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Agronegócio

- Publicada em 02 de Julho de 2021 às 03:00

Na pandemia, Santa Clara focou em produtos para as residências

Inovação é essencial para combater situações adversas, afirma Alexandre Guerra

Inovação é essencial para combater situações adversas, afirma Alexandre Guerra


COOPERATIVA SANTA CLARA/DIVULGAÇÃO/JC
Mais antiga cooperativa de laticínios no Brasil, a Santa Clara apresentou crescimento de 21% no faturamento no ano passado, mesmo em meio à pandemia e à crise no setor leiteiro. Os novos hábitos que vieram com a necessidade de restrições de segurança contra o novo coronavírus fizeram com que a cooperativa redirecionasse o seu foco de produção, fornecendo para as famílias que passaram a ficar mais em casa. Segundo o presidente da cooperativa, Alexandre Guerra, foi com inovação que a Santa Clara combateu as situações adversas e conseguiu crescimento tanto nas receitas quanto nas sobras. 
Mais antiga cooperativa de laticínios no Brasil, a Santa Clara apresentou crescimento de 21% no faturamento no ano passado, mesmo em meio à pandemia e à crise no setor leiteiro. Os novos hábitos que vieram com a necessidade de restrições de segurança contra o novo coronavírus fizeram com que a cooperativa redirecionasse o seu foco de produção, fornecendo para as famílias que passaram a ficar mais em casa. Segundo o presidente da cooperativa, Alexandre Guerra, foi com inovação que a Santa Clara combateu as situações adversas e conseguiu crescimento tanto nas receitas quanto nas sobras. 
Jornal do Comércio - A Santa Clara obteve resultados positivos no último ano, mesmo em meio à pandemia. Como isso foi possível?
Alexandre Guerra - O ano passado foi totalmente atípico. A pandemia mudou diversos cenários de mercado e tivemos que nos ajustar. No setor de laticínios, tínhamos frente de atendimento em uma linha de food service, que foi afetada e tivemos que redirecionar nossa atenção para outros produtos que tivessem mais demandas, em cima do novo comportamento dos consumidores que era permanecer mais em seus lares e buscar melhor qualidade de vida dentro das suas casas. Aí, entram produtos focados no consumo dentro do lar, pensando na saúde e no bem-estar das pessoas.
JC - Como esse novo cenário impactou na produção e na comercialização?
Guerra - Muitos produtos eram comercializados para restaurantes, hotéis, eventos, que eram produtos de embalagens maiores, como cremes e molhos em volumes maiores. O que se fez foi focar a comercialização em porções menores e uso culinário dentro do lar. Produtos como requeijão, doce de leite, cremes etc, tiveram um aquecimento de consumo dentro dos lares, até porque as pessoas deixaram de viajar, de sair para comer fora e criaram necessidade de maior conforto dentro do seu lar. De não sair para comer fora e ficar em casa. Dentro desse processo, nossas próprias lojas também passaram a atuar de forma mais forte no e-commerce.
JC - A participação do e-commerce cresceu muito após a chegada da pandemia?
Guerra - Logo com o surgimento da pandemia, ele teve uma participação bastante grande, porque as pessoas procuravam ficar o máximo possível dentro dos seus lares, fazendo compras pelas redes. Obviamente que, depois, ele reduz um pouco e se estabiliza. No momento inicial, chegou a crescer 10 vezes mais. Uma das lições que fica é essa da compra e comercialização nessas plataformas. Não que tenha despertado, mas acelerou uma tendência que já existia nas pessoas.
JC - Acredita que essa tendência vai se manter?
Guerra - Com certeza vai permanecer sim. Porque se apresentaram oportunidades e facilidades para que as pessoas pudessem consumir por essas plataformas - e isso tudo vai permanecer. Claro, que quando passar toda essa pandemia muitas coisas voltam. Mas vai ficar esse legado, que é um grande ganho. Até porque reduz muitas despesas. Não há mais necessidade de estar muito tempo na estrada para fazer algum encontro de comercialização. Ou mesmo reuniões corriqueiras serem feitas a distância fez com que se ganhasse tempo.
JC - O que puxou o crescimento da Santa Clara e para onde a cooperativa crescerá?
Guerra - Para iniciar, existe uma demanda que precisa ser atendida. Então, tu vai colocar escala naquilo que tu sabe fazer com a maior eficiência possível. Até pela concorrência, cada vez mais acirrada. Essas novas ferramentas aproximam muito mais fornecedores de consumidores, então tem que buscar inovação em tudo isso. E assim, na inovação, no lançamento de novos produtos, no despertar de novos hábitos de consumo, utilizando todas essas ferramentas existentes. E focando naquilo que tu mais sabe fazer. Hoje, 55% do nosso orçamento vem do setor de laticínios. Metade desse faturamento é do setor de leite longa vida. Nesse sentido que eu entendo que a cooperativa possa estar desenvolvendo e tendo continuidade no seu crescimento.
JC - Qual foi o impacto da crise no setor leiteiro?
Guerra - Sempre tem que estar trabalhando com respeito muito grande pelo teu caixa, com alguma reserva, para fazer frente a alguns momentos que o setor acaba passando. Agora, buscando eficiência no que se faz e reduzindo despesa, isso faz com que se mantenha dentro do negócio. Claro que sempre tendo um setor de desenvolvimento, uma logística importante para que se possa ter toda a eficiência e poder chegar junto a casa de clientes e consumidores sempre mantendo a qualidade original. Nós somos pioneiros em diversas ações. Desde pagar o leite pela qualidade, desde ser a primeira cooperativa do Estado a receber o certificado do sistema ISO 9000. Pioneira desde a época de fazer a captação de leite todo a granel, e não mais nos processos de taros, como antigamente. Somos pioneiros na técnica de aplicação da inseminação artificial, que é melhor para a genética do gado leiteiro dos produtores. Pioneira em lançar microrganismos probióticos no Brasil. Pioneira em ter o primeiro produtor a estar trabalhando com um robô na sua propriedade.
JC - Quais são as áreas de atuação da Santa Clara hoje?
Guerra - A cooperativa completou 110 anos. Nos dá o status de ser a cooperativa do segmento lácteo mais antiga do Brasil. A Santa Clara conta com 5 mil associados. Destes, 2,8 mil produzem leite. E temos hoje 2,2 mil colaboradores. Entre essas unidades, que aí é a diversificação, que um dos pontos estratégicos da cooperativa é a diversificação dos negócios. Temos hoje três indústrias de laticínios, uma frigorífica, um industrial, três unidades produtoras de suínos, são 26 lojas entre agros e supermercados e farmácias, temos sete centrais de venda e distribuição. Então, dentro da diversificação desses negócios, também a diversificação dentro de cada unidade. Em laticínios e frigoríficos, são mais de 300 itens produzidos.

Santa Clara

Ano e local de fundação: Carlos Barbosa, 1912
Total de associados: 5.086
Receita em 2020: R$ 1,6 bilhão
Sobras em 2020: R$ 37,6 milhões
Desempenho em 2020: alta de 21%