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energia

- Publicada em 03 de Julho de 2020 às 03:00

Cooperativas querem aumentar carga elétrica no campo

Objetivo é permitir que associados tenham mais potência para equipamentos como resfriador de leite

Objetivo é permitir que associados tenham mais potência para equipamentos como resfriador de leite


/CERTEL/DIVULGAÇÃO/JC
As cooperativas de eletrificação rural já cumpriram um importante papel histórico no Rio Grande do Sul ao levarem luz para diversos pontos afastados dos centros urbanos e que não eram atendidos pelas distribuidoras de maior porte. No entanto, agora, com o crescimento do agronegócio, o produtor não quer apenas ligar a sua geladeira, ele precisa de uma infraestrutura que suporte a demanda de um sistema de resfriamento para a sua produção de leite, por exemplo. Esse é o novo desafio que se apresenta diante das cooperativas.
As cooperativas de eletrificação rural já cumpriram um importante papel histórico no Rio Grande do Sul ao levarem luz para diversos pontos afastados dos centros urbanos e que não eram atendidos pelas distribuidoras de maior porte. No entanto, agora, com o crescimento do agronegócio, o produtor não quer apenas ligar a sua geladeira, ele precisa de uma infraestrutura que suporte a demanda de um sistema de resfriamento para a sua produção de leite, por exemplo. Esse é o novo desafio que se apresenta diante das cooperativas.
O presidente da Federação das Cooperativas de Energia, Telefonia e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (Fecoergs) e da Certel (cooperativa sediada em Teutônia), Erineo José Hennemann, é um dos defensores da melhoria da qualidade de fornecimento de eletricidade no meio rural e aponta o programa Energia Forte do Campo, que tem a colaboração do governo do Estado, como uma ferramenta para atingir esse objetivo. O dirigente frisa que uma ação como essa requer pesados investimentos e, como muitos dos interessados nessa medida são agricultores familiares, o ideal é que o ônus financeiro seja diluído pelos participantes, com apoio do poder público.
Entre os mecanismos que podem ajudar a trocar as redes monofásicas na área rural por trifásicas, que têm melhores condições para aguentar uma carga maior de energia, está a disponibilidade de financiamento por parte do BRDE. "A parceria do governo do Estado com os municípios e cooperativas vai diminuir o desembolso do associado, pois vamos complementar o aporte necessário", enfatiza o presidente da Fecoergs.
Conforme o superintendente da Fecoergs, José Zordan, dentro do programa Energia Forte do Campo, as cooperativas estão negociando com o governo do Estado a liberação de recursos. "Se não fosse esse problema da pandemia do coronavírus, as medidas já estariam sendo desenvolvidas", afirma.
A Fecoergs agrega 15 cooperativas que representam, atualmente, em torno de 300 mil famílias associadas presentes em 369 municípios (algumas dessas cidades são atendidas na sua maior parte pelas duas grandes distribuidoras gaúchas, RGE e CEEE-D, mas alguns consumidores na área rural têm o fornecimento de luz garantido por uma cooperativa).
Essas cooperativas, além da distribuição de energia, participam de projetos de geração de eletricidade. Esses empreendimentos somam 24 centrais hidrelétricas e duas usinas solares próprias, além de mais oito hidrelétricas com outras empresas.
O presidente da Coprel (associada da Fecoergs, com sede em Ibirubá) e da Confederação Nacional das Cooperativas de Infraestrutura (Infracoop), Jânio Vital Stefanello, concorda que a necessidade de aumentar a capacidade de carga elétrica para o produtor rural é algo de extrema relevância.
"Temos programas próprios para levar redes bifásicas e trifásicas para o Interior, principalmente para os produtores que desejam ampliar suas atividades de leite, aviários, irrigação, graneleiros e agroindústrias", informa.
A Coprel conta com o Fundo Mais Energia, no qual a cooperativa participa com 60% dos custos dos projetos dos cooperantes e ainda arca com 50% da taxa de juro do financiamento caso o associado opte por esta forma de pagamento. "Assim, estamos seguindo a nossa missão de levar renda e vida melhor ao campo", frisa Stefanello.
Sobre a ideia de reforçar a qualidade de energia no meio rural, o presidente da Creral (de Erechim), João Alderi do Prado, comenta que é um fato que algumas regiões, como aquelas que possuem a operação de aviários de maior porte, precisam de uma rede trifásica. Porém, o dirigente reforça que o custo é bem elevado e, na maioria das vezes, recai sobre o consumidor.
"É importante que se tenha um programa que ajude a fortalecer a estrutura de energia elétrica no meio rural", sustenta o presidente da Creral. Prado reitera que não se trata de levar a luz para o campo, algo que já está bem difundido no Rio Grande do Sul, mas permitir o reforço das cargas. Hoje, em vários casos, equipamentos de refrigeração empregados na produção rural não podem ser utilizados, pois a rede não suporta a energia exigida por este maquinário.
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Serviços são mantidos em meio ao combate ao coronavírus

Apesar das dificuldades que o coronavírus causou - e vem causando - na sociedade, as cooperativas de energia tiveram que manter suas atividades consideradas como essenciais. No caso desses grupos, a importância do atendimento cresce ainda mais, pois o setor do agronegócio, ligado à questão da alimentação, não sofreu uma redução de demanda como, por exemplo, o segmento industrial.
"A área rural se manteve em função da sua produção", frisa o presidente da Fecoergs e da Certel, Erineo José Hennemann. O superintendente da Fecoergs, José Zordan, acrescenta que as cooperativas de energia associadas à federação, comparando-se os primeiros cinco meses de 2020 com o mesmo período do ano passado, registraram um aumento médio de consumo de energia na ordem de 9%. Zordan recorda que o Rio Grande do Sul enfrentou uma forte estiagem neste ano, um dos motivos que provocou o aumento do consumo de eletricidade com a irrigação no meio rural.
Sobre o coronavírus, o presidente da Coopernorte, Jairton Nunes Vieira, destaca que a pandemia ocasionou o crescimento do nível de inadimplência quanto às contas de luz, chegando a um patamar de aproximadamente 30%, no caso da cooperativa que tem sede em Viamão. Ele salienta que, de acordo com normas estipuladas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), nesse período de combate ao vírus, as concessionárias de energia não podem realizar cortes no fornecimento por falta de pagamentos.
Quanto aos efeitos da pandemia nas operações da Ceriluz (com sede em Ijuí), o presidente da cooperativa, Iloir de Pauli, diz que o principal impacto se deu nas ações de relacionamento entre gestores e colaboradores com os associados. A Ceriluz precisou priorizar os atendimentos não presenciais redirecionando esse trabalho para canais telefônicos e onlines.
Já o presidente da Coprel, Jânio Vital Stefanello, informa que foram intensificados os cuidados de higiene, adotado o uso de equipamentos de proteção individual e atenção com o distanciamento das posições de trabalho. Os treinamentos e reuniões da cooperativa passaram a ser realizados de forma 100% online. Já eventos presenciais que não possuem condições de serem feitos via internet serão retomados assim que a situação da pandemia se normalizar.

Investimentos em geração seguem confirmados

PCH Cazuza Ferreira, da Certel: cooperativa de Teutônia irá investir R$ 45 milhões em geração neste ano

PCH Cazuza Ferreira, da Certel: cooperativa de Teutônia irá investir R$ 45 milhões em geração neste ano


/CERTEL/DIVULGAÇÃO/JC
Além do serviço de distribuição de energia, as cooperativas também atuam fortemente na área de geração de eletricidade. Mesmo com os problemas impostos pelo coronavírus, essa atividade continua sendo uma das prioridades.
No caso específico da Creral, o presidente da cooperativa, João Alderi do Prado, admite que a pandemia atrapalhou um pouco o projeto da pequena central hidrelétrica (PCH) Forquilha IV Luciano Barancelli, que o grupo desenvolve juntamente com a Coprel, a Ceriluz e a Erechim Energia. A usina está sendo construída no rio Forquilha, entre os municípios de Maximiliano de Almeida e Machadinho, na região Nordeste do Rio Grande do Sul. O dirigente detalha que, devido ao coronavírus, foi preciso diminuir o número de pessoas que atuavam nas obras.
Inicialmente, a perspectiva era que a operação do empreendimento ocorresse em julho, agora a projeção é que esse mês seja aproveitado para a realização de testes e a geração de energia aconteça a partir de agosto. A potência instalada da unidade será de 13 MW (cerca de 0,4% da demanda média de energia elétrica do Estado) e o investimento é de aproximadamente R$ 74 milhões.
Apesar do pequeno atraso em relação ao que estava programado no planejamento original, a usina ainda tem uma enorme folga de tempo quanto à entrega de energia já determinada em contrato. O empreendimento foi vencedor de um leilão de energia promovido pelo governo federal em 2017, prevendo a entrega da geração para o setor elétrico interligado nacional a partir de 2023. Contudo, o presidente da Creral explica que a meta é antecipar o funcionamento da PCH para também comercializar energia no mercado livre (formado por grandes consumidores, que podem escolher de quem vão adquirir a energia), antes de ter que atender ao contrato firmado.
A Creral também participa do projeto de uma térmica que será alimentada com casca de arroz em Capivari do Sul, cujo início das obras aguarda o licenciamento ambiental. E, apesar da questão do coronavírus, o presidente da cooperativa diz que a intenção é começar o empreendimento ainda este ano. O escopo inicial previa uma térmica de potência de 5 MW, mas está sendo avaliada a possibilidade de reduzir para 4 MW. O investimento estimado é de em torno de R$ 35 milhões e o consumo seria de cerca de 40 mil toneladas de casca de arroz por ano. No pico de obras, deverão ser criados em torno de 120 empregos diretos. Ainda não há uma definição se a energia da térmica será comercializada através de leilão ou no mercado livre. Também participam dessa iniciativa a Ceriluz, Erechim Energia, BR Energia, Minozzo Participações e Energia 203.
Já a Coopernorte pretende instalar uma usina solar com capacidade para 11,5 MW, situada na localidade viamonense de Águas Claras. O presidente da cooperativa, Jairton Nunes Vieira, explica que a meta é captar clientes dentro do ambiente de geração distribuída (que produzem a própria energia consumida), como redes de combustíveis e supermercados que queiram reduzir suas contas de luz. O investimento no complexo solar é calculado em R$ 45 milhões e, se tudo transcorrer dentro do previsto, no primeiro semestre do próximo ano já será possível conectar na rede alguma parte do volume de energia produzido.
Na Certel, o presidente da cooperativa, Erineo José Hennemann, confirma que os planos do grupo foram mantidos, apesar da pandemia, e o orçamento para a área de geração desse ano é de cerca de R$ 45 milhões, e a distribuição ficou com em torno de R$ 70 milhões. Entre outros projetos, a cooperativa está realizando uma nova rede elétrica entre Lajeado e Teutônia, ligando as subestações dessas cidades com circuito duplo (duas redes em uma estrutura só).
O grupo desenvolve ainda os estudos para a implantação de uma subestação de energia em Poço das Antas para atender à área da indústria, principalmente da Cooperativa Languiru. No campo da geração de eletricidade, um empreendimento que está sendo trabalhado é o da hidrelétrica Vale do Leite (no rio Forqueta, entre os municípios de Pouso Novo e Coqueiro Baixo). A usina terá 6,4 MW de potência instalada e o investimento projetado é de cerca de R$ 45 milhões.
Também na área de geração, a Coprel está há mais de 10 anos trabalhando nos projetos das PCHs Santo Antônio do Jacuí e Tio Hugo. O presidente da cooperativa, Jânio Vital Stefanello, recorda que essas duas usinas possuem a Licença Prévia do órgão ambiental (Fepam) e agora aguardam a Licença de Instalação (LI). Recentemente, o grupo recebeu a outorga da Aneel para continuar os estudos dos projetos dessas hidrelétricas.
 

Internet é outra demanda dos associados das cooperativas

Jânio Stefanello, presidente da Coprel, diz que pedidos refletem trabalho na área de telecom

Jânio Stefanello, presidente da Coprel, diz que pedidos refletem trabalho na área de telecom


COPREL/DIVULGAÇÃO/JC
Assim como uma maior capacidade quanto ao fornecimento de energia, os cooperativados que vivem na zona rural também querem receber um bom serviço de internet.
O presidente da Ceriluz, Iloir de Pauli, comenta que está acontecendo hoje algo parecido com o que ocorreu há 50 anos com a energia. "Novamente as cooperativas estão buscando satisfazer a essa necessidade dos produtores rurais, uma vez que a internet já é uma ferramenta de negócios", salienta.
Outra cooperativa que vai adotar a fibra ótica é a Coopernorte. O presidente da cooperativa, Jairton Nunes Vieira, destaca que o grupo possui hoje 130 clientes ligados à internet via rádio, mas a ideia é implementar neste segundo semestre os primeiros quilômetros de fibra ótica da Coopernorte.
Quanto à expansão da internet no meio rural, o presidente da Creral, João Alderi do Prado, informa que a iniciativa continua na pauta da cooperativa. "Até porque esse momento de pandemia exigiu novas formas de comunicação", frisa. O aumento de conexões também está no radar da Coprel. "A necessidade de internet, principalmente neste período de coronavírus, reflete no nosso crescimento na área de telecomunicações", afirma o presidente da cooperativa, Jânio Vital Stefanello.