Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Comércio

- Publicada em 16 de Julho de 2021 às 03:00

Pandemia deixa como lição a necessidade de planejamento

Vitor Augusto Koch projeta que contratações aumentarão com novos recursos na economia

Vitor Augusto Koch projeta que contratações aumentarão com novos recursos na economia


CLAITON DORNELLES /arquivo/JC
Cristiano Vieira
A Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado (FCDL-RS) projeta um aumento de até 30% nas vendas em 2021, já levando em conta um desempenho mais robusto no segundo semestre. É um percentual considerável diante das grandes dificuldades que os comerciantes, especialmente os do Rio Grande do Sul, estão enfrentando desde março do último ano com as medidas restritivas de combate à pandemia da Covid-19, ressalta o presidente Vitor Augusto Koch. O avanço da vacinação e a proximidade de datas como Black Friday (novembro) e o Natal trazem ânimo aos lojistas, que ficaram impedidos de trabalhar por 210 dias no ano passado, somando todos os períodos de "abre e fecha" do varejo.

A Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado (FCDL-RS) projeta um aumento de até 30% nas vendas em 2021, já levando em conta um desempenho mais robusto no segundo semestre. É um percentual considerável diante das grandes dificuldades que os comerciantes, especialmente os do Rio Grande do Sul, estão enfrentando desde março do último ano com as medidas restritivas de combate à pandemia da Covid-19, ressalta o presidente Vitor Augusto Koch. O avanço da vacinação e a proximidade de datas como Black Friday (novembro) e o Natal trazem ânimo aos lojistas, que ficaram impedidos de trabalhar por 210 dias no ano passado, somando todos os períodos de "abre e fecha" do varejo.

Jornal do Comércio - A partir do avanço da vacinação, da reabertura das lojas e do aumento no consumo, qual a projeção da FCDL-RS para este segundo semestre de 2021? Podemos terminar o ano com alguma alta?

Vitor Augusto Koch - Sim. A expectativa da FCDL-RS é que possamos chegar ao final de 2021 com um crescimento do consumo em valores na ordem de 25% a 30% na comparação com 2020. É um percentual considerável diante das grandes dificuldades que os comerciantes, especialmente os do Rio Grande do Sul, estão enfrentando desde março do último ano com as medidas restritivas de combate à pandemia da Covid-19. Além disso, o segundo semestre historicamente apresenta um aumento do consumo, em função de datas comemorativas importantes, como o Dia dos Pais, o Dia das Crianças, a Black Friday e o Natal. O avanço da vacinação contra a Covid-19, a maior flexibilização das atividades econômicas e um aumento do capital circulante, através de medidas como o auxílio emergencial e o 13º salário, são outros fatores que nos levam a acreditar em um bom desempenho do varejo neste período de julho a dezembro.

JC - Para as próximas datas comemorativas, como Dia dos Pais e, mais no fim do ano, o Natal, a expectativa também é positiva?

Koch - Na medida em que observamos uma lenta e gradual recuperação da economia e o avanço da imunização da população, podemos projetar, sim, indicadores positivos para as próximas datas comemorativas. O Dia dos Pais e o Dia das Crianças são datas muito emotivas, onde as pessoas buscam adquirir presentes, independentemente do valor. Os filhos querem oferecer uma lembrança carinhosa aos pais e os pais não deixam de presentear as crianças em 12 de outubro. O Natal é a data mais importante do varejo. Com a pandemia arrefecida no final do ano e sem interferências, tal qual aumento de impostos, acredito que teremos um volume de vendas muito positivo em dezembro. Para que isso seja concretizado, é importante que os colegas lojistas aproveitem as datas do calendário do varejo para apostar em campanhas.

JC - O governo federal estendeu o auxílio emergencial por três meses, até outubro. Parte deste dinheiro ajuda no desempenho do comércio?

Koch - O auxílio emergencial é uma política pública realizada pelo governo federal que ajuda a população mais carente a enfrentar esse momento inédito e delicado que vivemos, com enormes perdas em quase todos os extratos sociais. Mesmo que o valor dos recursos disponibilizados neste ano seja menor do que foi concedido em 2020, a prorrogação até outubro traz um alento para quem depende do auxílio. Acreditamos que entre 25% e 30% do montante disponibilizado aos gaúchos que recebem o auxílio emergencial seja destinado ao comércio.

JC - O Pronampe foi criado ano passado para fomentar crédito para as pequenas empresas durante a crise e vai ter uma nova rodada. Pode ajudar os pequenos comerciantes?

Koch - É fato que as micro e pequenas empresas foram os empreendimentos que mais sofreram perdas com as restrições impostas às atividades econômicas. Muitas delas não estão conseguindo manter seus fluxos financeiros e sofrem dificuldades extremas para conseguir honrar seus compromissos com colaboradores, fornecedores e pagamento de tributos. Por causa desse desequilíbrio financeiro, milhares delas fecharam suas portas em definitivo e isso é muito grave, já que as MPEs são as principais geradoras de emprego e renda em todo o Brasil. O Pronampe é uma boa política pública de concessão de crédito, porém mesmo com todo o esforço do governo federal em tentar auxiliar os empresários, grande parte dos recursos não chegou às MPEs, por questões burocráticas, por não aprovação de cadastro bancário, entre outros aspectos. No início de 2021, dados apontavam, por exemplo, que pelo menos 50% das micro e pequenas empresas nem tentaram buscar os recursos pelas dificuldades burocráticas que encontram. E da metade que procurou, apenas 22% conseguiram, ou seja, 15% do total de pequenos negócios existentes no país. Diante disso, é preciso adequar as condições de adesão ao Pronampe à realidade dos pequenos negócios.

JC - Quanto ao trabalho, podemos esperar uma alta nas contratações ou o momento ainda é de planejar e tentar recuperar os dados dos fechamentos durante a pandemia?

Koch - As duas situações podem ser projetadas para os próximos meses. O fato positivo é que os indicadores do Caged apontam o crescimento do emprego no Brasil, com um acumulado de 1,2 milhão de postos de trabalho nos primeiros cinco meses de 2021, boa parte deles gerados nos setores de comércio e serviços. Porém, sabemos que milhares de pessoas ficaram desempregadas, especialmente no comércio, em função do cerceamento das atividades econômicas durante longos períodos desde março de 2020. Esse quadro ainda leva algum tempo para ser revertido e passa por um reaquecimento da economia, com o avanço da vacinação e a possibilidade das pessoas voltarem a circular com mais desenvoltura. Existindo a reação que esperamos para o comércio, é certo que haverá ampliação da contratação de colaboradores. Neste momento, nos parece que os lojistas estão arrumando a casa, observando como está o poder de compra da população e tentando amenizar as perdas que tiveram. O segundo semestre nos apresenta um cenário mais positivo. Como já dissemos, o número significativo de datas comemorativas e a maior circulação de recursos financeiros podem fazer os lojistas ampliarem o quadro de colaboradores. Neste aspecto, cresce em importância a contratação dos temporários, especialmente no final do ano.

JC - Como avalia o atual modelo de gestão da pandemia para os negócios? E o anterior, das bandeiras?

Koch - A forma como foi conduzido o combate à Covid-19 no Rio Grande do Sul foi equivocada, no nosso entender. O fecha e abre, abre e fecha, que marcou boa parte de 2020 e os primeiros meses de 2021, trouxe incertezas, inseguranças e deu ao comércio uma alcunha que não corresponde à realidade, de ser um disseminador da Covid-19. Ao contrário, os lojistas investiram em todos os meios para evitar a disseminação do vírus, com a disponibilização de álcool em gel, de máscaras e a correta observação do distanciamento físico nos estabelecimentos. Mesmo com os cuidados, foram impedidos de trabalhar por quase 210 dias desde março de 2020. Faltou um combate mais efetivo às aglomerações, como as que se verificaram no verão. Faltou, ainda, mais informação à população sobre a importância de seguir à risca os protocolos sanitários. O atual modelo estadual, que ampliou o poder decisório dos prefeitos, conhecedores da realidade de seus municípios, trouxe um cenário melhor para os setores econômicos. Felizmente, temos observado a redução do número de casos de Covid-19 no RS, muito em função do avanço da imunização da população, mas, também, das medidas que os prefeitos estão tomando, ouvindo suas comunidades, ouvindo os empresários.

JC - Qual sua avaliação sobre os prejuízos da pandemia quanto ao fechamento de negócios? O pior já passou, podemos dizer?

Koch - O desejo e a esperança são de que o pior já tenha passado, tanto no que diz respeito aos prejuízos econômicos causados pela pandemia quanto no número de pessoas acometidas por esta doença. No entanto, o quadro atual ainda é de incerteza e de uma lenta e gradual recuperação econômica. No que se refere ao aspecto econômico, ainda precisamos aguardar a curto e médio prazo como as empresas irrão reagir com a possível normalização das atividades. Além dos negócios que fecharam suas portas, e foram mais de 90 mil empreendimentos que deixaram de existir no Rio Grande do Sul no período de março de 2020 a março de 2021, existem outras tantas empresas que ainda não conseguiram recuperar as perdas que tiveram e lutam com extrema dificuldade para seguir atuando.

JC - A partir de uma possível normalização completa das atividades, após a vacinação e controle da doença, o que poderá ficar de lição no pós-pandemia?

Koch - É fato que a pandemia mudou o comportamento de todos, seja no âmbito pessoal quanto profissional. Aconteceu uma aceleração da transformação digital em muitas empresas, ainda que a grande maioria dos empreendimentos não tenha conseguido se inserir adequadamente neste novo contexto. Acreditamos que a pandemia deixa como lição mais clara que planejar é importante, no entanto, saber agir e reagir diante de fatos novos é fundamental para se manter em atividade.

 

Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO