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Comércio

- Publicada em 16 de Julho de 2021 às 03:00

É tempo de muito trabalho e também de otimismo

Paulo Afonso Pereira destaca a importância do Centro Histórico para o varejo, desejando o retorno dos consumidores ao bairro

Paulo Afonso Pereira destaca a importância do Centro Histórico para o varejo, desejando o retorno dos consumidores ao bairro


/Jackson Ciceri/Divulgação/JC
Guilherme Jacques
Um novo tempo. Essa é a avaliação do presidente da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA), Paulo Afonso Pereira, sobre o momento que se apresenta, no pós-pandemia do novo coronavírus. A perspectiva positiva vem depois de um período que ele classifica como "terrível". Pereira reconhece a gravidade do momento e a necessidade de se valorizar os cuidados com a saúde, mas critica as restrições impostas às atividades econômicas e aponta a falta de diálogo das autoridades nos momentos de maior turbulência. Estes problemas, afirma, levaram a uma crise que, atualmente, parece começar a se resolver. Entretanto, não sem que haja muito trabalho pela frente, tanto para recuperar a atividade comercial, quanto para recuperar a Capital, de forma geral. Para a ACPA, o desenvolvimento da cidade, a partir dos diversos projetos de melhoria que estão em andamento são fundamentais para a recuperação. Dentre as muitas melhorias necessárias, a região central é a que demanda mais urgência. Para o presidente, "economicamente, ainda não podemos dizer que o Centro morreu, mas está na maca". Deste modo, para auxiliar a atividade comercial de Porto Alegre, a entidade segue atuando junto aos associados e ao governo, na busca por diálogo e pelo atendimento de suas sugestões. O novo tempo, destaca Pereira, depende de muito trabalho e um pouco de otimismo.

Um novo tempo. Essa é a avaliação do presidente da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA), Paulo Afonso Pereira, sobre o momento que se apresenta, no pós-pandemia do novo coronavírus. A perspectiva positiva vem depois de um período que ele classifica como "terrível". Pereira reconhece a gravidade do momento e a necessidade de se valorizar os cuidados com a saúde, mas critica as restrições impostas às atividades econômicas e aponta a falta de diálogo das autoridades nos momentos de maior turbulência. Estes problemas, afirma, levaram a uma crise que, atualmente, parece começar a se resolver. Entretanto, não sem que haja muito trabalho pela frente, tanto para recuperar a atividade comercial, quanto para recuperar a Capital, de forma geral. Para a ACPA, o desenvolvimento da cidade, a partir dos diversos projetos de melhoria que estão em andamento são fundamentais para a recuperação. Dentre as muitas melhorias necessárias, a região central é a que demanda mais urgência. Para o presidente, "economicamente, ainda não podemos dizer que o Centro morreu, mas está na maca". Deste modo, para auxiliar a atividade comercial de Porto Alegre, a entidade segue atuando junto aos associados e ao governo, na busca por diálogo e pelo atendimento de suas sugestões. O novo tempo, destaca Pereira, depende de muito trabalho e um pouco de otimismo.

Jornal do Comércio - Passado quase um ano e meio de pandemia, qual o balanço da ACPA?

Paulo Afonso Pereira - Passamos por um período crítico demais. Tanto o setor, visivelmente e profundamente, quanto a atividade econômica. Fruto de decisões equivocadas. Em um primeiro momento, evidentemente, todo mundo parou, porque ninguém sabia o que iria acontecer. Era uma pressão terrível, um caos. Já na segunda parada, um tempo depois, começamos a questionar sobre quais os critérios para abrir e fechar, o porquê de não se flexibilizar com todos os protocolos de segurança e por que não mitigar impostos já que as empresas não podiam trabalhar. Nenhuma das nossas sugestões foi aceita. O único auxílio que se teve veio do Pronampe e ações como prorrogação dos contratos de trabalho. Mas, mesmo assim, 80 mil empresas foram fechadas no Estado e isso causou um baque enorme. Sem contar a perda de empregos, a perda de receitas, empresas sem condições de continuar porque queimaram toda a sua reserva. Então, é um balanço terrível.

JC - Quais foram os movimentos da ACPA para fortalecer o setor?

Pereira - Temos um núcleo de apoio ao associado e dividimos as áreas de trabalho da Associação para otimizar. Estamos fazendo uma ação com a Reafro, uma rede que apoia empreendedores negros, em que eles podem vir até a associação em busca de apoio para se organizar. É uma ação já bem desenvolvida. Criamos um núcleo de estímulo ao pequeno empreendedor. Também temos um núcleo jurídico que estuda todas as ações que podem ajudar a melhorar o desempenho, e esses estudos são repassados aos associados. Mas, principalmente, tenho dito que a ACPA quer ser a voz da cidade e, por isso, pensa a cidade como um todo, porque se Porto Alegre estiver funcionando, o resto vai funcionar, os nossos associados vão funcionar. E, dentro desta linha, temos atuado muito, junto com outras entidades, apoiando o governo e sugerindo ações.

JC - Há um segredo por trás de quem conseguiu sobreviver aos impactos da crise?

Pereira - A primeira coisa é garra. Ser um herói, um batalhador. Um empreendedor tem que resistir, resistir, resistir. Porém, resiste até determinado ponto da sua segurança. Muitas empresas não tiveram sucesso porque, embora estivessem tentando, os recursos se exauriram. Ou seja, empresas que tinham um caixa de segurança usaram e não conseguiram avançar. Outras, mais capitalizadas e organizadas, tiveram essa possibilidade mesmo passando por um período crítico. A manutenção da atividade passou por quem tinha um caixa de segurança ou porque conseguiu recursos, como o Pronampe, que foi abundante. Quem podia acessar algum crédito, fez, mas nem todos tinham crédito para fazer o giro dos seus negócios. Muitos empreendedores venderam seus bens para pagar as dívidas e manter o funcionamento. Essa foi a fórmula que se encontrou para fazer a manutenção, porque o pequeno negócio, que vive do dia para a noite, esse não teve condição de continuar. Porém, é a vida do empresário. O custo no Brasil é extremamente elevado, não basta apenas manter o negócio comprando e vendendo. O custo fixo de venda de um produto ou dez em uma loja é o mesmo. E quando não vende, o custo fixo ainda existe. Então, chega um determinado momento em que a empresa não consegue. Por isso, precisamos das reformas. No meu entender, primeiro uma reforma administrativa, para reduzir o tamanho do estado e saber o que é necessário funcionar, porque com a tecnologia, temos formas de viabilizar. Depois, a reforma tributária, em função do que foi posto pela reforma administrativa, sabendo qual o tamanho do estado que queremos e quanto de dinheiro precisamos. E, terceiro, uma reforma política para que tenhamos representantes interessados na população, nos seus estados e cidades, coisa que não vemos neste país, com raríssimas exceções.

JC - Qual é a situação atualmente?

Pereira - Agora, estamos em um novo tempo, com segurança, com vacina, com abertura e com uma nova visão dos governos. Não se fala em não priorizar a saúde, pois é ponto fundamental. Porém, neste momento, estamos também podendo recuperar a atividade econômica, ainda muito devagar, ainda com restrições, mas estamos abertos. Então, eu acho que todo o mal pelo qual passamos, passou. Enquanto cidade, também estamos em outro tempo, conseguimos abrir o Cais Embarcadero, que está maravilhoso. Também resolvemos os problemas jurídicos e políticos relacionados ao Cais Mauá, que deve, desta vez, realmente se desenvolver. Vai ser um grande avanço para a cidade. Tem ainda a orla, que é bonita e vai continuar, nas outras fases, dando uma nova vida para a cidade. Há o projeto de revitalização do Centro Histórico, que é importantíssimo. Então, há vários aspectos que estão sendo analisados e a ACPA faz parte da comissão que está apoiando todas essas possibilidades, mas o importante mesmo é que há vontade política para se fazer. Por isso, estamos acompanhando, fazendo com que nossas sugestões cheguem à mesa. Temos muitas ideias, por exemplo, de como deve funcionar o Centro, porque, economicamente, ainda não podemos dizer que ele morreu, mas está na maca. E há, atualmente, uma desordem e uma desorganização muito grande. Vamos nos desenvolver de acordo com o crescimento do País. Temos uma crise política, institucionalizada, há dois anos. Mas, embora isso esteja ocorrendo, o País está se desenvolvendo e crescendo. É um crescimento arrastado principalmente pelo agrobusiness.

JC - O que a tecnologia passou a significar para o setor?

Pereira - O funcionamento do mercado através de compras online é impressionante e acreditamos que esse movimento vai continuar. Porém, precisamos entender que essa evolução precisa ser benéfica para nós, já que quando se compra na internet, se compra do mundo. Temos que encontrar uma forma, e é um grande desafio, para que se compre mais daqui. Então, tem algumas áreas que realmente se desenvolveram. Quem já tinha uma atividade digital, de comunicação e vendas, aumentou, mas ainda temos que trabalhar. Ficamos muito tempo claudicando e isso levou a perda de uma hegemonia econômica que o Rio Grande do Sul e Porto Alegre tinham.

JC - Com este novo tempo, o que se espera do futuro?

Pereira - Gostaria de ter uma fórmula e dizer "vai por aqui que vai dar certo", mas é tudo uma questão de alternativa e erro. Não existe uma diretriz, porque não há mal que sempre dure e nem bem que nunca acabe. Temos que lidar com os maus momentos e trabalhar para prolongar as fases boas. E isso é algo que o empresário já sabe, porque para manter seu negócio, tem que matar uns quatro leões por dia. Aprendemos que a manutenção dos negócios só vem através do esforço, do trabalho, da inovação e do uso da tecnologia. E, sobretudo, da visão empreendedora.

 

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