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Coronavirus

- Publicada em 24 de Março de 2020 às 17:27

Músicos, produtores e técnicos buscam alternativas durante a pandemia

Delacroix tem feito arranjo de músicas e encaminhado aos alunos do grupo de canto para praticarem

Delacroix tem feito arranjo de músicas e encaminhado aos alunos do grupo de canto para praticarem


LIA ZANINI - DIVULGAÇÃO/JC
Luciane Medeiros
Com o fechamento de casas noturnas, pubs e bares e a proibição à realização de eventos, medidas adotadas pela prefeitura de Porto Alegre para conter o avanço do coronavírus, músicos, produtores e outros profissionais do meio cultural ficaram sem boa parte da sua fonte de renda. Profissionais autônomos na sua grande maioria, a saída tem sido buscar alternativas para realizar as atividades - shows, eventos, aulas - mesmo sem poder sair de casa.
Com o fechamento de casas noturnas, pubs e bares e a proibição à realização de eventos, medidas adotadas pela prefeitura de Porto Alegre para conter o avanço do coronavírus, músicos, produtores e outros profissionais do meio cultural ficaram sem boa parte da sua fonte de renda. Profissionais autônomos na sua grande maioria, a saída tem sido buscar alternativas para realizar as atividades - shows, eventos, aulas - mesmo sem poder sair de casa.
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“Levei um susto ao receber a notícia de que a escola onde tenho três grupos de canto, reunindo quase 70 cantoras e 1 cantor, estava fechando as portas em função da pandemia”, relata o músico, compositor, cantor e produtor Marcelo Delacroix. “É uma situação preocupante não só para músicos e artistas mas para todos os trabalhadores autônomos”, lamenta.
Como algumas alunas já haviam pago a mensalidade, as aulas serão compensadas no futuro. Para dar continuidade ao trabalho que vinha desenvolvendo, Delacroix tem preparado arranjos de músicas que estarão no repertório de um show e envia as gravações aos alunos.
Um dos eventos em que seria júri, o festival Canto da Lagoa, em Encantado, foi adiado dos dias 27, 28 e 29 de março para novembro. E o show de lançamento do seu terceiro disco, Tresavento, está “congelado”. “Estou aguardando para buscar um teatro e espero que essa situação se normalize logo”, diz o músico.
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Após o cancelamento de toda a agenda de shows físicos, Araújo está fazendo apresentações virtuais. Foto: André Fernandez/Divulgação/JC
Com uma média de 20 apresentações por mês em bares e eventos públicos e privados, o músico Gênesis Araújo teve toda a agenda cancelada. Araújo está substituindo os shows físicos por virtuais nas mesmas datas em que ocorreriam as apresentações presenciais. O músico iniciou na quarta-feira passada (18) uma campanha virtual para arrecadação. "Devido aos cancelamentos de shows por conta do covid19 estarei substituindo os shows presenciais por APRESENTAÇÕES INCRÍVEIS E INTERATIVAS de forma virtual... A ajuda será muito bem-vinda. O show não pode parar."
"Além dos shows restantes de março, cancelaram os de abril. Terei zero faturamento. Como trabalho com provisão, cada cancelamento é uma conta a menos", diz o músico.
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Pré-venda de eventos, shows e cupons de desconto podem ser alternativa, sugere Júlia. Foto: Lucas Cunha/Divulgação/JC
Julia Barth, que toca com as bandas Os Replicantes, Cine Baltimore, 3D e Os Alcalóides e trabalha na produção de festas já teve cinco eventos cancelados - quatro shows e uma festa. "A festa Blow Up que ocorreria no próximo sábado (21) no Bar Ocidente é minha principal fonte de renda e foi cancelada, e isso deve ocorrer com mais eventos nos próximos dias."
Para se "virar" durante esse período de proibição aos eventos, ela conta com a ajuda da família. "Não deve durar por muito tempo, já que a principal fonte de renda da minha família é o Bar Ocidente, que também fechou."
Julia cita algumas alternativas que podem ajudar músicos e outros artistas nesse período, como a realização de shows virtuais. "E outras ações solidárias, como pré-venda de eventos, shows e cupons de desconto podem se tornar uma tendência super interessante para que casas de shows, estúdios, produtoras e artistas sobrevivam à crise", sugere.

Artistas se mobilizam em busca de apoio

Nas redes sociais, artistas se mobilizam em busca de apoio durante a pandemia do coronavírus. Uma petição on-line pede o afastamento temporário pelo INSS para artistas e produtores culturais. "Tendo em vista que os artistas, produtores culturais e músicos estão impedidos de realizarem suas atividades por conta do Covid-19 buscamos com essa petição que todos os artistas autônomos ou que possuam certificado de Microempreendedor Individual, MEI, receberam um salário de afastamento de suas atribuições pelo INSS. Destacamos que essas áreas estão sendo muito afetadas pela não realização de eventos, festas e shows tendo em vista todos os cancelamentos ocorridos por causa da pandemia", diz o texto.
Outra petição de profissionais do meio cultural pede a isenção de contas até 2 meses para músicos, promotores de eventos e equipe. "Pedimos através dessa petição, que o governo reconsidere, durante dois meses, as contas dos trabalhadores que estão com seus compromissos cancelados devido a quarentena de prevenção e combate do coronavírus. Sejam eles músicos produtores de eventos sua equipe e autônomos em geral. Esperamos a compreensão de nossos governantes e órgãos competentes." Com meta de atingir 75 mil assinaturas, o documento on-line tinha 70 mil assinaturas até a tarde desta terça-feira (24).
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Piquet e Flávia buscam meios de se reinventar e manter atividades durante a pandemia. Foto: Eduardo Javier/Divulgação/JC
Músicos, produtores e outros profissionais da área cultural gaúcha engrossam o coro de apoio às petições. É o caso da jornalista e produtora cultural Flávia Cunha. “A vida de quem trabalha de forma independente na área cultural em Porto Alegre já não é muito fácil em circunstâncias normais. Em uma situação extrema como a que vivemos agora, é natural que sejamos afetados. Até o momento, tive quatro eventos adiados por tempo indeterminado. Eu estava contando para o meu orçamento de março de abril. É difícil pensar como será a minha vida profissional caso o cancelamento de eventos permaneça a longo prazo. Assim como eu, muitos produtores culturais e músicos estão tendo que se reinventar e pensando em alternativas, como cobrança de eventos on-line. Tenho sorte por também trabalhar com produção de conteúdo e ter alguns clientes com contratos fixos, não sei como quem trabalha de forma autônoma exclusivamente com eventos fará para sobreviver. Em alguns países europeus já foram anunciadas medidas de amparo financeiro para quem trabalha no setor artístico, mas no Brasil acredito que isso dificilmente ocorrerá.”
Na música, o roadie (termo em inglês usado para os profissionais que trabalham como técnicos de palco em shows) Piquet Coelho conta teve vários shows nos quais iria trabalhar adiados. “Já tive 15 shows adiados devido ao risco de contaminação pelo coronavírus. Ganho por evento trabalhado, então o prejuízo para o orçamento doméstico é grande. A gente sabe que é uma medida importante para a saúde pública mas afeta demais a sobrevivência de quem trabalha como músico, técnico ou produtor. A curto prazo, tenho negociado alguns instrumentos musicais e equipamentos que tinha comprado já pensando em uma situação de aperto. A ideia é com isso conseguir ter uma reserva financeira para enfrentar esse momento. Também tenho pensado em outras alternativas de trabalho fora da área cultural para conseguir ter uma renda nesse momento. Ninguém sabe até quando essa situação vai continuar e o entendimento entre as pessoas com quem tenho conversado é de que as autoridades não vão nos ajudar", diz.
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