Tradicionalmente divulgados nesta época do ano, os números finais do cooperativismo gaúcho em 2019 ainda não foram finalizados devido à pandemia. Os indicadores preliminares revelados nesta semana pela Ocergs/Sescoop, porém, indicam que o ano passado foi de novos recordes para o setor.
Os ingressos nos caixas das cooperativas somaram R$ 48,9 bilhões, alta de 1,4% em relação a 2018. Mas o destaque ficou mesmo é no valor destinado ao bolso dos associados. O total das sobras (como o cooperativismo registra os lucros) se aproximou de R$ 2,4 bilhões, uma alta de 11% sobre o ano anterior. Ganhos que, na verdade, destaca o presidente da Ocergs, Vergílio Perius, vão além do que é repartido entre os cooperativados.
"Houve um crescimento líquido de 11% nas sobras mesmo com aumento bem menor no faturamento. Isso significa dizer que as cooperativas administraram bem suas contas", elogia Perius.
Com eficiência na gestão e uma visão mais sustentável e igualitária nos negócios, ressalta Perius, o setor também consegue pagar melhor seus colaboradores. Ao cruzar a média das remunerações pagas no setor privado em 2019 (R$ 2.256,00) com os salários dos funcionários de cooperativas (R$ 2.461,60), ressalta o executivo, a diferença é significativa (9% maior).
No Rio Grande do Sul, hoje, existem quase 3 milhões de associados a cooperativas, com destaques para o setor de crédito (2,1 milhões de associados), infraestrutura (cerca de 530 mil) e na agropecuária (343 mil sócios).
"Temos uma enorme participação na economia gaúcha tanto pela abrangência quanto pela relevância econômica individual que chega ao bolso de cada associado e empregados no setor", defende o presidente da Ocergs.
Perius explica que o atraso na divulgação anual do balanço do setor, com uma radiografia detalhada por atividade, ocorreu devido à pandemia de Covid-19. Isso porque apenas cerca de 50% das cooperativas conseguiu aprovar seus balanços antes das regras de isolamento social, que impediram a realização de assembleias gerais presenciais.
Mas isso deve mudar. Semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou o relatório do deputado Enrico Misasi (PV-SP) à MP 931/2020, que trata da realização de assembleias gerais ordinárias por cooperativas durante a pandemia de Covid-19 por meio virtual. A medida deverá ser permanente.