividade do monitoramento das águas.
Pelo estudo, o Arroio Pampa demonstrou a presença de SARS-CoV-2 em todas as amostras coletadas, diferentemente de outras coletas em águas superficiais, tanto no Rio dos Sinos quanto em outros corpos hídricos, o que indica o despejo consistente de esgoto cloacal feito neste local.
No geral, no entanto, os resultados encontrados nos esgotos comprovaram a tendência de desaceleração no ritmo de crescimento da prevalência da Covid-19 na Região Metropolitana e nos arroios, a partir da segunda semana de setembro, o que comprova a eficácia do monitoramento realizado e consolida a pesquisa como uma ferramenta capaz de indicar a presença e variação da transmissão do novo coronavírus em uma população. "Esse é o legal da pesquisa, ela valida a ferramenta de vigilância, exatamente o que queríamos demonstrar. Ou seja, ela se torna mais um importante instrumento de monitoramento que temos", reforça Aline.
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Pontos como o Arroio Luiz Rau, em Novo Hamburgo, foram monitorados pelo estudo. Crédito: Manuel Loncan/ Divulgação/JC
Para a coordenadora da pesquisa pela Feevale, a professora e bióloga Caroline Rigotto, os resultados obtidos demonstram a importância de seguir com o monitoramento do ambiente, que comprovou a tendência de desaceleração de casos e relação de carga viral com os casos ativos. "A ideia é continuar o estudo a longo prazo, para que quando passarmos esse período crítico da pandemia possamos implementar essa ferramenta, a exemplo do que se faz em outros países, como um instrumento de vigilância epidemiológica, com esse olhar mais voltado para o ambiente", completa.
O êxito do projeto fez com que a pesquisa recebesse reconhecimento da OMS, que convidou os pesquisadores a participarem de uma reunião virtual sobre protocolos de vigilância, ao lado de especialistas de diversos países. Além disso, consultas de prefeituras gaúchas e de outros estados têm sido feitas à equipe, em busca de orientações sobre o estudo e implantação de ações semelhantes.
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