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Economia

- Publicada em 28 de Dezembro de 2021 às 03:00

Recessão e renda menor desafiam o varejo

Ofertas e preços baixos têm orientado as escolhas dos consumidores na hora das compras

Ofertas e preços baixos têm orientado as escolhas dos consumidores na hora das compras


ANDRESSA PUFAL/JC
Adriana Lampert
Ainda que o avanço da vacinação contra a Covid-19 e a solução que se aponta para os gargalos na oferta de insumos ocorridos em 2021 sejam um alento para os setores, é preciso ter cautela. Para o ano de 2022, haverá desafios a serem enfrentados, por conta da recessão "técnica" da economia (com dois trimestres seguidos de PIB negativo) e da queda da renda das famílias brasileiras.

Ainda que o avanço da vacinação contra a Covid-19 e a solução que se aponta para os gargalos na oferta de insumos ocorridos em 2021 sejam um alento para os setores, é preciso ter cautela. Para o ano de 2022, haverá desafios a serem enfrentados, por conta da recessão "técnica" da economia (com dois trimestres seguidos de PIB negativo) e da queda da renda das famílias brasileiras.

Com a inflação acima dos 10% no acumulado de 12 meses e o aumento da informalidade do emprego, as pessoas já têm comprado menos, e, quando compram, levam basicamente o essencial. Esse cenário não deve ser muito diferente no primeiro semestre do ano que vem. "Hoje em dia, não existe mais supermercado da preferência dos consumidores, a escolha será sempre pelo que tiver mais ofertas, preço baixo e promoções", afirma o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antonio Cesa Longo.

"Não existe mais fidelidade a empresas, nem marcas. As migrações (em busca de preços mais acessíveis) já aconteceram (em um primeiro movimento de mudança de comportamento no consumo), agora a tendência é de cada vez mais redução de produtos na cesta de compras", destaca o dirigente. Longo ressalta que, por conta da crise que bateu à porta das famílias brasileiras, a entidade não aposta em grandes investimentos do setor no próximo ano. "Acreditamos em uma diminuição de inauguração de lojas e a consolidação das que forma inauguradas em 2021", resume.

O presidente da Agas observa que as notícias de restrição técnica e aumento de juros devem provocar um desaquecimento ainda maior que o do último ano. "E o consumidor já está se preparando para enfrentar mais este período de crise. Para isso, troca o feijão pela lentilha, começa a comer arroz sem feijão acompanhando; troca o presunto pela mortadela, e por aí vai." Apesar desta perspectiva, Longo avalia que, em contrapartida, deverá haver uma estabilidade de preços nos próximos meses. "O aumento dos insumos já aconteceu, não acredito em aumento de preço, mas sim, na diminuição de renda por conta do aumento da arrecadação de impostos, que tem crescido, e isso assusta." Para o dirigente, é visível que "os tributos do governo estão sendo retirados do consumo das famílias."

Em um cenário de inflação e juros altos, também há uma barreira para a retomada de emprego, considera o presidente da Associação Gaúcha para o Desenvolvimento do Varejo (AGV), Sérgio Galbinski. "Além disso, os novos postos de trabalho têm tido uma média salarial menor que os de antes da pandemia de Covid-19, o que acaba gerando queda de renda também para quem está ocupando vagas (novas) no mercado", considera o dirigente.

Na análise de Galbinski, outra situação que contribui para o consumo no comércio e nos serviços em geral patinar no decorrer do ano que vem é o pleito eleitoral. O dirigente compara ano eleitoral aos períodos de Copa do Mundo e de Olimpíadas, quando a atenção das pessoas se dispersa. "Tudo indica que os consumidores ficarão mais voltados para a questão política que estará em foco. Em geral, por conta disso, as pessoas ficam exaltadas, e passam até por estresses familiares - tudo isso tira a atenção do consumo."

Ainda assim, o presidente da AGV acredita que, apesar dos desafios, o mercado pode voltar "a um patamar melhor" e um entrar em contexto de "novo normal". No entanto, ele adverte que "com certeza" as formas das pessoas consumirem (onde e como), as quantidades e o quê (mix de produtos) irão mudar. "Muitas pessoas vão estar mais pautadas em cuidar da saúde e mais voltadas para a cultura", vislumbra o dirigente. Para ele, algumas lojas deverão repensar a rede física e aumentar as vendas on-line.

No setor atacadista, a previsão é otimista, de crescimento acima de 10%. "A economia está sob controle, equacionada dentro das novas configurações do cenário mundial", avalia o presidente do Sindiatacadistas, Zildo De Marchi. "Naturalmente que houve quem tenha ficado prejudicado neste novo sistema operacional, mas as pessoas não irão deixar de consumir", continua. O dirigente explica que o atacado funciona "normalmente" no comércio nacional e internacional, apenas sofrendo mudanças operacionais e estratégicas. "O abastecimento e o atendimento ao mercado devem continuar no mesmo ritmo", finaliza.

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