Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Coronavirus

- Publicada em 17 de Maio de 2020 às 21:04

Preço que o governo paga por matéria-prima da cloroquina dispara

Material para droga sem eficácia comprovada foi comprada sem licitação pelo Exército

Material para droga sem eficácia comprovada foi comprada sem licitação pelo Exército


YURI CORTEZ/AFP/JC
O governo federal pagou pelo quilo da cloroquina em pó, insumo do medicamento pivô da queda do ministro da Saúde, Nelson Teich, quase seis vezes o preço pago menos de um ano antes. Uma mesma empresa sediada em Campanha, no interior de Minas Gerais, vendeu o produto para o Comando do Exército e para o Ministério da Saúde, no intervalo de um ano. A cloroquina foi importada, nos dois casos, de um mesmo fabricante da Índia, o Laboratório IPCA.
O governo federal pagou pelo quilo da cloroquina em pó, insumo do medicamento pivô da queda do ministro da Saúde, Nelson Teich, quase seis vezes o preço pago menos de um ano antes. Uma mesma empresa sediada em Campanha, no interior de Minas Gerais, vendeu o produto para o Comando do Exército e para o Ministério da Saúde, no intervalo de um ano. A cloroquina foi importada, nos dois casos, de um mesmo fabricante da Índia, o Laboratório IPCA.
O Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército comprou em maio 500 quilos do sal difosfato, a matéria-prima da cloroquina. A encomenda saiu por R$ 652 mil. O preço do quilo (R$ 1.304,00) é quase seis vezes aquele pago pelo Ministério da Saúde em contrato assinado em maio de 2019, quando o governo federal desembolsou R$ 219,98 por quilo.
O Exército comprou sem licitação, e a compra faz parte das ações de enfrentamento à pandemia. A compra com valor muito acima do normal e sem licitação de um produto que até o momento se mostra ineficaz ao combate à doença pode ser uma das razões da insistência do presidente Jair Bolsonaro em fazer o uso da cloroquina se tornar rotina nos hospitais do País.
A diferença de preço se deve sobretudo ao aumento de custo decorrente da pandemia. Segundo a empresa Sulminas Suplementos e Nutrição Ltda, além do aumento da demanda mundial por um produto até então pouco procurado, o aumento do preço dos fretes internacionais e a variação da cotação do dólar também pesaram no custo - a moeda norte-americana se valorizou mais de 40% no ano.
A empresa, principal fornecedora do insumo no Brasil, já entregou ao Exército 100 quilos dos 500 quilos encomendados neste mês. Na sexta-feira, o Exército respondeu que seu Laboratório Químico e Farmacêutico já havia fabricado 1,25 milhão de comprimidos de difosfato de cloroquina, medicamento sem eficácia comprovada no combate da Covid-19 e com efeitos colaterais que o ex-ministro Nelson Teich havia destacado na antevéspera do pedido de demissão. O comando do Exército informou ainda a previsão de produzir mais 1,75 milhão de comprimidos com o recebimento de mais matéria-prima, previsto para os próximos dias.
Os medicamentos fabricados pelo laboratório foram distribuídos aos hospitais das Forças Armadas e seriam suficientes para o tratamento de cerca de 5.000 pacientes. O laboratório do Exército repassou parte da produção a centrais de abastecimento de medicamentos do Sistema Único de Saúde em todos os Estados.
Os laboratórios do Exército e da Marinha receberam parte das verbas do crédito extraordinário de R$ 231 milhões destinado ao Ministério da Defesa na ação de enfrentamento à pandemia. A Marinha informou que participa apenas no processo de embalagem da cloroquina.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO