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Coronavirus

- Publicada em 18 de Março de 2020 às 19:44

Coronavírus pode fazer Olimpíada de Tóquio ser adiada para o fim de 2020

Para o mundo esportivo, já está mais do que certo que, mantido nas datas atuais, o evento tende a ser sinônimo de frustração

Para o mundo esportivo, já está mais do que certo que, mantido nas datas atuais, o evento tende a ser sinônimo de frustração


CHARLY TRIBALLEAU/AFP/JC
Com praticamente todas as grandes competições esportivas do primeiro semestre adiadas ou canceladas, a expectativa agora recai sobre a decisão que o Comitê Olímpico Internacional (COI) tomará em relação às Olimpíadas. Ao não mexer - ao menos por enquanto - nos Jogos, marcados para o período de 24 de julho a 9 de agosto, o COI pode ter levado alívio ao Comitê Organizador de Tóquio-2020 e aos patrocinadores e fornecedores ligados ao evento. Mas não aos atletas.
Com praticamente todas as grandes competições esportivas do primeiro semestre adiadas ou canceladas, a expectativa agora recai sobre a decisão que o Comitê Olímpico Internacional (COI) tomará em relação às Olimpíadas. Ao não mexer - ao menos por enquanto - nos Jogos, marcados para o período de 24 de julho a 9 de agosto, o COI pode ter levado alívio ao Comitê Organizador de Tóquio-2020 e aos patrocinadores e fornecedores ligados ao evento. Mas não aos atletas.
Para o mundo esportivo, já está mais do que certo que, mantido nas datas atuais, o evento tende a ser sinônimo de frustração. Com o período de treinamentos e de competições já comprometido pelo novo coronavírus, o desempenho tende a ficar bem abaixo das expectativas. Índices expressivos e quebras de recorde devem ser exceção na capital japonesa.
Pouco antes do COI anunciar, na terça-feira (16), a manutenção dos Jogos de Tóquio-2020 para a data prevista, o nadador Bruno Fratus usou sua conta no Twitter para postar as tags #postponetheolympics ("adie os jogos") e #Tokyo2021. Assim que a decisão foi tornada pública, o velocista voltou a usar as redes sociais para dizer que "a mensagem foi claríssima: os Jogos Olímpicos não são sobre esporte e muito menos sobre os atletas".

Fratus não foi o único a se frustrar.

"Isto não é sobre como as coisas estarão daqui a quatro meses. É sobre como estão agora. O Comitê Olímpico quer que arrisquemos nossa saúde, a de nossas famílias e a da população para treinar todos os dias? Vocês estão nos colocando em perigo agora, hoje, não daqui a quatro meses", postou a atual campeã olímpica e mundial no salto com vara Katerina Stefanidi, da Grécia.
- O COI simplesmente ignorou por completo o desafio e as dificuldades pelos quais os atletas estão passando. O Shinzo Abe, primeiro-ministro do Japão, diz que em 24 de julho tudo isso já passou. Eu também acho. Mas o que vai acontecer com a preparação? - questiona Alex Pussieldi, o Coach, treinador e comentarista de natação do Sportv.
Nos Estados Unidos, Pussieldi testemunhou a dificuldade imposta pelo novo coronavírus. Com o Coral Springs Swim Club fechado, Bruno Fratus ficou sem ter onde treinar. A solução encontrada foi uma piscina a 50 minutos de sua casa.
Pelo mundo inteiro, centros de treinamentos fecharam as portas. No Brasil, foi o caso do Pinheiros, principal casa dos nadadores de alto nível. Para ajudar os atletas que buscam índice, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) estudava levá-los para Belo Horizonte. Mas um decreto da prefeitura determinou o fechamento de todos os clubes da capital mineira.
A seletiva olímpica de natação, que seria de 20 a 25 de abril, também foi afetada. Agora, será de 22 a 27 de junho. Outros qualificatórios também foram alterados pelo mundo, como os de Canadá, China, França e Rússia. A mudança tem impacto direto na preparação.
- Os atletas fazem o planejamento de seus programas para dar um pico de performance em determinado ponto. Agora vão dar esse pico a poucos dias da Olimpíada - alerta Pussieldi. - Não é só na natação. É em todos os esportes.
No atletismo não é diferente. Além da dificuldade para treinar, o calendário pré-olímpico se dilui. A Liga Diamante suspendeu suas três primeiras etapas. O Mundial Indoor, na China, foi adiado, assim como os Mundiais de meia maratona, na Polônia, e de marcha atlética, na Bielorrússia.
- Entrar em ritmo de competição é ainda mais importante do que a treinabilidade. Se o atleta não competir uma série de provas crescentes antes da tentativa de quebra de índice, ele não vai conseguir atingir o ápice dele - adverte Lauter Nogueira, treinador e comentarista de atletismo do Sportv, que prevê Jogos mais esvaziados do que os de 1980 (Moscou) e de 1984 (Los Angeles), marcados pelos boicotes oriundos da Guerra Fria:
- Você pode esperar a ausência de grandes delegações, principalmente as europeias. A chinesa é outra que estará desfalcada e pouquíssimo treinada. Muitas delegações de peso olímpico devem deixar de ir. As que vão não são as mais fortes. Seria uma edição limitada, triste e apequenada.
O apoio dos membros do G7 (grupo das sete maiores economias do mundo) a Shinzo Abe foi fundamental para o COI não mexer nos Jogos. Mas a decisão não é definitiva. Com 43% das vagas ainda em aberto, os critérios de classificação serão flexibilizados. Ainda assim, o provável prejuízo esportivo de Tóquio-2020 tem deixado as federações internacionais incomodadas. E a pressão por uma mudança tende a aumentar.
Nesta quarta-feira, o Comitê Olímpico Espanhol pediu o adiamento dos Jogos, alegando que seus atletas não conseguirão chegar às Olimpíadas em condições justas para competir.
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