A pesquisa Os Porto-alegrenses e o Consumo, realizada anualmente com exclusividade para o Jornal do Comércio, a fim de entender o comportamento dos consumidores de Porto Alegre, confirma uma tendência que cresceu desde o surgimento da pandemia do coronavírus no mundo todo: a redescoberta das lojas de bairro.
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Conforme a pesquisadora e professora universitária, Liliane Rohde, esse comportamento já vinha sendo observado em estudos nacionais, mas é a primeira vez que é identificada e explorada de forma local.
Com os dados, vem também um alerta aos empreendedores que atuam na rua. "O varejista precisa se preparar", avisa Liliane. Isto porque a avaliação indica que a maioria do público acha a experiência nesses estabelecimentos boa, e não ótima.
Outra questão traduzida pelo estudo, e que reflete o momento que a humanidade enfrenta, é a migração para o on-line. No ano passado, 40% dos entrevistados diziam que não usavam aplicativos para pedir comida. Nesse ano, o número caiu para 20%, sendo que 5% fazem uso da ferramenta diariamente.
Na compra de medicamentos, houve o mesmo movimento de redução de usuários que preferiam o presencial. Em 2019, 58% diziam que não adquiriam remédios pela internet. Agora, são 41%. "É uma mudança de como viver. A pandemia empurrou o porto-alegrense para o digital", interpreta a professora, ressaltando que 60% das respostas partiram de indivíduos com mais de 35 anos. Ou seja, o virtual não é mais preferência apenas dos jovens.
Foi registrada, ainda, intenção de diminuição de compras, com exceção dos ramos de alimentação e educação, que seguem promissores. Há, ainda, uma demanda reprimida por viagens e shows. Uma curiosidade é que o público indica querer voltar a frequentar academias, por exemplo, mas não mostra otimismo em ir a shopping centers.
A pesquisa foi realizada de forma on-line este ano, entre 15 e 27 de junho, em meio a um período de euforia de flexibilização do comércio e, depois, de frustração pelo fechamento. Foram 602 respostas, com maior participação de mulheres. A margem de erro é de 3% para mais ou para menos para um intervalo de confiança de 95%.