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Comércio

- Publicada em 15 de Julho de 2021 às 15:24

Contratação de temporários deve ganhar impulso neste ano

Luiz Carlos Bohn ressalta que, entre outros desafios, a economia brasileira deverá lidar em 2022 com a alta inflacionária

Luiz Carlos Bohn ressalta que, entre outros desafios, a economia brasileira deverá lidar em 2022 com a alta inflacionária


JOÃO ALVES/DIVULGAÇÃO/JC
Osni Machado
A Fecomércio-RS acredita no aquecimento nos negócios a partir da expansão da vacinação contra a Covid-19. O setor, que viveu os efeitos da pandemia e que passou por um período de abre e fecha dos estabelecimentos, uma das medidas para tentar reduzir a propagação da contaminação, principalmente, em 2020, agora espera chegar 2021 com um crescimento de seus negócios com um índice ao redor de 6,5% no Rio Grande do Sul. Luiz Carlos Bohn, presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, salienta que a ampliação da vacinação favorece o varejo por três frentes. Segundo ele, a primeira é a maior é a circulação de pessoas, o que estimula o consumo. O segundo, conforme o dirigente, é o aumento da confiança e da atividade econômica, gerando mais empregos e fazendo crescer a massa salarial.
A Fecomércio-RS acredita no aquecimento nos negócios a partir da expansão da vacinação contra a Covid-19. O setor, que viveu os efeitos da pandemia e que passou por um período de abre e fecha dos estabelecimentos, uma das medidas para tentar reduzir a propagação da contaminação, principalmente, em 2020, agora espera chegar 2021 com um crescimento de seus negócios com um índice ao redor de 6,5% no Rio Grande do Sul. Luiz Carlos Bohn, presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, salienta que a ampliação da vacinação favorece o varejo por três frentes. Segundo ele, a primeira é a maior é a circulação de pessoas, o que estimula o consumo. O segundo, conforme o dirigente, é o aumento da confiança e da atividade econômica, gerando mais empregos e fazendo crescer a massa salarial.
JC - Qual a avaliação que a entidade faz para o setor neste momento?
Luiz Carlos Bohn - Estamos vivendo um momento de esperança. A expansão da vacinação diminui a cada dia o risco de novas medidas restritivas às atividades econômicas, um grande pesadelo para empresários e trabalhadores. Não que não haja outros desafios, eles sempre existem. Mas lidar com o desconhecido, como foi o caso da pandemia, e a forma como se tratou foi especialmente difícil. A pandemia e seus efeitos sobre a atividade econômica representaram um choque para o comércio tradicional. Vender de portas fechadas foi um desafio gigantesco para um grande número de empresas. Entretanto, a pandemia também provocou mudanças por muitos constantemente adiadas pela roda-viva do cotidiano. As vendas pela internet vieram para ficar, e adaptação foi e sempre será o mecanismo mais eficiente da sobrevivência.
JC - E qual a perspectiva para o segundo semestre?
Bohn - A expansão da vacinação é um elemento fundamental para toda e qualquer melhora de expectativas. Com mais gente vacinada, caem as internações e os óbitos, aumenta a confiança e a circulação de pessoas. Isso certamente estimula o consumo e o comércio é fortemente beneficiado nesse cenário. Entretanto, não é um céu de brigadeiro. A inflação alta, por exemplo, com grande contribuição de itens básicos como alimentos, energia elétrica, gás e combustíveis, acaba estrangulando o orçamento das famílias, que acabam restringindo o consumo de outros bens e serviços.
JC – A ampliação da cobertura vacinal repercute favoravelmente sobre o setor até que ponto?
Bohn- A ampliação da cobertura vacinal favorece muito o varejo por três frentes. A primeira delas, e a mais óbvia, é a circulação das pessoas. A maior circulação de pessoas estimula naturalmente o consumo. Em segundo lugar, há o aumento da confiança que reduz a poupança precaucional e age como outro vetor a estimular o consumo. Por fim, o aumento da atividade econômica gera mais empregos, e com isso um aumento da massa salarial, o que também tende a provocar incrementos de consumo.
JC – A prorrogação do auxílio emergencial por mais três meses anima o comércio?
Bohn – A prorrogação do auxílio emergencial funciona como uma ponte para esse esperado fim de pandemia em que as condições da nossa antiga normalidade retornam. O valor menor e o público muito mais restrito do que no ano passado limita o impacto sobre as vendas do comércio, mas, sem dúvida, é um ponto positivo.
JC – Quanto ao desemprego, o comércio costuma abrir vagas temporárias próximo do verão, devido às festas. Isto deve se repetir este ano?
Bohn – Existe uma sazonalidade clara das vendas do varejo no fim do ano. Em tempos normais, ocorre um aumento significativo da demanda e várias lojas aumentam o horário de funcionamento, o que acaba tornando necessária a contratação de pessoal no período. Até mesmo em 2020, um ano completamente atípico, houve contratação de temporários, justamente porque as empresas tinham ajustado a sua força de trabalho para operar no mínimo necessário para manter as operações ao longo do ano. Para 2021, nossa expectativa é que a contratação de temporários ganhe maior impulso diante de uma conjuntura com menos restrições à atividade econômica.
JC - A pressão inflacionária que atinge o gás de cozinha, os combustíveis e os alimentos pode prejudicar até que ponto o comércio?
Bohn – A inflação vem acelerando desde meados do ano passado. Atualmente, temos o IPCA acumulando alta de 8,35% em 12 meses até junho. Entretanto, é muito provável que a inflação que as pessoas estejam percebendo no seu orçamento seja mais alta do que esse valor. Isso decorre do fato de que nós mudamos nossos hábitos desde o início da pandemia, e concentramos nosso consumo em produtos que tiveram aumentos de preço maiores do que a média dos preços da economia. A inflação crescendo é um desafio ao crescimento econômico no país e, obviamente, às vendas do varejo e dos serviços em geral. As famílias ao terem uma parcela maior do seu orçamento comprometida com a compra de alimentos básicos, energia elétrica, gás de cozinha e combustíveis, que são produtos com grande dificuldade de terem suas quantidades reduzidas mesmo em cenários de aumentos de preços, acabam sacrificando o consumo de outros bens e serviços. Além disso, para controlar o avanço da inflação, o Banco Central tem aumentado a taxa de juros, o que encarece o crédito, que tem tido um papel relevante na retomada.
JC - Quais são as projeções para o setor em 2022, teremos uma possível volta à normalidade?
Bohn – Em 2021, as taxas de crescimento na maior parte das variáveis ligadas a monitoramento da atividade econômica vão registrar taxas de crescimento bastante altas, mas isso, em grande parte, reflete a base de comparação extremamente deprimida. Além disso, se olharmos para os números da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do IBGE, veremos refletidos ali o resultado da maior concentração dos negócios em empresas maiores. Muitas empresas pequenas fecharam suas portas na pandemia. Então o que se enxerga ali não é necessariamente aumento das vendas do comércio, mas transferência de consumo que ocorria em pequenas empresas (que não eram contabilizadas pela pesquisa) e que passa a ser verificada pela PMC, que avalia o desempenho de empresas com 20 pessoas ocupadas ou mais. Em 2022, deveremos voltar às taxas de crescimento apresentadas nos últimos anos, nada muito empolgante. Temos ciência de que o cenário não é tranquilo no pós-pandemia, apesar do esperado alívio das restrições à atividade econômica. A economia brasileira vai ter que lidar, entre outros desafios (crise hídrica, eleições...), com a inflação em 2022, o que que se traduz em taxas de juros mais altas, o que certamente representa um freio ao processo de retomada.
JC - O que o setor espera que seja feito em âmbito federal e estadual?
Bohn – O comércio precisa de crescimento econômico, então, de modo geral, esperamos que as reformas avancem e que não haja aumento de tributos. Em específico, aqui no estado, precisamos consolidar o retorno às alíquotas anteriores de ICMS em seguir o processo de privatizações e investimentos em infraestrutura. Em âmbito federal, torcemos para que, mesmo com a proximidade das eleições, as reformas administrativa e tributária possam ser aprovadas em formatos que representem avanço, ou seja, com ganho de produtividade aos setores público e privado e sem aumento de tributos.
JC - O cenário eleitoral de 2022 preocupa para o desempenho do comércio em 2022?
Bohn - Eleições sempre costumam vir acompanhadas de alguma incerteza e instabilidade que prejudicam o crescimento econômico. Os riscos estão em aumentos mais abruptos no câmbio, refletindo sobre inflação, e na taxa de juros, fatores que impactam diretamente o comércio de bens e serviços. Mas estamos confiantes de que o cenário possa ser mais tranquilo do que parece hoje, pois, depois de algumas experiências pelas quais passamos na última década, os caminhos que o país precisa tomar para acelerar o desenvolvimento econômico estão cada vez mais claros e consensuais, o que pode resultar em algum grau de convergência de propostas dos candidatos no que diz respeito à política econômica para os próximos anos.
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