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Petróleo

- Publicada em 25 de Outubro de 2021 às 18:33

Instabilidade quanto à precificação dos combustíveis dificulta privatização da Refap

Alienação de complexo gaúcho foi discutida com o Grupo Ultra, mas tratativas não avançaram

Alienação de complexo gaúcho foi discutida com o Grupo Ultra, mas tratativas não avançaram


MARCO QUINTANA/arquivo/JC
A indefinição sobre a questão do preço dos combustíveis no Brasil e de qual política será adotada quanto a esse assunto (se o acompanhamento dos custos do mercado ou uma intervenção do governo) afeta, além da economia em geral, um tema específico que interessa ao Rio Grande do Sul. Para o processo de privatização da refinaria Alberto Pasqualini (Refap), que a Petrobras afirma que será retomado mesmo após o insucesso da negociação com a Ultrapar (Grupo Ultra), essa incerteza entorno dos valores da gasolina e do diesel também complica a alienação do complexo em Canoas.
A indefinição sobre a questão do preço dos combustíveis no Brasil e de qual política será adotada quanto a esse assunto (se o acompanhamento dos custos do mercado ou uma intervenção do governo) afeta, além da economia em geral, um tema específico que interessa ao Rio Grande do Sul. Para o processo de privatização da refinaria Alberto Pasqualini (Refap), que a Petrobras afirma que será retomado mesmo após o insucesso da negociação com a Ultrapar (Grupo Ultra), essa incerteza entorno dos valores da gasolina e do diesel também complica a alienação do complexo em Canoas.
Nesta segunda-feira (25), a Petrobras anunciou um novo ajuste para a gasolina, R$ 0,21 por litro, e para o diesel, de R$ 0,28 por litro. Porém, analistas apontam que ainda há uma defasagem do preço dos combustíveis no País em relação ao praticado no mercado internacional.
O diretor da MaxiQuim Assessoria de Mercado, João Luiz Zuñeda, argumenta que toda a alta de combustível, sobretudo no Brasil onde o dólar está valorizado em relação ao real, acaba pesando fortemente na sociedade. Esse ambiente aumenta a pressão em cima da precificação do diesel e da gasolina. “Isso gera um clima de incerteza”, frisa o consultor.
Conforme Zuñeda, outro temor do mercado é relativo a qual a estratégia que será adotada quanto à paridade dos custos dos combustíveis praticados no Brasil em relação ao exterior. Se esses tópicos tornam mais complexo o processo de desestatização da Refap com qualquer empreendedor futuramente, o analista acredita que a privatização da refinaria gaúcha não foi consolidada com a Ultrapar anteriormente devido a discordâncias quanto ao valor proposto (que foi mantido em sigilo). Essa diferença de entendimento, supõe o diretor da MaxiQuim, pode ter se intensificado quando o general da reserva Joaquim Silva e Luna foi eleito, em abril, como presidente da estatal, assumindo no lugar de Roberto Castello Branco (uma indicação do ministro Paulo Guedes).
“Parece que no caso da Refap foi muito mais a Petrobras não querer vender do que o Ultra não querer comprar”, aponta Zuñeda. Na ocasião, a Petrobras, em nota divulgada em 1º de outubro, afirmou que “apesar dos esforços envidados por ambas as empresas nesse processo, certas condições críticas não tiveram êxito para um acordo, optando-se pelo encerramento das negociações em curso”. Agora, procurada pela reportagem do Jornal do Comércio, a companhia reiterou que está “em trâmites internos para realização de novo processo competitivo para a refinaria Alberto Pasqualini”.
Apesar da intenção da empresa em retomar a oferta do ativo, o diretor da MaxiQuim destaca que, quanto mais a questão da privatização se estender para dentro do próximo ano, que é de eleições, mais difícil será concretizar a desestatização. O diretor da consultoria ES-Petro, Edson Silva, complementa que as privatizações de refinarias da Petrobras esbarram em uma enorme dificuldade que é a falta de credibilidade que a política de preços da estatal está transmitindo ao investidor.
Para o consultor, a diretoria da Petrobras não se sentiu totalmente à vontade, até por pressão do governo, para levar à última instância a política da paridade do preço do mercado brasileiro de combustíveis com o internacional. O panorama, considera Silva, é de instabilidade muito grande entre os investidores, que não têm demonstrado muito interesse pela venda de ativos dessa natureza por parte da Petrobras. Ele recorda que os processos de privatização das refinarias Abreu e Lima, em Pernambuco, e Getúlio Vargas, no Paraná, também não conseguiram ir adiante.

Perspectiva é de manutenção do custo do petróleo em alta

Os próximos meses prometem trazer mais dor de cabeça (ou no bolso) para os consumidores e mais pressão no setor de combustíveis. O diretor da consultoria ES-Petro, Edson Silva, salienta que, com a retomada da economia global, devido ao melhor controle da pandemia de coronavírus, e a chegada do inverno no hemisfério Norte, o consumo e o valor dos derivados fósseis devem se elevar.
Ele aponta que a tendência é de o preço do petróleo continuar subindo e a diferença entre o dólar e o real deve aumentar também, dada a instabilidade institucional do País. “Então, o cenário é o mais difícil possível para vender refinarias. Se for vendida, possivelmente vai ser a um preço abaixo do real valor do empreendimento”, conclui o consultor.