O temor de que uma nova variante do coronavírus possa ser resistente a vacinas, o que exigiria medidas de contenção que vão afetar a economia, abala mercados financeiros pelo mundo ao longo da sexta-feira, provocando fuga de ativos considerados mais arriscados. Bolsas, câmbio, criptomoedas, juros futuros e preços de commodities, especialmente o petróleo, são afetados.
O Ibovespa, índice de referência para a Bolsa de Valores brasileira, caiu 3,39%, a 102.224. Assim, o índice fechou a semana com perda de 0,79% e põe o recuo acumulado do mês a 1,23%, estendendo a série negativa iniciada em julho com apenas a segunda e terça-feira faltando para o encerramento de novembro.
O dólar à vista encerrou cotado a R$ 5,5958, em alta de 0,55%. Na máxima do dia, a divisa chegou a saltar a R$ 5,6629 (1,76%). Apesar do soluço na sexta-feira, a moeda americana terminou a semana em baixa de 0,23% e acumula perda de 0,89% em novembro, após ter subido 3,67% em outubro e 5,30% em setembro.
As commodities mais importantes para o mercado brasileiro também sofreram o impacto, com destaque para a forte queda do petróleo. O barril do Brent afundou 11,55%, a US$ 72,72 (R$ 406,20), a menor cotação desde 9 de setembro (US$ 71,45). Os contratos futuros de minério de ferro para janeiro de 2022 desabaram 4,87%.
Nos Estados Unidos, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram 2,53%, 2,27% e 2,23%, respectivamente.
O Brasil seria especialmente prejudicado por novas medidas de restrição de circulação para conter uma nova onda da Covid-19, segundo Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. "Uma nova paralisação reduziria drasticamente a perspectiva de crescimento para os próximos anos, que já não é grande coisa", diz.
João Leal, economista da Rio Bravo, destaca que o Brasil desenvolveu ao longo da pandemia mecanismos para "evitar uma retração econômica mais intensa" e que essas medidas ainda existem. O governo precisaria, porém, gastar mais em um momento em que o risco de desequilíbrio fiscal já vem derrubando os investimentos nas empresas do país. "Haveria nova necessidade de estímulos fiscais e monetários", diz Leal.
Os juros futuros recuaram no Brasil e nos EUA devido à expectativa de que uma nova onda de contaminações atrase a retomada econômica, o que desaceleraria a inflação e faria as autoridades monetárias dos países reavaliarem suas perspectivas de elevação das suas taxas básicas.