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Comércio

- Publicada em 15 de Julho de 2021 às 15:22

Reforma administrativa é essencial para o crescimento da economia

Anderson Trautman Cardoso diz que otimizar a máquina pública é um tema estratégico que contribui no combate à crise atual

Anderson Trautman Cardoso diz que otimizar a máquina pública é um tema estratégico que contribui no combate à crise atual


ROSI BONINSEGNA/FEDERASUL/DIVULGAÇÃO/JC
Osni Machado
A economia dá sinais positivos de crescimento e também anima o setor do comércio neste segundo semestre de 2021, conforme avaliação da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul). Para o presidente da Federasul, Anderson Trautman Cardoso, o comércio no Rio Grande do Sul deve aquecer, mais uma vez, com o dinheiro injetado na economia pelo agronegócio. Contribui ainda para esse bom cenário o avanço da imunização da população contra à Covid-19. Cardoso destaca outros fatores que estão contribuindo para um bom momento do setor, como por exemplo, a retomada do auxílio emergencial por mais três meses. Ele cita também a sustentação do setor com a continuidade do Pronampe, que é uma linha de crédito especial do governo para ajudar micro e pequenas empresas com recursos financeiros com o objetivo de evitar demissões na pandemia; e do Programa de Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm).
A economia dá sinais positivos de crescimento e também anima o setor do comércio neste segundo semestre de 2021, conforme avaliação da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul). Para o presidente da Federasul, Anderson Trautman Cardoso, o comércio no Rio Grande do Sul deve aquecer, mais uma vez, com o dinheiro injetado na economia pelo agronegócio. Contribui ainda para esse bom cenário o avanço da imunização da população contra à Covid-19. Cardoso destaca outros fatores que estão contribuindo para um bom momento do setor, como por exemplo, a retomada do auxílio emergencial por mais três meses. Ele cita também a sustentação do setor com a continuidade do Pronampe, que é uma linha de crédito especial do governo para ajudar micro e pequenas empresas com recursos financeiros com o objetivo de evitar demissões na pandemia; e do Programa de Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm).
Jornal do Comércio – Como a Federasul avalia o atual momento para o setor?
Anderson Trautman Cardoso – Primeiro é importante dizer que a Federasul é uma entidade transversal, ou seja, ela abrange setores como a indústria, o comércio, serviços e tecnologia, além do agronegócio. Bom, olhando para o setor do comércio, ele vive um momento bastante delicado. É um momento daqueles que sobreviveram a um cenário impactante da economia com a pandemia da Covid-19. O comércio viveu o abre e fecha, porém, hoje o setor vê perspectivas de retomada dos negócios. Eu entendo que foram importantes as medidas adotadas pelo governo federal em 2020. E foram medidas de toda ordem, mas, especialmente, o programa (de Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda) BEm e o Pronamp (uma linha de crédito especial para ajudar micro e pequenas empresas com recursos financeiros com o objetivo de evitar demissões na pandemia). Esses, por exemplo, foram dois mecanismos que auxiliaram em muito. O primeiro na prorrogação dos contratos de trabalho, mantendo o emprego. O segundo, dando um fôlego financeiro, mas há ainda um desafio gigantesco, quando iniciaria o pagamento do Pronamp, nós vimos uma retomada ainda dos casos da Covid. Deste modo, nós tivemos mais um impacto. Agora nós temos uma nova fase do Pronampe. Em um comparativo, nós tivemos lá atrás, em torno de R$ 37 bilhões e, esse ano, ao redor de R$ 25 bilhões.
JC – Qual é a perspectiva da entidade para o segundo semestre?
Cardoso – O comércio em geral, bom, a economia como um todo vem dando bons sinais positivos ao longo do primeiro semestre de 2021, apesar de não termos esses números fechados ainda. A expectativa é boa, até por conta do agronegócio, que deverá movimentar a economia. O agronegócio representa uma base econômica significativa para o Rio Grande do Sul. Esse setor representa a perspectiva de maiores valores circulando na economia. Nos últimos meses, o comércio e serviços têm puxado o Produto Interno Bruto (PIB), enquanto que a indústria cai e comercio e serviços, por sua vez, aceleram a sua retomada. Nós atribuímos, muito disso, à vacina. Nós precisamos vacinar toda a população, ou pelo menos vacinar nos percentuais necessários para o combate efetivo da pandemia.
JC – A ampliação da cobertura vacinal repercute favoravelmente sobre o setor até que ponto?
Cardoso – Eu diria que não só é importante como determinante para o movimento mais acentuado da nossa economia. Se não tivermos a vacinação e variantes da Covid-19 que não sejam abrangidas pelas vacinas, certamente teremos um impacto no setor comercial, ou seja, na economia como um todo. Contudo, o comércio é o setor mais sensível em relação a isso, porque ele precisa de pessoas circulando e é óbvio que o comércio virtual ganha força, mas até a confiança do consumidor em voltar a comprar, ela passa pela segurança pessoal de estar vacinado e ter uma perspectiva melhor e mais segura.
JC – O agronegócio será, mais uma vez, o responsável por injetar recursos?
Cardoso – Sim, sem dúvida. Essa perspectiva é boa e ela passa pelo agronegócio que deve injetar muito capital na economia, por conta do seu desenvolvimento ao longo deste período.
JC – Como o senhor avalia a velocidade da vacinação no Brasil?
Cardoso – Eu acho que o Brasil demorou para começar a vacinação. Houve uma demora pela disponibilidade de vacina no início, mas agora na medida em que há mais vacinas, as imunizações devem ser mais aceleradas e, deste modo, as perspectivas sejam melhores. O ritmo da vacinação é determinante para retomada da economia.
JC – E a situação das lojas físicas?
Cardoso – Algumas delas foram totalmente para o virtual, porém, o que se vê é que as lojas físicas são importantes para gerar experiência (de compra) nos clientes e também fundamentais para divulgação de produtos. Hoje, porém, não existe mais negócio que prescinda de um canal digital e isso foi acelerado com a pandemia. O empreendedor que inovou com canais digitais e que investiu em plataformas, impulsionou as suas vendas. Acreditamos que deverá haver uma reacomodação. Os mais inovadores tendem a prevalecer sobre aqueles mais tradicionais. É importante que o empreendedor esteja atento a questão da inovação.
JC – A prorrogação do auxílio emergencial por mais três meses anima o comércio?
Cardoso – Esse pacote de enfrentamento da pandemia traz também uma grande preocupação com a questão orçamentária na medida em que deixa uma conta a ser paga. É evidente a necessidade de dar suporte, especialmente, àquelas famílias de baixa renda, é evidente que precisamos de programas de prorrogação de emprego, é evidente que precisamos ter medidas de socorro a empresas como, por exemplo, com o Pronampe, como ocorreu e continua ocorrendo. Porém, uma luz de alerta se acende, uma vez que, não vemos uma dedicação do governo, por exemplo, no cuidado que tange a reforma administrativa. Entendemos que o governo poderia estar se dedicando mais de algo que virá no futuro, ou seja, o pagamento dessa conta. Na nossa visão, isso tem que ser via reforma administrativa.
JC – É necessário remodelar o Estado?
Cardoso - Eu não diria, propriamente, remodelar o Estado, mas reduzir os privilégios, ou seja, otimizar a máquina pública e isso passa pela reforma administrativa. A reforma administrativa está em tramitação no Congresso e não tem tido um impulso necessário por parte do governo. Esse tema deveria ser visto com muito cuidado, porque é estratégico e ele contribui para o enfrentamento da crise.
JC –Quanto ao desemprego, o comércio costuma abrir vagas temporárias próximo do verão, devido às festas. Isto deve se repetir neste ano?
Cardoso – Dentro dessa expectativa de aceleração da vacinação e uma perspectiva de maior atividade econômica, nós esperamos que sim. Nós, obviamente, temos um cenário de alguma incerteza, quando olhamos para outros países. Como, por exemplo, o que está ocorrendo em países da Europa, por causa, com a nova variante Delta da Covid-19. Não podemos desconsiderar essa realidade, porém, na perspectiva atual é importante a aceleração da vacinação. Há uma perspectiva de retomada dos postos de trabalho com a manutenção desses programas de emprego no decorrer do final do ano.
JC – A pressão inflacionária atinge o gás de cozinha, os combustíveis e está repercutindo nos preços dos alimentos. Isso pode prejudicar até que ponto os negócios no comércio?
Cardoso – Dois pontos preocupam. Um deles é a inflação, porque ela tira a riqueza da sociedade, ou seja, ela tira recursos da economia. Ao lado disso, nós temos o endividamento das famílias que é alto. Isso traz uma preocupação para retomada da economia. Mais uma vez, se fortalece a necessidade de desenvolvimento econômico, uma vez que, com o emprego se gera renda e mais empregos fazendo a engrenagem andar. Esse contexto de retomada passa por um cuidado maior em relação à inflação e para o caminho a ser seguido rumo ao desenvolvimento. Existem gatilhos e o governo já acionou muito bem alguns, como os marcos regulatórios: o marco regulatório do setor de saneamento, o marco regulatório do setor do gás, que são setores com capacidade de gerar um volume maior de investimentos para a economia do Brasil. Ao lado deles, poderia ser feito também? Uma reforma administrativa para enxugar a máquina pública; ampliar as concessões, ou aceleração das privatizações e concessões, porque, deste modo, também são captados recursos privados para a economia do País. Acho que é esse o modelo que nós deveríamos contemplar.
JC – O que o setor espera do governo federal e estadual?
Cardoso – Passa um pouco pelos pontos que eu referi agora: a reforma administrativa, ampliação de concessões e privatizações, ou aceleração do processo de concessão e privatização e a reforma tributária, mas não a que foi proposta pelo governo federal, porque essa nem de proposta dá para chamar, ela é uma proposta de aumento de carga tributária. Os grandes gargalos do sistema tributário são alta carga com pouca contraprestação, burocracia e tributação focada em consumo. Na nossa visão, não contribui com nada.
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