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Energia

- Publicada em 22 de Outubro de 2021 às 14:21

Compass vence leilão da Sulgás e pagará R$ 927,8 milhões pela estatal

Repasse da companhia para o novo controlador só acontece em 2022

Repasse da companhia para o novo controlador só acontece em 2022


MAURO SCHAEFER/ARQUIVO/JC
A empresa Compass, do Grupo Cosan, foi a vencedora do leilão de privatização da Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás) realizado na tarde desta sexta-feira (22), na bolsa de valores (B3), em São Paulo. Para assumir os 51% das ações que o governo gaúcho detém na distribuidora de gás natural (os outros 49% são da Gaspetro), o novo controlador apresentou a proposta de R$ 927,8 milhões, o lance mínimo do começo do certame.
A empresa Compass, do Grupo Cosan, foi a vencedora do leilão de privatização da Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás) realizado na tarde desta sexta-feira (22), na bolsa de valores (B3), em São Paulo. Para assumir os 51% das ações que o governo gaúcho detém na distribuidora de gás natural (os outros 49% são da Gaspetro), o novo controlador apresentou a proposta de R$ 927,8 milhões, o lance mínimo do começo do certame.
Não houve outros interessados em apresentar ofertas pela empresa. Recentemente, a Compass também adquiriu, por R$ 2,03 bilhões, os 51% de participação que a Petrobras possuía na Gaspetro. De acordo com o edital do leilão da distribuidora gaúcha, o repasse da estatal para o novo controlador só acontecerá no próximo ano. A expectativa é que a homologação do resultado do certame ocorra em 18 de janeiro de 2022 e a assinatura do contrato de compra e venda das ações, em 11 de março.
Ainda segundo o documento, caberá ao comprador da companhia o ressarcimento de todos os custos incorridos pelo BNDES para a estruturação da desestatização da concessionária, até o limite de R$ 4,32 milhões. No edital, o governo cita entre as justificativas da privatização a meta de “fortalecer a cadeia de valor do gás natural no Estado em linha com as melhores práticas vigentes e dinâmica atual do mercado, fomentando a expansão da malha de distribuição de gás canalizado da Sulgás, melhorando, assim, as condições de acesso ao gás natural em termos de oferta de volume e tarifa”.
O coordenador do Grupo Temático de Energia e Telecomunicações da Fiergs, Edilson Deitos, acrescenta que a perspectiva com a distribuidora sob a direção de um grupo privado é que seja intensificada a busca de novas opções para o abastecimento de gás natural no Rio Grande do Sul, além do gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). Atualmente, a estrutura tem potencial para alcançar até 2,8 milhões de metros cúbicos do combustível ao dia para alimentar o Estado, mas se encontra com a sua oferta praticamente toda contratada.
“Outra coisa que a gente espera é a prospecção de novas regiões (para o fornecimento de gás natural)”, adianta Deitos. O dirigente destaca ainda que os dividendos gerados pela distribuidora como estatal são pequenos frente ao potencial que se abre para o mercado de gás natural se a empresa tiver mais celeridade nos seus investimentos.
A capacidade insuficiente de aportes por parte do governo gaúcho, conforme o integrante da Fiergs, acabou barrando o crescimento da concessionária. Criada em 1993, a Sulgás apresentou no ano passado um lucro líquido de R$ 79,4 milhões, receita líquida de R$ 827,4 milhões e fechou dezembro com patrimônio líquido de R$ 190,1 milhões. O investimento realizado pela distribuidora em 2020 foi de cerca de R$ 41,5 milhões.
Para Deitos, a retomada da discussão sobre o projeto de instalação de um terminal de gás natural liquefeito (GNL) em Rio Grande, liderado pela espanhola Cobra, também aumenta a importância do fortalecimento da Sulgás para ampliar a distribuição regional do combustível. Já o diretor da MaxiQuim Assessoria de Mercado, João Luiz Zuñeda, comenta que o Brasil adotou duas mudanças legislativas recentemente que implicarão reflexos nesta e na próxima década, que sãos as regras do saneamento e do gás.
“Boa parte dos investimentos que serão feitos no País terão relação com essas duas leis”, projeta o consultor. Dentro dessa lógica, Zuñeda argumenta que são notórias as “amarras” do Estado para fazer desembolsos. Para o analista, o mercado já está maduro para entrar em uma nova era de aportes privados no setor de gás natural.
“A Sulgás teve um papel relevante, foi o nascedouro de importantes investimentos na distribuição de gás, mas está na hora da iniciativa privada aumentar a participação do gás na matriz energética gaúcha, então acho positiva (a privatização)”, considera o analista. Zuñeda adianta que a tendência é que o novo controlador comece a gestão conhecendo a empresa, avaliando seus potenciais estratégicos e, logo depois, deverá iniciar as tratativas para tentar aumentar a oferta de gás natural no Rio Grande do Sul e elevar o volume de gás distribuído.
Números da Sulgás (base setembro de 2021):
Rede de Distribuição - 1.335,1 quilômetros
Municípios atendidos - 42
Funcionários - 128
Distribuição média de gás natural ao dia - 2 milhões de metros cúbicos
Clientes Consumindo - 68.116
  • 66.322 residências
  • 1.483 estabelecimentos comerciais
  • 171 indústrias
  • 101 postos de GNV
  • 36 geração ponta/climatização/cogeração
  • 2 cogeração (dentro do Programa Prioritário de Termelétricas)
  • 1 térmica
Fonte: Sulgás
Perfil da Compass:
A Compass Gás & Energia, empresa do Grupo Cosan, atua e investe em quatro segmentos de negócios no setor de gás (infraestrutura, distribuição, geração e comercialização), se estabelecendo como uma plataforma complementar de atividades para explorar as oportunidades da área de gás natural e energia no Brasil.
A operação Compass está focada em: distribuição de gás natural, por meio da Comgás (SP), a maior companhia de gás encanado do País em termos de volume, e na infraestrutura e originação de gás, acessando a oferta de gás do pré-sal e importando GNL (gás natural liquefeito). Além disso, atua com a comercialização de gás e a geração térmica a gás e trading de energia elétrica, transformando gás em eletricidade.
Somente a paulista Comgás, tem mais de 2 milhões de clientes em sua área de concessão e é responsável por 30% de todo o gás distribuído no Brasil. Em julho deste ano, a Compass também adquiriu, por R$ 2,03 bilhões, os 51% de participação que a Petrobras detinha na Gaspetro (a outra acionista da Sulgás, além do governo do Estado).
Composição acionária da Compass:
  • Cosan – 91,1%
  • Bloco Atmos – 4,5%
  • Bradesco Vida e Previdência – 4,5%
Fonte: Compass Gás & Energia

Projeção é de aumento da oferta de gás natural no Rio Grande do Sul

Apesar do Estado verificar hoje uma limitação do abastecimento de gás natural, sendo dependente do Gasbol, o CEO da Compass Gás & Energia, Nelson Gomes, reforça que o setor de gás no País está passando por um momento de transformação, com a perspectiva de crescimento da produção e da demanda pelo combustível. “Esperamos que com a abertura do mercado do gás natural no Brasil, novas ofertas passem a existir em todo o território nacional, inclusive no Rio Grande do Sul, e vamos lutar para ter diversidade de oferta chegando ao Estado”, comenta o executivo.
Gomes comenta ainda que a intenção é investir na Sulgás, mas diz que é cedo para dimensionar o volume desses aportes. Ele cita que em São Paulo, através da Comgás, o grupo constrói cerca de 1 mil quilômetros de rede de distribuição a cada ano.
Sobre o fato de não haver concorrentes no leilão da Sulgás, o diretor de Concessões e Privatizações do BNDES, Fábio Abrahão, argumenta que os segmentos da área de infraestrutura encontram-se em estágios de maturidade distintos. Para o dirigente, o setor de gás está um pouco atrás de outros campos, como o de rodovias e saneamento. “Acreditamos fortemente que, dentro de dois a três anos, veremos no gás o que vemos hoje no saneamento, por exemplo”, aposta.
Já o governador Eduardo Leite salienta que o importante foi que o certame atendeu ao preço estabelecido para a venda. “É um grupo forte (Compass), que traz segurança dos investimentos que serão feitos”, afirma Leite. O governador comentou também que a outorga definida na quinta-feira (21) pelo governo federal pelas usinas da CEEE-G, no valor de R$ 1,66 bilhão, era um dos passos que faltava para ir adiante com o processo de privatização dessa estatal, cujo edital deve sair até o final do ano e certame em 2022.