Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Seguro

- Publicada em 04 de Fevereiro de 2022 às 15:39

RS é um dos estados com maior área agrícola segurada no Brasil

No Rio Grande do Sul, 55% das lavouras de milho estão protegidas com Proagro ou seguro particular

No Rio Grande do Sul, 55% das lavouras de milho estão protegidas com Proagro ou seguro particular


FECOAGRO/DIVULGAÇÃO/JC
Um dos principais mecanismos para resguardar os produtores rurais de adversidades climáticas como a estiagem é a contratação de seguros. No Brasil, apenas pouco mais de 20% das lavouras possui algum tipo de seguro rural.
Um dos principais mecanismos para resguardar os produtores rurais de adversidades climáticas como a estiagem é a contratação de seguros. No Brasil, apenas pouco mais de 20% das lavouras possui algum tipo de seguro rural.
Um dos estados brasileiros mais atingidos pela seca neste verão, o Rio Grande do Sul dispõe de uma proteção maior do que a média nacional, principalmente nas culturas de soja e milho, que somam 3,035 milhões de hectares com cobertura de seguro público e privado. Essa área representa 42,7% das lavouras dos dois grãos previstas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2021/2022. Os dados são do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
“Nos Estados Unidos, a soja e o milho têm até 95% da área com seguro, e a soma de todas as culturas por volta de 80%. No Brasil, se pegarmos todas as culturas, nós passamos por pouco dos 20%, com 14 milhões de hectares. Quando a atual gestão do Mapa assumiu, a área total era de apenas 4,5 milhões. Nesse quesito, o Rio Grande do Sul está acima da média brasileira, sendo o segundo estado brasileiro que mais contrata seguro rural particular, e o primeiro que mais contrata o Proagro”, destaca Pedro Loyola, diretor do Departamento de Gestão de Riscos do ministério.
O Proagro é um programa do governo federal que garante o pagamento de financiamentos rurais de custeio agrícola quando a lavoura amparada tiver sua receita reduzida por causa de eventos climáticos ou pragas, com foco principalmente em pequenos e médios produtores, embora esteja aberto a todos. Já o seguro agrícola particular é mais abrangente, e pode ser adaptado às demandas específicas de cada produtor.
“Dentro do seguro agrícola particular existem diversas modalidades, como o seguro de custeio, o seguro de produção, o seguro de faturamento e o seguro paramétrico, que podem gerar uma cobertura muito mais ampla do que o Proagro, que apenas garante o pagamento do custeio do financiamento”, afirma o advogado Frederico Buss, sócio da HBS Advogados e especialista em questões relativas ao direito agrícola.
Segundo a Emater-RS, os efeitos da estiagem já atingiram mais de 250 mil propriedades gaúchas desde outubro de 2021. Dentro dos aproximadamente 40 mil acionamentos do Proagro em todo o Brasil até 20 de janeiro, a maior quantidade veio de produtores gaúchos, 20.719. Outros 4.375 produtores do Estado acionaram os sinistros de seguros agrícolas particulares, o segundo maior número no país, atrás apenas do Paraná.
Entre os estados que mais produzem milho no Brasil, o Rio Grande do Sul possui a maior área de plantio protegida com seguro particular ou Proagro, em um total de 55%. Já em relação à soja, pouco mais de 41% de toda a área plantada no Estado está segurada, ficando atrás apenas de São Paulo, com 52%, e Paraná, com 44%.
Segundo estudo da FecoAgro/RS, o prejuízo dos produtores gaúchos em razão da estiagem nesta safra já é estimado em valor superior a R$ 36 bilhões. A produtora rural Alice Scortegagna, de Marau, foi uma das pessoas que acionou o Proagro por causa da seca para diminuir suas perdas. Com 40 hectares de área plantada em sua propriedade, divididos entre milho e soja, Alice precisou do socorro do programa já em janeiro, em razão do impacto principalmente na produção de milho.
“O milho a gente colhe antes do que a soja, então a perda a gente também sente antes. Na produção de milho, perdemos cerca de 80% do nosso total, então foi necessário acionar o Proagro”, comenta. “O programa pode não cobrir todas as nossas perdas, mas ajuda muito. É sempre melhor ter seguro do que não ter, principalmente nesses tempos com o clima tão imprevisível”, ressalta a produtora.

Estiagens têm impactado na contratação de seguros agrícolas no Estado

Nas últimas duas décadas, eventos semelhantes a estiagem nesta safra já haviam ocorrido nas colheitas de 2004/2005, 2011/2012 e mais recentemente 2019/2020. “O que chama atenção no Rio Grande do Sul é a ocorrência de uma severa estiagem pela segunda vez nos últimos três anos. Normalmente a média era de sete ou oito anos para ter um problema mais sério, então precisamos ver se essa tendência vai crescer nos próximos anos”, comenta Pedro Loyola.
As adversidades climáticas, além de deixar prejuízos, também estão reforçando nos produtores gaúchos a importância da contratação de seguros. Segundo Marco Fortuna, diretor da Solaris Corretora de Seguros, que atua há 23 anos com seguros rurais, as constantes estiagens no verão têm refletido no crescimento da área de plantio segurada no Rio Grande do Sul.
“O Rio Grande do Sul já é o estado que mais contrata o Proagro e o segundo que mais contrata seguro particular. Esse crescimento se deu nos últimos anos, principalmente após a safra 2019/2020, que causou muitos prejuízos e deixou o produtor gaúcho mais consciente sobre os efeitos do clima nas lavouras. Com a estiagem desse verão, novamente causando muitos danos, a cobertura de seguro rural deve crescer ainda mais no ano que vem”, afirma.
Conforme Fortuna salienta, o número de novas apólices para essa safra não cresceu tanto justamente porque em 2020/2021 a colheita no Rio Grande do Sul foi de grande produtividade. Para Pedro Loyola, por essa razão, é preciso fomentar ainda mais a cultura do seguro rural no Brasil, e que os produtores compreendam a necessidade de proteger suas lavouras independentemente dos resultados da safra anterior.
“O produtor tem que trabalhar sempre com o pior cenário. Ninguém contrata um seguro para acionar, mas ocorrendo qualquer adversidade, é sempre muito melhor ter do que não ter. O produtor deve enxergar o seguro agrícola não como um custo, mas como um investimento para a sua própria proteção”, avalia.