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Coronavirus

- Publicada em 04 de Junho de 2020 às 21:01

Brasil chega ao 100º dia de pandemia

Indicador de mortalidade mais grave é o do Amazonas, com 51,6 óbitos para cada 100 mil habitantes

Indicador de mortalidade mais grave é o do Amazonas, com 51,6 óbitos para cada 100 mil habitantes


MICHAEL DANTAS/AFP/JC
Juliano Tatsch
Há pouco mais de dois meses, os brasileiros liam as notícias vindas da Itália que falavam sobre mais de mil pessoas morrendo diariamente naquele país em razão da pandemia do novo coronavírus. Especialistas comentavam sobre os erros cometidos pelo governo italiano e pelas administrações regionais para que a situação chegasse àquela situação. Falava-se que o quadro no Brasil não chegaria naquele ponto, na medida em que o País tem um amplo sistema público de saúde, uma população mais jovem, menos fumantes, e estava passando pelo período de clima mais quente. Pois, a pandemia chegou nesta quinta-feira ao 100º dia no Brasil e, na véspera, bateu recorde de mortes, com 1.349 em 24 horas.
Há pouco mais de dois meses, os brasileiros liam as notícias vindas da Itália que falavam sobre mais de mil pessoas morrendo diariamente naquele país em razão da pandemia do novo coronavírus. Especialistas comentavam sobre os erros cometidos pelo governo italiano e pelas administrações regionais para que a situação chegasse àquela situação. Falava-se que o quadro no Brasil não chegaria naquele ponto, na medida em que o País tem um amplo sistema público de saúde, uma população mais jovem, menos fumantes, e estava passando pelo período de clima mais quente. Pois, a pandemia chegou nesta quinta-feira ao 100º dia no Brasil e, na véspera, bateu recorde de mortes, com 1.349 em 24 horas.
O Brasil é o único país do mundo que teve três ministros da Saúde em meio à pandemia, sendo que dois deles - médicos - deixaram a pasta por defenderem a Ciência como balizadora das ações. Desde 15 de maio, quando Nelson Teich pediu demissão, a pasta é comandada interinamente por um general do Exército sem experiência na área. Apenas 19 dias depois, na quarta-feira, Eduardo Pazzuelo foi oficializado como ministro interino da Saúde, que segue sem um titular. Entre suas ações, estão a retirada de servidores técnicos e colocação de miliares em seus lugares. A última nomeação se deu nesta quinta-feira, com o coronel Antônio Élcio Franco Filho assumindo como secretário-executivo. Já são 22 militares atuando em cargos no ministério.
O número total de mortes causadas pela doença no País chegou a 32.548 na quarta-feira. Eram 584.016 casos em território brasileiro. No entanto, a subnotificação é alta. A primeira etapa do Epicovid nacional, inquérito epidemiológico comandado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), apontou que o número de infectados é sete vezes maior do que o registrado oficialmente. Assim, o total real estaria na casa de 4,2 milhões de pessoas contaminadas.
A Covid-19 é a principal causa de mortes no País atualmente, acima das doenças cardiovasculares. Enquanto isso, o governo federal estimula o uso da cloroquina contra o vírus, uma droga que não é recomendada por nenhuma entidade médica ou científica do mundo por não ter eficácia comprovada e resultar em severos efeitos colaterais, principalmente para cardíacos.
Além disso, a divulgação diária dos números da pandemia no País tem sido prejudicada por mais uma manobra: a atualização cada vez mais tarde dos dados. Durante a gestão do ministro Luiz Henrique Mandetta, entrevistas diárias eram concedidas à tarde. Na quarta-feira, dia do recorde de óbitos pela Covid-19, não houve entrevista e a atualização foi divulgada após às 22h, impossibilitando que noticiários televisivos e jornais do dia seguinte noticiassem os números. Nesta quinta-feira, mais uma vez, os dados não foram divulgados até o fechamento desta edição.
O Brasil é o segundo país no mundo com mais casos, atrás apenas dos Estados Unidos. Em relação aos óbitos, é o quarto, mas deve ultrapassar a Itália nos próximos dias. Nos últimos dez dias, a média diária de mortes ficou em 1.053, com estados mais pobres puxando a curva para cima. No Norte, o Amazonas tem 51,6 mortes para cada 100 mil habitantes. No Nordeste, o Ceará lidera, com 39,5. Como comparação, São Paulo, que possui o maior número de casos no País, com 123 mil, tem mortalidade de 18 por 100 mil habitantes.
Em meio a uma curva de casos e mortes crescente e a uma adesão cada vez menor ao isolamento social, ainda não está clara uma articulação federal contra a pandemia. Pelo contrário, o País vê o presidente da República brigando com governadores e prefeitos. Em participação no evento Brazil Conference at Harvard & MIT, realizado na quarta-feira em Boston, nos EUA, a chefe do departamento de Saúde Global e População de Harvard, Marcia Castro, afirmou que o Brasil tinha estrutura "de dar inveja a outros países" para dar uma resposta efetiva à pandemia: o SUS. Entretanto, por falta de uma boa gestão federal, há "5.570 governanças paralelas, cada uma tentando resolver o problema".
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