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AGAS

- Publicada em 16 de Julho de 2020 às 03:00

Novos hábitos de consumo chegam aos supermercados

Antônio Cesa Longo diz que o setor tem aplicado as medidas exigidas nos decretos

Antônio Cesa Longo diz que o setor tem aplicado as medidas exigidas nos decretos


LUIZA PRADO/JC
O setor supermercadista registrou redução de 30% no número de clientes na pandemia (em relação ao mesmo período do ano passado), porém, o consumidor comprou mais produtos. Este é um dos reflexos da nova realidade, com a migração do cliente que fazia alimentação fora de casa, nos restaurantes, e passou a comprar os itens para fazer as refeições em casa.
O setor supermercadista registrou redução de 30% no número de clientes na pandemia (em relação ao mesmo período do ano passado), porém, o consumidor comprou mais produtos. Este é um dos reflexos da nova realidade, com a migração do cliente que fazia alimentação fora de casa, nos restaurantes, e passou a comprar os itens para fazer as refeições em casa.
Outros fatores que movimentaram os supermercados neste período são o auxílio emergencial pago pelo governo federal, que permitiu a uma parcela da população desempregada comprar alimentos, e as doações, com a onda de solidariedade que se formou em meio à crise.
De acordo com o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, o setor vê outras mudanças de hábitos no consumidor, que está muito atento e, por causa do receio do coronavírus, prefere optar por produtos sem manuseio. Opta por itens prontos, com mais durabilidade e econômicos. Outra novidade de comportamento é a pressa para fazer as compras nos supermercados, o que faz, entre outras coisas, que não se dê atenção ao lançamentos de produtos.
Longo salienta que o setor supermercadista está muito atento a todas as legislações sanitárias e também para o cumprimento de decretos e normas dos governos, a fim de evitar a disseminação do coronavírus. Diz que muitas ações estão em prática no momento, citando a qualificação de gestores de supermercado on-line e a realização semanal da Expolive, que promove encontros virtuais, entre eles com fornecedores que fazem a apresentação de produto e promoções. O dirigente também destaca a realização de cursos on-line, que evitam, por exemplo, o deslocamento de grandes distâncias.
Com relação às vendas on-line de supermercados, diz que a participação ainda é pequena, porém vem se ampliando, principalmente, agora, a partir de um público de consumidores formados por pessoas do chamado grupo de risco e de idosos, que não saem de casa. Cita que, em grande parte, a comercialização on-line também é de produtos essenciais.
Quanto a novos investimentos, Longo diz que o setor supermercadista mantém certo receio em relação ao futuro, porém, lembra que algumas lojas estão abrindo e há projetos esperando o momento para sair do papel. Ele acredita que o setor supermercadista pensa na adoção de autosserviço, dando ao cliente o máximo de comodidade e informações claras.
O presidente da Agas se solidariza com empresários de outros setores, que sofrem com restrições - os supermercados são considerados atividade essencial e permaneceram abertos, "respeitando decretos do governo e solidário aos demais colegas de outros setores (da economia e do comércio)".

"Consumidor deixou de passear nas lojas", observa presidente da Agas

Jornal do Comércio - Quais são as iniciativas adotadas pela Agas para fortalecer o setor supermercadista?
Antônio Cesa Longo - Criamos muitos eventos na questão de capacitação. Fechamos, agora, uma turma de gestores de supermercado on-line, fazendo este trabalho de capacitação on-line. Um produto que teve a aprovação de todos - já que as empresas não tiveram mais a necessidade de deslocamento (de funcionários para fazer cursos em outros locais). De Uruguaiana, a pessoa percorria 1,2 mil quilômetros para fazer um curso. Não tem mais esta necessidade. E há outros eventos, semanalmente, temos a Expolive, em que a gente convida um fornecedor para fazer a apresentação de produto, promoções. E a Agas também está atenta a atividades comunitárias, através de doações, mantendo o setor unido! Também estamos atentos a demandas do governo, respeitando cada município (decretos). Tem de respeitar o poder maior, cumprir regras e normas impostas.
JC - Como está o incremento de vendas on-line no setor?
Longo - As empresas estão fazendo (vendas on-line), mas tiveram uma participação que era de 2% da venda do setor. Teve um incremento, mas é uma venda muito restrita. É uma compra de itens de primeira necessidade, mais de pessoas de grupo de risco, idosas. Esse foi o grande público (do on-line), mas o setor supermercadista também está ampliando essa participação.
JC - O setor supermercadista está se qualificando em função da pandemia?
Longo - Privilegiamos o fornecedor local, cada vez mais. Todos estão preocupados em fomentar a economia local. Não é o momento de se trocar muitas inovações, o cliente não está disposto a fazer mudanças nesta época, já está muito assustado. Então, não está com tempo disponível para ficar experimentando e conhecendo produtos; está com muito receio em experimentar coisas novas. O setor supermercadista está respeitando isto. E até visitas de vendedores, hoje é tudo on-line, apresentação de produtos...
JC - O consumidor mudou os seus hábitos de consumo?
Longo - Sim. O consumidor está muito atento e não está disposto a pegar produtos com manuseio, quer mais a coisa pronta, com durabilidade e, principalmente, econômica, porque existe receio do desemprego. Por um momento, o setor só não sofreu porque houve este auxílio emergencial (do governo). Isto é o que tem mantido os negócios, porque as pessoas não tinham renda, e a primeira preocupação é comprar alimento. Um grande contingente! Nota-se pessoas novas nas lojas. Um consumidor que não estava acostumado a fazer rancho. E os alimentos básicos ainda estão muito baratos. O que encarece é aperfeiçoar os pratos, mas o pacote de arroz, massa, as pessoas conseguem levar muito alimento para casa. E há muitas doações, notamos uma preocupação muito grande das pessoas em fazer o bem. Elas estão solidárias.
JC - O que o setor supermercadista deve fazer para continuar crescendo?
Longo - Têm pessoas abrindo lojas, tem projetos, mas confesso que o setor supermercadista não está preocupado em crescer, porque ninguém sabe com será o amanhã.
JC - E a avaliação da Agas sobre o atual momento?
Longo - Nosso compromisso, em um primeiro momento, foi não deixar faltar produtos. Na segunda fase, com a situação cambial e os períodos de entressafra, ficamos atentos com a questão de reajuste de preços. Prevaleceu o bom senso, o setor supermercadista, os fornecedores e a indústria, todo mundo muito consciente.
JC - E o consumidor?
Longo - O consumidor se sentiu sensibilizado pelo momento, a necessidade do próximo, e começou a fazer doações - repassar produtos alimentícios a pessoas carentes. E o setor supermercadista sempre teve essa preocupação comunitária, também participa de atividades sociais para amenizar as dificuldades... Houve mudança nos hábitos, uma redução em 30% no número de clientes (em relação ao mesmo período do ano passado), mas estes clientes compraram mais produtos. Então, queda não ocorreu. E o aumento de vendas foi, especificamente, naqueles produtos que as pessoas compravam na alimentação fora de casa. Ou seja: aquilo que eles gastavam nos restaurantes, foram obrigados a comprar para preparar em casa. O comportamento mudou: o consumidor não vem mais para passear na loja, aparece somente para comprar os itens de primeira necessidade.