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Combustíveis

- Publicada em 10 de Maio de 2022 às 13:44

Aumento do diesel deve pressionar inflação de outros setores

Reajuste deve atingir os preços ao consumidor e exercer pressão inflacionária em outros segmentos

Reajuste deve atingir os preços ao consumidor e exercer pressão inflacionária em outros segmentos


ANDRESSA PUFAL/JC
O aumento de 8,87% no preço do diesel nas refinarias, anunciado pela Petrobras, terá impacto direto reduzido no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mas alimenta e espalha pressões inflacionárias.
O aumento de 8,87% no preço do diesel nas refinarias, anunciado pela Petrobras, terá impacto direto reduzido no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mas alimenta e espalha pressões inflacionárias.
Nas contas da LCA Consultores, o reajuste deve elevar em 0,02 ponto porcentual o IPCA. Isto é, a inflação de 8,04% projetada para este ano pela consultoria ficaria em 8,06%. No entanto, um reajuste de quase 9% num combustível que é a base do transporte de carga da economia brasileira levaria a outros aumentos.
“Esse reajuste acaba espalhando as pressões inflacionárias para outros setores, e o efeito indireto é o mais perverso”, afirma o economista André Braz, coordenador de índices de preços da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Ele observa que, em 12 meses, o diesel já subiu 52,53% (pelo IPCA-15), e um reajuste de 8,87% na refinaria deve representar uma alta entre 4% e 5% sobre um aumento acumulado já muito elevado. Isso só engrossa, segundo ele, a necessidade de correção de preços de vários serviços movidos a diesel.
Nessa lista de serviços, estão os transportes urbano e rodoviário, a movimentação das máquinas no campo para a produção agrícola e, especialmente, o custo do frete de carga.
O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão, disse que essa nova alta do diesel elevará o custo do frete e resultará em aumento de preços dos produtos no varejo. “Realmente, precisa ser feita alguma coisa, porque o transporte está entrando em colapso, e quem sofre é a sociedade.”
Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, concorda com Braz, da FGV. “Esse aumento do diesel pode se espalhar e pegar toda a cadeia de distribuição”, afirma. Ele ressalta que as pressões inflacionárias que estão se acumulando nos preços dos alimentos e de transportes podem provocar uma revisão da sua projeção da inflação deste ano, de 7,8% para algo chegando a 9%.
Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores, vê novas pressões à frente. Ele espera reajuste do preço da gasolina em breve, diante da defasagem da cotação do combustível no mercado interno ante o preço internacional. Isso pode puxar a inflação. Nas suas contas, a defasagem da gasolina hoje é de R$ 0,50 por litro.

Defasagem do diesel cai para 17% após aumento

O aumento de 8,9% do diesel pela Petrobras, que começa a vigorar nesta terça-feira, reduziu a defasagem em relação ao mercado internacional, que já tocava os 30%, mas continua alto na avaliação dos importadores de combustíveis, registrando média de 17%, um pouco abaixo da defasagem da gasolina (19%), segundo a associação da categoria, Abicom.
Para se equiparar ao mercado internacional, a Petrobras teria de aumentar o diesel em mais R$ 0,94 o litro e a gasolina em R$ 0,93 o litro, informa a entidade.
Após 60 dias, a Petrobras anunciou na segunda-feira, 9, aumento no preço do diesel e manteve inalterado o da gasolina. A partir desta terça (10), o preço médio de venda de diesel da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 4,51 para R$ 4,91 por litro.
Apesar do reajuste, o valor é inferior ao praticado pela Acelen, controladora da Refinaria de Mataripe (ex-Rlam), adquirida da Petrobras pelo fundo de investimento árabe Mubadala no final do ano passado. Com reajustes semanais desde que assumiu a unidade, a Acelen aumentou o diesel no último sábado para até R$ 5,63, atingindo uma média de R$ 5,39 o litro, ou 9,7% acima do preço da estatal. O reajuste reduziu a defasagem do mercado baiano em relação ao preço externo para 1%, segundo a Abicom.
Na gasolina, o preço médio da Acelen gira em torno dos R$ 4,49 o litro, enquanto o preço nas refinarias da Petrobras está abaixo de R$ 4 o litro. Nesse caso, a defasagem do preço na Bahia e no mercado internacional é de 13%, e nos demais portos que servem de referência para a Petrobras, de até 21%.
A defasagem dos preços internos em relação ao mercado internacional é um dos pontos destacados por especialistas para a falta de interesse nas refinarias da Petrobras que estão à venda desde 2019.
Das oito unidades ofertadas, apenas a Refinaria Landulpho Alves (Rlam) foi vendida, e pela metade do preço estimado pelo mercado. De acordo com o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, pelo menos mais duas refinarias devem mudar de dono ainda este ano, a Reman, do Amazonas, e a SIX, de xisto, no Paraná.
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