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Comércio

- Publicada em 16 de Julho de 2021 às 03:00

Contratação de temporários deve ganhar impulso neste ano

Luiz Carlos Bohn acredita que haverá também um aumento na contratação de temporários

Luiz Carlos Bohn acredita que haverá também um aumento na contratação de temporários


JOÃO ALVES/DIVULGAÇÃO/JC
Osni Machado
A Fecomércio-RS acredita no aquecimento dos negócios a partir da expansão da vacinação contra a Covid-19. O setor, que viveu os efeitos da pandemia e que passou por um período de abre e fecha dos estabelecimentos, uma das medidas para tentar reduzir a propagação da contaminação, principalmente, em 2020, agora espera chegar 2021 com um crescimento de seus negócios com um índice ao redor de 6,5% no Rio Grande do Sul. Luiz Carlos Bohn, presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, salienta que a ampliação da vacinação favorece o varejo por várias frentes. Segundo ele, a primeira é a maior circulação de pessoas, o que estimula o consumo. O segundo, conforme o dirigente, é o aumento da confiança e da atividade econômica, gerando mais empregos e fazendo crescer a massa salarial.

A Fecomércio-RS acredita no aquecimento dos negócios a partir da expansão da vacinação contra a Covid-19. O setor, que viveu os efeitos da pandemia e que passou por um período de abre e fecha dos estabelecimentos, uma das medidas para tentar reduzir a propagação da contaminação, principalmente, em 2020, agora espera chegar 2021 com um crescimento de seus negócios com um índice ao redor de 6,5% no Rio Grande do Sul. Luiz Carlos Bohn, presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, salienta que a ampliação da vacinação favorece o varejo por várias frentes. Segundo ele, a primeira é a maior circulação de pessoas, o que estimula o consumo. O segundo, conforme o dirigente, é o aumento da confiança e da atividade econômica, gerando mais empregos e fazendo crescer a massa salarial.

Jornal do Comércio - Qual é a avaliação do setor neste momento?

Luiz Carlos Bohn - Estamos vivendo um momento de esperança. A expansão da vacinação diminui a cada dia o risco de novas medidas restritivas às atividades econômicas, um grande pesadelo para empresários e trabalhadores. Não que não haja outros desafios, eles sempre existem. Mas lidar com o desconhecido, como foi o caso da pandemia, e a forma como se tratou foi especialmente difícil. A pandemia e seus efeitos sobre a atividade econômica representaram um choque para o comércio tradicional. Vender de portas fechadas foi um desafio gigantesco para um grande número de empresas. Entretanto, a pandemia também provocou mudanças por muitos constantemente adiadas pela roda-viva do cotidiano. As vendas pela internet vieram para ficar, e adaptação foi e sempre será o mecanismo mais eficiente da sobrevivência.

JC - E qual a perspectiva para o segundo semestre?

Bohn - A expansão da vacinação é um elemento fundamental para toda e qualquer melhora de expectativas. Com mais gente vacinada, caem as internações e os óbitos, aumenta a confiança e a circulação de pessoas. Isso certamente estimula o consumo e o comércio é fortemente beneficiado nesse cenário. Entretanto, não é um céu de brigadeiro. A inflação alta, por exemplo, com grande contribuição de itens básicos como alimentos, energia elétrica, gás e combustíveis, acaba estrangulando o orçamento das famílias, que acabam restringindo o consumo de outros bens e serviços.

JC - A ampliação da cobertura vacinal repercute favoravelmente sobre o setor até que ponto?

Bohn - A ampliação da cobertura vacinal favorece muito o varejo por três frentes. A primeira delas, e a mais óbvia, é a circulação das pessoas. A maior circulação de pessoas estimula naturalmente o consumo. Em segundo lugar, há o aumento da confiança que reduz a poupança precaucional e age como outro vetor a estimular o consumo. Por fim, o aumento da atividade econômica gera mais empregos, e com isso um aumento da massa salarial, o que também tende a provocar incrementos de consumo.

JC - A prorrogação do auxílio emergencial por mais três meses anima o comércio?

Bohn - A prorrogação do auxílio emergencial funciona como uma ponte para esse esperado fim de pandemia em que as condições da nossa antiga normalidade retornam. O valor menor e o público muito mais restrito do que no ano passado limita o impacto sobre as vendas do comércio, mas, sem dúvida, é um ponto positivo.

JC - Quanto ao desemprego, o comércio costuma abrir vagas temporárias próximo do verão, devido às festas. Isto deve se repetir este ano?

Bohn - Existe uma sazonalidade clara das vendas do varejo no fim do ano. Em tempos normais, ocorre um aumento significativo da demanda e várias lojas aumentam o horário de funcionamento, o que acaba tornando necessária a contratação de pessoal no período. Até mesmo em 2020, um ano completamente atípico, houve contratação de temporários, justamente porque as empresas tinham ajustado a sua força de trabalho para operar no mínimo necessário para manter as operações ao longo do ano. Para 2021, nossa expectativa é que a contratação de temporários ganhe maior impulso diante de uma conjuntura com menos restrições à atividade econômica.

JC - A pressão inflacionária que atinge o gás de cozinha, os combustíveis e os alimentos pode prejudicar até que ponto o comércio?

Bohn - A inflação vem acelerando desde meados do ano passado. Atualmente, temos o IPCA acumulando alta de 8,35% em 12 meses até junho. Entretanto, é muito provável que a inflação que as pessoas estejam percebendo no seu orçamento seja mais alta do que esse valor. Isso decorre do fato de que nós mudamos nossos hábitos desde o início da pandemia, e concentramos nosso consumo em produtos que tiveram aumentos de preço maiores do que a média dos preços da economia. A inflação crescendo é um desafio ao crescimento econômico no País e, obviamente, às vendas do varejo e dos serviços em geral. As famílias ao terem uma parcela maior do seu orçamento comprometida com a compra de alimentos básicos, energia elétrica, gás de cozinha e combustíveis, que são produtos com grande dificuldade de terem suas quantidades reduzidas mesmo em cenários de aumentos de preços, acabam sacrificando o consumo de outros bens e serviços. Além disso, para controlar o avanço da inflação, o Banco Central tem aumentado a taxa de juros, o que encarece o crédito, que tem tido um papel relevante na retomada.

JC - Quais são as projeções para o setor em 2022, teremos uma possível volta à normalidade?

Bohn - Em 2021, as taxas de crescimento na maior parte das variáveis ligadas a monitoramento da atividade econômica vão registrar taxas de crescimento bastante altas, mas isso, em grande parte, reflete a base de comparação extremamente deprimida. Além disso, se olharmos para os números da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do IBGE, veremos refletidos ali o resultado da maior concentração dos negócios em empresas maiores. Muitas empresas pequenas fecharam suas portas na pandemia. Então, o que se enxerga ali não é necessariamente aumento das vendas do comércio, mas transferência de consumo que ocorria em pequenas empresas (que não eram contabilizadas pela pesquisa) e que passa a ser verificada pela PMC, que avalia o desempenho de empresas com 20 pessoas ocupadas ou mais. Em 2022, deveremos voltar às taxas de crescimento apresentadas nos últimos anos, nada muito empolgante. Temos ciência de que o cenário não é tranquilo no pós-pandemia, apesar do esperado alívio das restrições à atividade econômica. A economia brasileira vai ter que lidar, entre outros desafios (crise hídrica, eleições...), com a inflação em 2022, o que se traduz em taxas de juros mais altas e certamente representa um freio ao processo de retomada.

JC - O que o setor espera que seja feito em âmbito federal e estadual?

Bohn - O comércio precisa de crescimento econômico, então, de modo geral, esperamos que as reformas avancem e que não haja aumento de tributos. Em específico, aqui no Estado, precisamos consolidar o retorno às alíquotas anteriores de ICMS em seguir o processo de privatizações e investimentos em infraestrutura. Em âmbito federal, torcemos para que, mesmo com a proximidade das eleições, as reformas administrativa e tributária possam ser aprovadas em formatos que representem avanço, ou seja, com ganho de produtividade aos setores público e privado e sem aumento de tributos.

JC - O cenário eleitoral de 2022 preocupa para o desempenho do comércio em 2022?

Bohn - Eleições sempre costumam vir acompanhadas de alguma incerteza que prejudica o crescimento econômico. Os riscos estão em aumentos mais abruptos no câmbio, refletindo sobre inflação, e na taxa de juros, fatores que impactam diretamente o comércio de bens e serviços. Mas estamos confiantes de que o cenário possa ser mais tranquilo.

 

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