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Comércio

- Publicada em 16 de Julho de 2021 às 03:00

Retomada apresenta desafios para os lojistas gaúchos

Paulo Kruse acredita em retorno do consumidor ao Centro Histórico

Paulo Kruse acredita em retorno do consumidor ao Centro Histórico


Sindilojas/Divulgação/JC
João Pedro Rodrigues
Um dos representantes do comércio varejista da Capital, o Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre (Sindilojas) teve o desafio de orientar e qualificar os seus cerca de 2,6 mil associados em uma das maiores crises dos últimos tempos. Apesar de disponibilizar cursos gratuitos online, consultorias e de fechar parcerias junto a plataformas de e-commerce, não tem sido fácil para a entidade auxiliar o setor em um momento tão prejudicial aos negócios. Mesmo assim, diante da melhora no cenário global, o setor, que vem se adaptando à nova realidade, já parece demonstrar sinais de recuperação. Segundo Paulo Kruse, presidente do Sindilojas, após um recuo do setor em março deste ano, quando a situação da pandemia piorou, os meses de abril e maio registraram um desempenho semelhante ao período pré-pandemia, com as vendas do varejo apenas cerca de 10% a 15% abaixo do que foi vendido no mesmo período de 2019. E o bom desempenho parece seguir impulsionado pelo frio constante que acomete os meses de inverno. O Núcleo de Pesquisa do Sindilojas Porto Alegre, por exemplo, realizou, em junho, um levantamento para saber como está a percepção dos varejistas a respeito das vendas de produtos específicos para as estações mais frias do ano. Foi analisada uma amostra representativa de lojistas do comércio de roupas, calçados e artigos de cama, mesa e banho da Capital, os quais afirmaram que é possível comparar o movimento atual com o de 2019. Para 43% deles, até agora, as vendas se assemelham às daquele ano e, para 15%, os resultados estão inclusive melhores. Outros 33% acreditam que estão vendendo menos se comparado ao mesmo período de 2019. "A perspectiva é de que este mês de julho venha a ultrapassar os resultados do mesmo período de 2019, já que no mês passado o desempenho foi equivalente ao de junho de 2019", projeta Kruse.

Um dos representantes do comércio varejista da Capital, o Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre (Sindilojas) teve o desafio de orientar e qualificar os seus cerca de 2,6 mil associados em uma das maiores crises dos últimos tempos. Apesar de disponibilizar cursos gratuitos online, consultorias e de fechar parcerias junto a plataformas de e-commerce, não tem sido fácil para a entidade auxiliar o setor em um momento tão prejudicial aos negócios. Mesmo assim, diante da melhora no cenário global, o setor, que vem se adaptando à nova realidade, já parece demonstrar sinais de recuperação. Segundo Paulo Kruse, presidente do Sindilojas, após um recuo do setor em março deste ano, quando a situação da pandemia piorou, os meses de abril e maio registraram um desempenho semelhante ao período pré-pandemia, com as vendas do varejo apenas cerca de 10% a 15% abaixo do que foi vendido no mesmo período de 2019. E o bom desempenho parece seguir impulsionado pelo frio constante que acomete os meses de inverno. O Núcleo de Pesquisa do Sindilojas Porto Alegre, por exemplo, realizou, em junho, um levantamento para saber como está a percepção dos varejistas a respeito das vendas de produtos específicos para as estações mais frias do ano. Foi analisada uma amostra representativa de lojistas do comércio de roupas, calçados e artigos de cama, mesa e banho da Capital, os quais afirmaram que é possível comparar o movimento atual com o de 2019. Para 43% deles, até agora, as vendas se assemelham às daquele ano e, para 15%, os resultados estão inclusive melhores. Outros 33% acreditam que estão vendendo menos se comparado ao mesmo período de 2019. "A perspectiva é de que este mês de julho venha a ultrapassar os resultados do mesmo período de 2019, já que no mês passado o desempenho foi equivalente ao de junho de 2019", projeta Kruse.

Jornal do Comércio - Pode-se dizer que o varejo da Capital começou a melhorar?

Paulo Kruse - Sim. Nós sentimos isso. Mas o que nós sentimos também é que nossos custos estão muito espremidos. O preço da matéria-prima dos produtos aumentou muito, e nós tivemos que repassar ao nosso consumidor. Além disso, os nossos custos, como de eletricidade e aluguel, também aumentaram muito. Não é aceitável que nós, com uma inflação alta, tenhamos aumento do IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), que serve de base para o aluguel, de 35%. Isso criou distorções e, por isso, muitas lojas estão fechando ou trocando de lugar, tanto na rua quanto em shopping center.

JC - E qual o possível cenário diante dessa situação?

Kruse - Nós acreditamos muito na retomada nos próximos meses. Mas, se nada for feito para corrigir essa distorção que está acontecendo com o IGP-M, nós continuaremos vendo muitas lojas fechando e muitos comerciantes impossibilitados de seguir adiante.

JC - Durante a pandemia, houve uma maior adesão dos lojistas ao Sindilojas?

Kruse - Nós sentimos uma aproximação. O Brasil inspira muita falta de confiança nas entidades. Isso nós sentimos, porque o Sindilojas está pronto para servir em qualquer área da atividade do lojista, seja com fornecedor, com consultoria ou com os órgãos públicos, ele está apto a servir. Mas o comerciante, de uma maneira geral, investe no seu negócio e não tem a percepção de que uma entidade como o Sindilojas pode ajudá-lo muito. Por isso que, talvez, não vejamos tanta adesão. Mas, na pandemia, nós não perdemos associados. Pelo contrário, mais lojistas se aproximaram do Sindilojas, justamente porque perceberam o valor de ser sócio da entidade.

JC - Há algum segmento do varejo de maior destaque nessa recuperação?

Kruse - Muitas pessoas ficaram em casa durante este período. Aqueles que continuaram mantendo a sua renda e que não perderam o emprego tiveram que fazer economia porque não tinham onde gastar. O fato das pessoas ficarem em casa fez com que elas fizessem reforma nas suas casas ou quisessem casas maiores. Isso tudo impulsionou a construção civil e, por consequência, as lojas de material de construção. E nós vemos que esse segmento se manterá bem por um bom período, embora também sofra dificuldades de fornecimento, porque há escassez de produtos no mercado.

JC - Como fica o contraponto entre os preços mais elevados e os consumidores de volta às ruas?

Kruse - O que nós sentimos é que tem um mercado, que eu diria que é de classe média e classe média alta, que não se ressentiu tanto. Mas tem um outro mercado, que são as classes C e D, que estão cada vez mais procurando preços. E os lojistas também tentam baixar os preços, mas é difícil, porque tivemos um aumento dos custos de cerca de 20% a 30% nos últimos meses por falta de matéria prima. Às vezes, um produto nem teve alta no preço, embora seja em dólar, mas o frete, por falta de contêiner e de barcos de transporte, subiu muito, cerca de 4 a 5 vezes a mais do que era. Isso impacta nos custos dos nossos produtos importados. Gera uma alta procura na matéria prima e também o setor de mercado eleva os preços.

JC - Então, ainda há mais desafios daqui para frente?

Kruse - Sim. As vendas realmente melhoraram e estão melhorando. Nós já acreditamos que vá retomar índices satisfatórios, porém nós temos essas dificuldades, que são o custo muito elevado e as margens muito espremidas, sendo que uma boa parte dos comerciantes teve que contrair dívidas para manter os seus negócios. Então, agora, além de manter os custos altos, terão que pagar as dívidas que fizeram nesse período. Por isso, eu digo que nós teremos momentos muito difíceis daqui pra frente, embora a venda esteja acontecendo.

JC - Essa retomada já está se refletindo num aumento do número de contratações?

Kruse - Certamente. A procura por mão-de-obra vem acontecendo, e o vendedor sofreu uma transformação durante o período de pandemia. Ele não é mais só vendedor de loja. Ele tem que ser vendedor pela internet. E o consumidor, pelo fato de comprar muito através do e-commerce, quer saber mais sobre os produtos que ele está adquirindo. Isso fez com que a mão de obra que nós procuramos para as nossas lojas precise ser mais qualificada. Isso é de grande importância. Aquele vendedor que conhece bem o seu produto tem fácil colocação no mercado. Aquele que fica sentado na loja apenas esperando o cliente praticamente não tem mais espaço.

JC - O que é necessário para que o varejo continue se recuperando e se desenvolvendo?

Kruse - É fundamental para nós que as pessoas frequentem o Centro de Porto Alegre, que deixem de trabalhar em home office para circular e poder adquirir os seus produtos. O Centro, especificamente, está com uma venda baixa. Além disso, precisamos que os eventos sejam liberados, que as pessoas possam frequentar festas, bares e restaurantes para que, com isso, venham a adquirir mais produtos para o seu dia-a-dia. Quanto ao lojista, é preciso que ele se qualifique e passe a criar experiências, fazer um trabalho diferenciado para que ele consiga, não só através de preços, conquistar o consumidor, de forma que o consumidor se sinta bem e prefira sair para comprar na loja física do que ficar em casa e comprar pela internet.

 

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