Segundo o prefeito, durante as duas primeiras semanas de isolamento social na cidade, o uso de leitos de UTI por pacientes com sintomas de coronavírus duplicava a cada cinco dia, passando de quatro, em 16 de março, para 16 no dia 29 daquele mês. Após 15 dias de suspensão de atividade, no entanto, a curva de uso de UTIs começou a se reduzir, com o tempo de duplicação da pacientes positivos para Covid-19 internados em UTI caindo para 8,2 dias (passando de 20, em 30 de março, para 42 em 9 de abril). Desde o dia 10 de abril essa curva já vem apresentando queda, passando de 43 pessoas para 33.
Entretanto, o prefeito alertou que as boas notícias ainda não querem dizer que o isolamento deve acabar tão cedo. “Vamos supor que a gente resolva retomar todas atividades econômicas. Os efeitos vão começar a aparecer daqui 15 dias”, explicou Marchezan.
“Em 15 de maio, seriam necessários 70 leitos. Considerando uma velocidade de contaminação igual à das duas semanas iniciais, de antes do isolamento fazer efeito, no dia 25 de maio precisaríamos de 280 leitos. E no final do mês, estaríamos necessitando mais de 500 leitos", afirma o prefeito, indicando que Porto Alegre não tem estrutura para essa necessidade. “Queremos chegar até o final do mês com 174 leitos disponíveis para pacientes de coronavírus, com uma possível expansão para 255. Mas o número máximo que podemos obter são 383 leitos. Não podemos deixar que chegue a essa necessidade”, alertou.
Segundo Marchezan, "a opinião majoritária no mundo inteiro é de que, sem o isolamento, os números aumentam. Nossa leitura é que essa tese funcionou, pois diminuímos a necessidade de leitos de UTI e a proliferação do vírus". Entretanto, ponderou que o número de confirmados não é o principal balizador para decisões porque a quantidade de testes é menor do que a ideal. Para ajudar nessa questão, Porto Alegre irá avançar na quantidade de testes realizados diariamente. “Até o final dessa semana a gente estará testando 580 pessoas por dia. Porto Alegre vai ser uma referência no Brasil em número de testagem”, acrescentou.
Reabertura de atividades
A situação mais confortável de Porto Alegre já permite flexibilização de algumas atividades, afirmou Marchezan. Desde o dia 23 de abril a indústria e a construção civil já retornaram ao trabalho. Agora, voltam outras atividades, como profissionais autônomos, profissionais liberais, microempreendedores individuais e microempresas, de faturamento limitado em R$ 360 mil ao ano.
As atividades desses profissionais começam a ser liberadas a partir da próxima terça-feira (5). O decreto deveria valer já nesta sexta-feira, mas o texto deverá passar por ajustes.
Segundo Marchezan, a decisão de permitir as atividades dos pequenos negócios deve-se a um critério de necessidade. “Escolhemos profissionais que têm uma receita menor, e dependem de um fluxo de caixa diário para sustentar suas famílias”, destacou.
Com o novo decreto, cerca de 147 mil pessoas ficam aptas a trabalhar. Deste total, 85 mil são trabalhadores formais, 56 mil são MEIs e 6 mil são autônomos e liberais.
As regras de higienização e controle de acesso permanecem. Os estabelecimentos deverão deixar fixados em local visível o alvará ou contrato social das empresas e a declaração de enquadramento, que servirão como prova de que atuam como autônomos, microempresas ou microempreendedores individuais. “Quem não respeitar essas normas pode sofrer punições. A equipe de fiscalização verificará os estabelecimentos, e pode fechar, multar e até cassar o alvará se necessário”, alerto.