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Coronavirus

- Publicada em 03 de Maio de 2020 às 20:49

Pandemia aumenta a dor de um luto sem despedida

Com restrições aos funerais, familiares se veem impedidos de dar o último adeus aos entes queridos

Com restrições aos funerais, familiares se veem impedidos de dar o último adeus aos entes queridos


CLAITON DORNELLES /JC
Gabriela Porto Alegre
O novo coronavírus têm causado impactos significativos na rotina da população devido às novas políticas de isolamento social para frear a disseminação da Covid-19. Nas últimas semanas, medidas que visam evitar aglomerações também chegaram aos rituais de despedida, como velórios e enterros.
O novo coronavírus têm causado impactos significativos na rotina da população devido às novas políticas de isolamento social para frear a disseminação da Covid-19. Nas últimas semanas, medidas que visam evitar aglomerações também chegaram aos rituais de despedida, como velórios e enterros.
Com determinações que dizem respeito a enterros com caixões lacrados, não realização de velórios em casos suspeitos ou confirmados da doença e número limitado de pessoas para a despedida, familiares estão se vendo impedidos de dar o último adeus aos seus entes queridos.
Essa despedida, de acordo com a psicóloga Olga Silva, consiste em um ritual extremamente importante e complexo para os familiares, uma vez que o enterro dá início à concretude da morte e ao processo de luto. "O luto é um processo complexo e difícil em qualquer situação, porque ninguém está totalmente preparado para lidar com a perda de alguém importante. Apesar disso, como iremos encarar essa perda vai depender de múltiplos fatores emocionais e sociais, o que é muito particular. A pandemia, claro, surge como um fator complicador dentro desse processo, muito pelo caráter rápido, repentino e até traumático", afirma.
O luto, segundo Olga, é um processo muito individual e íntimo, apesar da forma como o encaramos estar muito ligada a um rito cultural. "Hoje, estamos tendo que nos adaptar a novas rotinas e mudar, inclusive, algumas tradições."
Para a psicóloga, ritos como velórios e enterros auxiliam no processo de elaboração do novo, isto é, no processo de compreensão da perda do ente querido e de um novo mundo onde a presença física dele não faz mais parte. "As perdas geram muitos sentimentos e questionamentos. Não ter esses rituais pode, de alguma forma, dificultar a passagem pelo processo, uma vez que ele não acontece de forma saudável. No entanto, podemos buscar formas alternativas de dizer adeus e criar nossos próprios rituais de despedida", explica.
Encarar situações como a da morte é sempre algo muito difícil, e, por esse motivo, as pessoas devem se conectar com seus próprios sentimentos, a fim de compreender o momento. "Ninguém quer sofrer, mas o luto é a reação diante de uma perda significativa. Respeitar esse momento é fundamental. Entender que cada um passa por esse processo de uma maneira e não se cobrar também faz toda a diferença, porque, por mais doloroso que seja, temos que vivenciar esses sentimentos."
A psicóloga recomenda que os familiares busquem auxílio da sua rede de apoio, se abram e dividam esse sofrimento. "Estar em distanciamento social não necessariamente é estar sozinho", por isso, é fundamental que as pessoas conversem com amigos, interajam, mesmo que de forma virtual nesse período de pandemia. "Se, com o passar do tempo, se verificar que não está conseguindo lidar com esses sentimentos e, de alguma forma, perceber prejuízos na vida cotidiana, é necessário que o familiar procure um profissional de saúde mental para auxiliá-lo neste processo."
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